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No Monsters of Rock que lotou o Allianz Parque, KISS dá espetáculo, Scorpions faz show coeso e Deep Purple dá aula

Mais uma festa do rock and roll foi vista em São Paulo no sábado, 22 de abril, quando o festival Monsters of Rock lotou o Allianz Parque e foi marcado por bons shows. No evento que trouxe sete atrações internacionais à capital paulista, os destaques foram o headliner KISS, com seu tradicional espetáculo, o Scorpions, com um show coeso e marcado pela qualidade de efeitos e o som impecável, e o lendário Deep Purple, que manteve a tradição de dar aulas de boa música.

Completaram o line-up, o Helloween, que trouxe, apesar do show curto, heavy metal em seu estado puro, o Candlemass, com um som denso e marcante, além da banda Symphony X e a cantora Doro, que abriu os trabalhos no fim da manhã com bastante energia, enquanto a maior parte do público que lotou o Allianz Parque ainda não havia chegado.

Entre a manhã e a noite do sábado, quem esteve na arena do Palmeiras vivenciou um dia repleto de rock and roll, com um público num astral altamente positivo.

O clima também ajudou, já que não choveu e o frio, que havia gerado temperaturas em torno dos 15 graus Celsius durante a semana, deu uma pausa ao longo do dia, dando as caras apenas no período da noite, mas em um nível mais ameno.

Com toda a estrutura moderna que o Allianz Parque possui, ficou fácil para a maioria do público se divertir e curtir as apresentações, mesmo com a quantidade grande de pessoas presentes, numa arena cuja capacidade oficial para grandes shows é de algo entre 50 mil a 55 mil de público.

Para quem foi ao festival, era difícil ver espaços vazios. Para quem viu vídeos e fotos aéreas, o verdadeiro “mar de gente” podia ser constatado no grande evento de rock and roll.

KISS traz espetáculo encantador de sempre

Pela terceira vez como headliner de um Monsters of Rock, o KISS não decepcionou o público e trouxe seu espetáculo encantador de sempre. Com hits que embalaram uma carreira de 50 anos, a banda apresentou um set list bastante semelhante ao que foi visto no mesmo Allianz Parque em 2022, quando o grupo fez o primeiro grande show de rock na capital paulista após o período crônico da pandemia de covid-19.

A diferença entre um show e outro ficou na troca da faixa “Tears Are Falling” por “Makin’ Love”. No restante do repertório, a estrutura e performance do KISS em 2023 foram bem parecidas com a do ano passado.

Alguns dos destaques do show foram a abertura tradicional e com show de efeitos em “Detroit Rock City”, com a banda descendo do teto em plataformas em meio a explosões e pirotecnia espalhadas por todo o palco; “I Love It Loud”, com o refrão marcante de uma das músicas de maior sucesso do grupo no Brasil; “Lick It Up”, com o público, pelo segundo ano consecutivo, cantando o refrão de tal maneira que os ecos se espalharam por todo o Allianz Parque; “Love Gun”, com Paul Stanley “voando” sobre o público por meio de uma tirolesa que saia do palco e seguia até a mesa de som na divisão das Pistas Vip e Comum; e o épico encerramento com “Rock and Roll All Nite”, com direito a chuva gigantesca de papel picado por todo o estádio.

Em vibração do público, o show de 2023 no Monsters foi ligeiramente menos intenso que o de 2022. Muito dessa diferença tem ligação com o cansaço de boa parte do público, que chegou ao Allianz Parque antes do meio-dia.

Por mais que não houvesse calor forte ou chuva, o público esteve mais contemplativo do que festeiro e agitado. Em 2022, ainda havia o componente do fim do pior período da pandemia e o retorno dos shows, o que havia transformado o estádio numa festa não vista há muito tempo em São Paulo.

Mas isso não quer dizer que o show de 2023 no Monsters tenha sido ruim ou fraco, muito pelo contrário. Bastava circular pelo Allianz Parque na saída do evento para ver o rosto de felicidade do público logo após o show do KISS para constatar que a festa do rock, proporcionada pelo grupo norte-americano, havia sido realizada.

Scorpions coeso, com show de efeitos e som impecável

Tente procurar na memória algum show ruim do Scorpions no Brasil e dificilmente virá algo em mente. Sempre empenhado para trazer uma boa experiência aos fãs, o grupo alemão trouxe uma apresentação coesa no Monsters of Rock, com show de efeitos e som impecável no Allianz Parque.

Talvez, ao lado do observado na apresentação do Helloween, o som do show do Scorpions tenha sido o melhor do dia, sempre levando em conta que a reportagem acompanhou o evento da Pista Vip – dependendo do local dos shows, muitas vezes, a percepção não é a mesma, mas não foram vistas maiores reclamações sobre o som no Allianz Parque no Monsters.

Da mesma maneira que os demais grupos, a apresentação do Scorpions fez maior sucesso quando a banda executou os grandes hits da carreira. Mas, no Allianz Parque, a banda optou por um set list que trouxe algumas faixas do disco mais recente “Rock Believer”, de 2022, o que não empolgou tanto quem não era fã de carteirinha do grupo.

Apesar do show no Monsters trazer mais músicas que a apresentação do Rockfest no mesmo Allianz Parque, a performance de 2023 não superou a de 2019 na mesma arena, justamente por causa da escolha das músicas. Se, no Rockfest, o grupo trouxe canções mais agitadas desde o começo, no Monsters, a empolgação do público com o show veio mais para a metade, a partir de “Bad Boys Running Wild”.

A partir dali, grandes momentos vieram em sequência, como na bela “Send Me an Angel”, quando o público cantou o refrão numa única voz, ou na sempre necessária “Wind of Change”, que, se nos Anos 1990, ficou marcada pelos “ventos da mudança” na Europa com a queda do Muro de Berlim e a reunificação alemã, agora, mereceu até modificação na letra, com referência à guerra na Ucrânia.

Na sequência, com faixas clássicas que sempre estão presentes, como “Tease Me Please Me”, “Blackout” e “Big City Nights” e, já no bis, com “Still Loving You” e “Rock You Like a Hurricane”, o Scorpions manteve a conduta impecável de sempre, inovando em alguns efeitos no telão em relação ao Rockfest e trazendo novamente a energia do baterista Mikkey Dee no solo impactante de sempre.

Mesmo com um show ligeiramente inferior, em impacto, ao do Rockfest, a apresentação da banda no Monsters foi a melhor do evento de 2023. quando o assunto é técnica e execução musical, surpreendendo muitos fãs de outras bandas que esperavam um grupo focado em baladas.

A aula do lendário Deep Purple

Seis anos longe de São Paulo, o Deep Purple voltou para a cidade em 2023 neste Monsters of Rock. Se, no início dos Anos 2000, a presença do grupo na capital paulista era quase uma rotina anual, a partir da década de 2010, as voltas ao Brasil ficaram mais espaçadas, com a mais recente vinda ao País em 2017, no Solid Rock.

Quem já foi a um show do Deep Purple sabe o quanto o grupo costuma trazer de “aulas do rock”. Pertencente à tríade sagrada, ao lado de Black Sabbath e Led Zeppelin, que influenciou boa parte das grandes bandas pesadas das décadas seguintes, o Purple resiste ao tempo e continua apresentando, com muita dignidade, bons shows.

Foi a primeira fez do grupo em São Paulo neste século sem o grande guitarrista Steve Morse, que deixou a banda para se dedicar à saúde da esposa doente. No seu lugar, Simon McBride justificou a escolha da banda por seu nome e substituiu Morse (o que nunca é fácil) muito bem, impondo seu estilo às faixas clássicas do Deep Purple.

Enquanto McBride era a parte mais jovem do grupo, os demais integrantes esbanjavam sua experiência, traduzida em entrosamento sempre impecável. Ian Paice, com seus 74 anos, mantém a pegada na bateria como poucos, com seu fiel escudeiro Roger Glover, no baixo, aos 77 anos, completando a cozinha com maestria. No teclado, Don Airey, aos 74 anos, continua substituindo muito bem o lendário Jon Lord e mostrando o motivo de ter tocado com tantos nomes importantes do rock.

Por fim, o mestre Ian Gillan é a imagem da dignidade do Purple. Aos 77 anos e com todas a limitações que a idade pode impor a um vocalista apelidado de “silver voice” pelos agudos inacreditáveis dos Anos 1970, ele se supera e emociona os fãs pela sua tentativa de entregar o melhor.

Estamos falando de uma banda fundada em 1968, senhores! Uma lenda do rock que esteve presente em 2023 no Allianz Parque. Quem desfrutou momentos, como em “Lazy”, “Pictures of Home”, “When a Blind Man Cries” e “Space Truckin'”, já é um felizardo.

E ainda não faltou a lista de clássicos obrigatórios, como “Highway Star”, “Smoke on the Water”, “Perfect Strangers”, “Hush” e “Black Night”, além da boa escolha de “Anya”, poucas vezes tocadas nas vindas do grupo a São Paulo. Um show acima de tudo digno, mas com muita qualidade da lendária banda britânica.

Halloween traz show bom, mas curto

Um dos representante do heavy metal no Monsters, o Helloween trouxe um bom show no festival, mas ele foi curto demais, deixando o público com um imenso gosto de “quero mais”. Cada vez mais entrosados e, de maneira incrível, com uma qualidade de afinação na crescente, os vocalistas Michael Kiske, Andi Deris e Kai Hansen se revezaram nos grandes momentos da carreira trazidos aos fãs.

“Eagle Fly Free”, “Power”, “If I Could Fly” e “I Want Out” foram grandes momentos de todo o festival e justificaram a presença da banda no line-up do Monsters.

A dica para uma sempre necessária próxima vez é combinar mais tempo com os organizadores para que mais clássicos possam ser trazidos ao público.

Candlemass, Symphony X e Doro

Entre as atrações que abriram o festival, Doro, Symphony X e o Candlemass trouxeram shows que receberam diferentes avaliações do público. Enquanto a cantora alemã caiu nas graças da plateia pela energia e simpatia, o Symphony X pareceu, para alguns fãs presentes e colegas jornalistas, um peixe um pouco fora d’água em relação aos demais convidados.

O Candlemass, por sua vez, dividiu opiniões. Uma parcela do público achou seu som ao vivo com músicas parecidas e arrastadas demais, enquanto a outra parcela vibrou demais, justamente pelo som denso e pesado com pitadas e influências claras de Black Sabbath. Este jornalista faz parte da segunda corrente.

Balanço muito positivo

Presente em todos os Monsters of Rock realizados em São Paulo desde 1994, a equipe do Roque Reverso manteve a tradição de acompanhar, como fã ou jornalisticamente, o festival mais pesado e tradicional do rock no País.

Com o Allianz Parque lotado, bom shows e organização de respeito, o Monsters of Rock, em 2023, ganhou mais fôlego para novas edições, já que público para este tipo de evento existe.

A edição de 2023 mostrou, mais uma vez, que, apesar de muitos decretarem a morte do rock, o estilo sobrevive e renasce a cada evento capaz de juntar tantas pessoas num lugar só para acompanhar seu estilo musical preferido.

Uma seleção com o set list de todos os shows do Monsters of Rock pode ser conferida neste link. O Roque Reverso ainda descolou alguns vídeos de shows do grande evento no YouTube, alguns deles feitos por nós. Fique abaixo com alguns deles para ter noção de quanto foi feliz o fã que presenciou o festival.

No Monsters of Rock que lotou o Allianz Parque, KISS dá espetáculo, Scorpions faz show coeso e Deep Purple dá aula
Flavio Leonel/Roque Reverso


17 Respostas to “No Monsters of Rock que lotou o Allianz Parque, KISS dá espetáculo, Scorpions faz show coeso e Deep Purple dá aula”


  1. 1 Alexandre
    24 de abril de 2023 às 10:54

    A avaliação do Symphony x seria diferente se tivesse a mesma estrutura de som e tempo da outras bandas. Os caras do incríveis!

  2. 3 REINALDO JOSE BERTOLOTTO
    24 de abril de 2023 às 20:54

    Deep purple é minha banda de cabeceira, mas.tenhi que ser sincero o melhor show quem fez foi o Scorpions e tenho dito

  3. 5 Luis
    24 de abril de 2023 às 21:47

    Realmente kiss foi showzao, mas para eu que fui ano passado, foi um show totalmente igual, sem nenhuma novidade ou música diferente 😦

  4. 7 Felipe Lacourt de Sá
    24 de abril de 2023 às 22:29

    Eu curti muito Symphony X, realmente pareceu um peixe fora d’água. Mas isso não foi motivo para eu curtir o Show!
    Deep Purple: Minha felicidade em vê-los pela 3° vez foi indescritível. Foi minha primeira banda, tenho um carinho gigante por eles. Comentei ao fim do Show: “é a banda que não precisa provar nada para ninguém”.
    Todos os show foram legais, Helloween foi maravilhoso (como sempre), Scorpions, foi muito bom também, mesmo não conhecendo a fundo.
    Agora o Kiss, simplesmente um sonho realizado! Não foi um show, mas um espetáculo!

  5. 9 Fatima Zambelli
    25 de abril de 2023 às 10:52

    Amei o show, do começo ao fim “the best”,só faltou pra completar o brilhantismo foi WHITESNAKE !dá próxima vez quem sabe???

    • 10 Roque Reverso
      25 de abril de 2023 às 21:40

      Olha que é candidato forte para próximo Monsters, hein!
      E Mr. Coverdale adora se apresentar em São Paulo!
      Estamos também na torcida, Fátima!
      Agradecemos seu comentário! \m/

  6. 11 Angelita
    25 de abril de 2023 às 19:33

    Fui no show do Scorpions no Hard Rock Live em SC dia 20, e como sempre eles foram fantásticos, todo mundo cantou junto, está lotado e fique de frente com o palco, preferi sair de São Paulo novamente, do que ir no Allianz, lá em SC a casa de shows e excelente e fui em dois shows deles lá, 2019 e esse agora, contudo já havia visto eles no antigo creditcar hall aqui em SP, se ele vierem novamente vou de novo, não existe banda mais perfeita tocando junto do que eles, depois do Mikke Dee então, perfeição pura.

    • 12 Roque Reverso
      25 de abril de 2023 às 21:42

      Mas a atmosfera vista no Allianz neste Monsters foi uma coisa incrível, Angelita!
      Um sentimento de união e confraternização muito interessante!
      Mikkey Dee é fera demais!!!
      Agradecemos seu comentário! \m/

  7. 13 Renan Mariano da Silva
    26 de abril de 2023 às 10:52

    Em termos de LINE – UP o Monsters dificilmente decepciona, mas por ter comparecido as últimas edições no Anhembi fiquei com a sensação de que o festival funciona melhor no Sambódromo e sem pista Premium.
    Allianz é uma ótima arena de shows, mas pra festivais como o Monsters, que duram um dia inteiro, o tipo de espaço conta muito!
    Quando era no Anhembi, pela dinâmica do espaço, tinha mais opções de comida, mais facilidade de atendimento nos bares, mais facilidade de circulação e de quebra algumas atrações menores espalhadas pelo evento, como tendas com mini palcos e artistas locais se apresentando.
    Longe de mim dizer que o festival foi ruim, pq foi ótimo, mas nada me tira o sentimento de que se fosse no sambódromo seria melhor!!
    Outro ponto é que não teve nenhuma banda Br. Nessa edição… Poderiam ter colocado alguma (sem ser sepultura ou angra)… Imagino q até o Titãs, com a reunião dos ex integrantes, caberia como representante BR.

    • 14 Roque Reverso
      26 de abril de 2023 às 13:33

      Excelente análise, Renan!
      Também não somos fãs da Pista Premium, mas achamos o Sambódromo do Anhembi um lugar péssimo, apesar de o Knotfest, no fim do ano passado, ter sido muito bom lá.
      O problema de lá são aqueles bares nas laterais da pista no Palco Principal.
      No show do Slipknot, por exemplo, completamente lotado, era impossível se locomover em vários pontos.
      Em caso de alguma confusão, fatalmente aconteceria algo sério para o público.
      Quanto às bandas brasileiras, realmente, foi algo que faltou.
      E suas dicas são ótimas!
      Agradecemos seu comentário \m/

      • 15 Cléia Prates Xavier Ventorin
        26 de abril de 2023 às 22:41

        O evento em si é incrível, só de poder assistir tantas lendas do rock já me sinto grata. Mas eu me senti mais confortável no estádio do que no Anhembi … a organização geral ficou muito melhor, Com todo o respeito com a opinião do colega…

  8. 16 Filomena
    26 de abril de 2023 às 11:12

    Foi incrível, o público estava meio paradão o que achei estranho mas tem o fator cansaço… Scorpions entregou um show magnífico e Deep purple que é minha paixão emocionou pela performance sem igual

    • 17 Roque Reverso
      26 de abril de 2023 às 13:34

      Com certeza o fator cansaço foi importante, Filomena!
      Muita gente chegando desde cedo e isso faz diferença!
      Agradecemos seu comentário! \m/


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