Por Flavio Leonel e Ricardo Gozzi
O R.E.M. anunciou hoje o fim das atividades. Em comunicado oficial divulgado em seu site, o grupo norte-americano surpreendeu o mundo do rock, poucos meses depois de lançar seu mais recente álbum “Collapse Into Now”, que marcou o fim do contrato com a gravadora Warner.
“Aos nossos fãs e amigos: Como R.E.M., e como amigos de longa data e co-conspiradores, nós decidimos acabar a banda. Vamos embora com um grande senso de gratidão, determinação e surpresa com tudo o que conquistamos. A todos aqueles que de alguma forma se sentiram tocados por nossa música, nosso mais profundo agradecimento pela audição”, escreveram os membros do grupo.
Com a decisão, a banda põe fim a 30 anos de uma carreira belíssima e muito importante para a história do rock. Muitos apontam o dedo para o Nirvana como o grupo responsável, na década de 90, pelo rompimento da barreira entre o rock comercial e o rock alternativo, mas foi o R.E.M., ainda nos anos 80, a primeira banda realmente a superar este obstáculo.
Já em 1983, com o lançamento do elogiado álbum “Murmur”, o grupo, que bombava em rádios universitárias norte-americanas, mostrou ao mundo do rock que não seria um simples coadjuvante do gênero. “So. Central Rain (I´m Sorry)”, “Driver 8”, “Fall on Me”, “It’s the End of the World as We Know It (And I Feel Fine)”, “The One I Love” e “Finest Worksong” foram só alguns dos enormes sucessos que levaram o R.E.M. ao reconhecimento da crítica especializada.
Em 1988, com o excelente álbum “Green” e petardos musicais, como “Orange Crush”, “Stand” e “Pop Song 89”, o grupo já peitava as bandas maiores e o caminho natural e inevitável foi o mainstream. Com o lançamento em 1991 de “Out of Time”, que trouxe a bela “Losing My Religion”, o R.E.M chegou ao seu maior momento, incrementado logo em seguida pelo ótimo álbum “Automatic For The People”, que marcou a história da música em 1992 com sucessos, como “Drive” e “Everybody Hurts”.
Outros bons discos viriam, como “Monster” e “New Adventures in Hi-Fi”. Mesmo depois com uma queda natural do sucesso, o grupo sempre se manteve entre os mais íntegros do rock, sempre inovando, com clipes, arranjos e letras interessantes.
No comunicado oficial, o vocalista Michael Stipe resumiu bem a decisão do grupo e, para bom entendedor, meia palavra basta: “Um homem sábio certa vez disse: a habilidade em ir a uma festa é saber a hora de ir embora. Nós construímos coisas extraordinárias juntos, e agora vamos nos distanciar disso. Espero que nossos fãs percebam que essa não foi uma decisão fácil, mas tudo tem seu fim e nós queríamos fazer isso agora. Nós gostaríamos de agradecer a todos que nos ajudaram a ser o R.E.M. nestes 31 anos. Nossa mais profunda gratidão a quem nos propiciou fazer tudo isso. Foi incrível.”
Os editores do Roque Reverso sempre curtiram muito o R.E.M. e, claro, ficaram tristes com a decisão da banda. Mas acharam bastante nobre o gesto dos músicos, de conseguirem detectar o momento certo para parar, sem que sua carreira fosse manchada por discos ruins e sem inspiração.
Para lembrar bons momentos do R.E.M., o Roque Reverso descolou alguns dos vídeos que marcaram a carreira do grupo. Para começar, “Fall on Me”. Depois, “The One I Love”, Losing My Religion” e “Everybody Hurts”. Para fechar, claro, “It’s the End of the World as We Know It (And I Feel Fine)”.