Cliff Williams - Foto: DivulgaçãoO AC/DC caminha a passos largos rumo a um melancólico fim. O baixista da banda australiana, Cliff Williams, anunciou que se aposentará ao término da turnê Rock or Bust.

Poderíamos esperar que essa informação tivesse como fonte algum ilustre jornalista especializado, mas a revelação foi feita em entrevista concedida pelo músico à Gulfshore Life, uma revista norte-americana de circulação local sobre estilo de vida e que acaba de ganhar seus 15 minutos de fama internacional.

O discreto Cliff Williams concedeu a entrevista na condição de morador ilustre de Fort Myers, na Flórida, e acabou proporcionando esse inesperado furo à revista, algo inusitado como um jornal de bairro anunciar a volta dos Mutantes com Rita Lee ou algo que o valha.

O AC/DC não havia se pronunciado oficialmente sobre o assunto até a publicação deste texto.

Cliff Williams ingressou no AC/DC em 1977, durante a turnê de “Let There Be Rock”. Seu primeiro álbum de estúdio com a banda foi “Powerage”, de 1978. Tornou-se conhecido por linhas de baixo simples e eficientíssimas para que as guitarras de Angus e Malcolm Young brilhassem.

Nesses quase 40 anos, a partir de “Powerage”, Williams esteve presente em todos os discos seguintes da lendária banda australiana, que nos anos 1980 alcançou a consagração mundial. Nos palcos, Williams ausentou-se do AC/DC apenas durante alguns meses, em 1991, para tratar de um problema renal.

Os álbuns de estúdio tornaram-se mais escassos depois da entrada do século 21, mas nem por isso deixando a dever aos trabalhos de seus anos de glória.

Os acontecimentos dos últimos anos foram decisivos para a decisão do baixista. Tudo começou com a saída de Malcolm Young por motivos de saúde. Depois, o baterista Phil Rudd foi parar em prisão domiciliar depois de ser condenado por ameaça de morte na Nova Zelândia. No início deste ano, a abrupta saída de Brian Johnson seguida de sua substituição provisória por Axl Rose provou ser a gota d’água. “É muito triste. Sinto que [me aposentar] é a coisa certa a ser feita”, afirmou Williams.

Há quem diga que a doença de Malcolm condenou o AC/DC, uma vez que seria ele o integrante capaz de controlar os egos, principalmente o do irmão Angus, e manter a banda ativa e produtiva. Outros dizem que a implacabilidade do tempo faz com que o fim se torne inevitável para tudo e todos – exceções abertas aos Rolling Stones e a Fidel Castro, para confirmar a regra.

O fato é que, enquanto o AC/DC definha de baixa em baixa, Angus Young reina sozinho no magnífico castelo que ajudou a erguer.