Este é um texto sobre rock, e consequentemente sobre atitude. Também fala de futebol, mas talvez o nosso esporte bretão seja a questão menos importante – ou menos interessante – quando se fala no FC St. Pauli, da cidade alemã de Hamburgo. É um timeco que nunca ganhou nada que valha, mas acabou virando meu time por adoção.
Quem me conhece sabe que não gosto dessa história de segundo time, um dos pilares da propalada ilusão de que a torcida do Flamengo é maior que a do Corinthians. Além disso, meu corintianismo extremo poderia me fazer rejeitar sem pensar duas vezes o homônimo alemão do São Paulo.
O que me fez gostar desse clube de proezas futebolísticas quase nulas e apresentado a mim no ano passado pelo companheiro de bancada Renato Martins é o fato de o FC St. Pauli ser, sem a menor a sombra de dúvidas, o time mais roquenrow do planeta.
A sede do FC St. Pauli, no bairro de mesmo nome, situa-se nas docas de Hamburgo e fica perto do badalado Reeperbahn, onde pegam fogo a agitada vida noturna e os puteiros da cidade portuária. Jogadores e torcedores são identificados como “os piratas”.
O FC St. Pauli é o perfeito representante dos operários, dos estivadores, dos bêbados, das putas, dos homossexuais, dos adúlteros, dos bastardos e de qualquer grupo ou indivíduo excluído social ou moralmente pela gente careta e covarde que insiste em contaminar a superfície da Terra.
Anti-racista, antifascista, anti-sexista, é o time da tolerância, da atitude. E isso leva, esporadicamente, a confrontos com neonazistas e barrabravas em geral quando o time vai jogar fora de casa.
A fama do FC St. Pauli, fundado em 1910, ficou durante décadas restrita à Alemanha, já que o time nunca ganhou nada que prestasse. Na década de 1980, a fama do FC St. Pauli extrapolou as quatro linhas e ele ganhou status de time cult. Em 2010, depois de oito anos de ausência, o clube retornou à Bundesliga, primeira divisão do campeonato alemão. Se não chama a atenção pelo bom futebol, atrai os holofotes pela “excentricidade”.
Não bastasse tudo isso, toda vez que os Piratas entram em campo para defender as cores do St. Pauli os alto-falantes do estádio Millerntor reverberam o dobrar dos sinos do inferno e os primeiros acordes de “Hells Bells”, do AC/DC. E a cada gol do time em casa, os alto-falantes ecoam “Song 2”, do Blur.
P.S.: Tem gente que fala St. Pauli com a tônica no “i”, meio afrancesado. Outro dia, porém, numa rara transmissão de um jogo dos Piratas na ESPN, o comentarista Gerd Wenzel, que já falava alemão provavelmente antes de o alemão existir, pronunciava “Sanpáuli”, com a tônica no “a”. Se o Gerd Wenzel diz desse jeito, muito provavelmente está certo.
Agora, divirta-se com os vídeos roqueiros do FC St. Pauli. O primeiro mostra a entrada do time em campo ao som do AC/DC; o segundo traz o momento seguinte a um gol com a música do Blur; e o terceiro mostra a festa que a torcida da equipe fez, nas ruas, nas arquibancadas e no gramado, quando voltou à Primeira Divisão do Campeonato Alemão, depois de uma vitória contra o Greuther Fürth, na casa do adversário, por 4 a 1.
Nunca gostei muito dos times da Alemanha, ao contrário dos times da Itália, por exemplo. Mas não tem como não virar fã deste clube!!!
Sensacional!!!
Animal!
Depois do Palmeiras e da Internazionale vem agora o St. Pauli na minha preferência
realmente nao tem como nao reservar um lugar no coraçao para esse time …ainda mais com rock…apimentando…..
Realmente,que história fantástica é a desse time!
Um dia,eu ainda quero assistir uma partida do FC St. Pauli ao vivo,e na sua cidade natal…de preferência. Deve ser o máximo ver o homônimo do meu time do coração jogando!!!