Por Caio de Mello Martins*
É melancólica por si só a morte de Andy Gill, um dos maiores inovadores das seis cordas, guitarrista do Gang of Four e único membro fundador ainda em atividade na seminal banda pós-punk.
Mas saber que Gill morreu em 1º de fevereiro, um dia depois das celebrações para o início do processo do Brexit, em Londres, torna tudo ainda mais melancólico.
A escolha pelo isolacionismo e pelo chauvinismo da reação contra um inimigo externo que justifique a união nacional e os sacrifícios da pátria deriva de anos de aumentos de gastos militares (vide a participação inglesa em guerras no Oriente Médio), sem contar no tratamento privilegiado dispensado pelo Estado ao mercado financeiro após a crise de 2008, o que acarretou a falência das redes de proteção e dos serviços públicos em geral – incluindo aí o atendimento às massas miseráveis que fogem dos conflitos e crises humanitárias dos quais o próprio Estado britânico é cúmplice.