Por Caio de Mello Martins*
Falar de “Psalm 69” como um álbum de metal industrial é desprezar o impacto que ele provoca no sistema nervoso.
Essa massa sonora abominosa conjura excertos de filmes de guerra, terror e ficção científica, infundidos da agonia, pânico e horror que do grito de suas vítimas saltam direto para o cangote do incauto ouvinte; ecos de comerciais de TV que se implantam insidiosamente em nossos inconscientes; transmissões de notícias tendo à frente autoridades que, com sua canastrice, asseguram o moto-perpétuo infame da pantomima geopolítica, em subserviência a interesses corporativos e sectários; samplers das sirenes que em vão chamam nossa anestesiada atenção para a barbárie e a histeria que atravessam nossa patética experiência de anomia e medo nos formigueiros urbanos; samplers das explosões que evidenciam o poder do homem de aniquilar torpemente seu semelhante e friamente – num estalar de dedos – sua espécie inteira.