Os brasileiros foram surpreendidos neste dia 6 de março com a morte do vocalista do grupo Charlie Brown Jr. Alexandre Magno Abrão, mais conhecido como “Chorão”, tinha 42 anos. O corpo do líder da banda nacional foi encontrado em um apartamento de Pinheiros, em São Paulo, onde ele costumava receber amigos e realizar festas. Em um tempo no qual o rock brasileiro só tem espaço na grande mídia com bandas antigas ou com grupinhos de adolescentes emos e coloridos que evergonham o estilo, a notícia representa mais um desfalque importante, já que Chorão era um dos expoentes do que sobrou de tolerável em terras tupiniquins.
As circunstâncias da morte do vocalista estão sob investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). De acordo com o delegado Itagiba Franco, da Polícia Divisionária do Departamento de Homicídios, os paramédicos que estiveram presentes no local encontraram Chorão sem vida e sozinho em casa, de bruços no chão da cozinha, com uma das mãos machucada. Fotos e relatos dão conta que o apartamento estava revirado, sujo e com vestígios de sangue.
Conforme um boletim de ocorrência apresentado pela TV Globo, bebidas e uma “pequena quantidade de substância branca que aparenta ser cocaína” também foram encontradas no local. O delegado preferiu, no entanto, ter em mãos uma análise mais criteriosa antes de concluir que a causa da morte seria o uso de droga. Importante destacar que, segundo relatos, Chorão estava passando por um período difícil, após uma separação conjugal.
Bastante polêmico e com envolvimento em algumas brigas famosas com outros músicos, Chorão não era exatamente uma “flor de pessoa”. Seu estilo inquieto foi, no entanto, o combustível que levou o Charlie Brown Jr. para o topo das paradas nos anos 90. Você pode gostar ou não dele ou da banda, mas não pode dizer que ali não havia uma postura rock n’ roll.
Criativo, Chorão fez várias letras que retratavam boa parte da vida de um contigente de adolescentes. A própria pegada sonora do Charlie Brown Jr. que trazia não somente o rock, mas o ska, o reggae e o rapcore, chamou demais a atenção da crítica e do público logo no primeiro álbum, “Transpiração Contínua Prolongada”, de 1997.
Depois de 11 discos gravados, dois deles ao vivo, resta agora saber se os integrantes que sobraram terão condições de levar a banda adiante, algo que, no momento, parece ser muito difícil, já que Chorão era o grande líder e verdadeiro trator que superava os diversos obstáculos enfrentados pelo grupo.
Nós, do Roque Reverso, não somos grandes fãs do Charlie Brown Jr. e repudiamos várias atitudes de Chorão ao longo de sua carreira. Hoje, no entanto, não é momento de ficar botando dedo na ferida de quem não está aqui mais para se defender.
O mínimo que podemos fazer neste dia triste para uma legião de jovens brasileiros é resgatar momentos legais da banda em videoclipes, uma outra grande marca criativa de Chorão. Para começar, fique com o primeiro hit do grupo “O Coro vai Comê!”, do disco de estreia. Depois, fique com o clipe de “Rubão”, do disco “Nadando com os Tubarões”, de 2000.