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30 anos do disco ‘Vulgar Display of Power’, o petardo sonoro do Pantera

O disco “Vulgar Display of Power”, do Pantera, completou 30 anos nesta sexta-feira,  25 de fevereiro de 2022. Sexto álbum de estúdio da banda norte-americana, este verdadeiro petardo sonoro marcou não apenas o auge da carreira do grupo, mas também a consolidação do groove metal como gênero que seria abraçado e difundido pelo Pantera.

Após promover uma das maiores revoluções sonoras e visuais dentro da carreira de um grupo de heavy metal em toda a história com o álbum “Cowboys from Hell” em 1990, o Pantera amadureceu seu som e conseguiu deixá-lo ainda mais encorpado no disco seguinte de 1992.

Apostou também em letras que canalizavam toda uma fúria palpável de jovens que haviam encontrado finalmente uma fórmula que atrairia uma
quantidade de fãs gigantesca em todo o planeta.

O título do álbum foi extraído de uma fala do lendário filme “O Exorcista”, de 1973. Na película, o padre Damien Karras, ao tentar exorcizar o demônio que tomou conta da garota Regan MacNeil, tenta desafiá-lo a usar sua força maligna para romper suas amarras. Eis que o sujeito das profundezas responde que aquilo seria uma “demonstração de poder muito vulgar”.

A capa do disco é das poucas na história do rock que representaram tão perfeitamente o que o fã vai encontrar no álbum: um verdadeiro murro na cara, em cada faixa, em cada riff e na maior parte dos vocais competentes e avassaladores de Phil Anselmo.

Somados à fúria do vocalista, que parecia um ser possuído tanto em estúdio como em shows, estão a guitarra marcante de Dimebag Darrell, a bateria poderosa de seu irmão Vinnie Paul e o baixo de respeito de Rex Brown.

O primeiro murro

Se a capa de “Vulgar Display of Power” já desperta a atenção até de um fã de breganejo, a primeira faixa do álbum já representa o primeiro murro na cara do fã amante de heavy metal que colocou o disco para tocar. “Mouth for War” traz o Pantera pronto pra briga e com toda a fúria que muitas bandas do thrash metal da época já tinham deixado parcialmente de lado.

A música mostra o Pantera peitando todo mundo na letra e no som, com um destaque especial para a bateria de Vinnie Paul, tanto na parte mais cadenciada como na parte final da faixa, quando o groove metal dá lugar a um thrash metal daqueles de abrir várias rodas de mosh.

Se alguém falou de mosh, a música seguinte é quase uma obrigação para entrar numa roda e bater cabeça à exaustão. Com uma introdução matadora e uma sequência de tirar o fôlego, “A New Level” é uma das melhores músicas da carreira do Pantera. E quem teve o privilégio de presenciá-la ao vivo, como este jornalista que vos escreve, sabe o poder que ela tem.

Em 1993, quando o Pantera fez sua estreia avassaladora nos palcos brasileiros (veja texto especial aqui), a execução de “A New Level” no saudoso Olympia, em São Paulo, foi uma verdadeira hecatombe sonora, transformando a pista da casa de shows num local de luta pela sobrevivência, tamanha a catarse coletiva que aquele momento proporcionou.

Depois de dois murros na cara, o fã tem tempo de respirar um pouco na faixa “Walk”, que dá um tempo na velocidade, mas proporciona um verdadeiro show de ritmo e execução musical. Com riff e refrão capazes de grudar na cabeça, somados a um clipe que marcou época na MTV, a faixa fez um sucesso comercial gigante e alcançou grandes postos nas paradas musicais.

Mas o tempo de velocidade menor termina quando começa a destruidora “Fucking Hostile”, que é a mais agressiva e rápida do álbum, além de ser capaz de deixar impressionado o mais frio dos fãs.

A música seguinte é “This Love”, que também ganhou clipe de sucesso e que traz o Pantera novamente dando uma aula de como se constrói uma faixa marcante. Interpretação gigantesca de Anselmo, riffs e solos arrebatadores de Dimebag Darrell e uma cozinha perfeita de Vinnie Paul e Rex Brown marcam a música.

O então Lado A do disco em vinil chega ao fim com “Rise”, que começa num esquema arrasa-quarteirão e vai passando por momentos distintos, sem perder em momento algum o peso que a letra exige.

Num tempo em que o LP ainda não havia perdido completamente o reinado para o CD, era uma tradição selecionar as músicas que eram candidatas ao sucesso no primeiro lado e as menos badalas ou mais diferentes para o segundo lado. O que o Pantera faz em “Vulgar Display of Power”, porém, é simplesmente criar um dos melhores Lados A da história do heavy metal, e com seis faixas ótimas.

A sequência do espancamento

Se o fã conseguiu chegar ate o fim do Lado A de “Vulgar Display of Power” com o pescoço em ordem, a sequência pelo Lado B do disco serve para complementar brilhantemente o que foi visto até então. A velocidade nas músicas seguintes é menor, mas ela dá lugar ao groove consolidado e a um show de mudanças interessantes dentro das faixas capazes de mostrar toda a qualidade do grupo.

“No Good (Attack the Radical)” é a primeira do Lado B e traz um peso marcante que impede o fã de se distrair e consegue mantê-lo grudado ao disco.

“Live in a Hole” vem na sequência e, talvez, seja a menos impactante do disco, mas está longe de ser uma música fraca, especialmente pela aula de bateria de Vinnie Paul.

“Regular People (Conceit)” traz novamente o peso e um riff contagiante, com a banda toda entrosadíssima e capaz de empolgar o apreciador do rock pesado.

“By Demons Be Driven” vem em seguida e com mais um riff matador. A despeito de ter uma letra bem mais fraca que as demais, ela também fica na cabeça por causa do que os irmãos Dimebag Darrell e Vinnie Paul fazem, respectivamente, com a guitarra e a bateria.

Para fechar o disco, o único som um pouco mais lento é representado por “Hollow”, que compensa a letra da faixa anterior e traz um Pantera melodioso e capaz de provar que também consegue trazer material de qualidade com um peso menor.

Ao final da audição de “Vulgar Display of Power” é totalmente natural o fã entender a importância do disco e que teve contato com um dos álbuns mais pesados da história da música.

Na sequência da carreira, o Pantera faria discos ainda mais pesados, como o próprio sucessor “Far Beyond Driven”, de 1994, que completaria a trinca matadora de sua fase áurea.

O sucesso, as drogas e a cabeça de alguns dos seus membros atrapalhariam demais na sequência o futuro de uma banda que já havia chegado ao topo do heavy metal, nos Anos 1990, ao lado do Sepultura, a ponto de peitar nomes gigantes, como o Metallica, o Slayer e o Megadeth.

Brigas internas, o comportamento nada normal de Phil Anselmo  – com ações e declarações polêmicas – e o lamentável assassinato de Dimebag Darrell em 2004 (Vinnie Paul morreria em 2018 de ataque cardíaco) impediram que o grupo tivesse um papel ainda mais importante dentro do heavy metal.

Entretanto, o legado de “Vulgar Display of Power” foi gigantesco, a ponto de incentivar novos jovens a montar outras bandas e criar estilos derivados do groove metal.

Quem viveu a época, sentiu o peso deste álbum respeitadíssimo do Pantera e que pode ser degustado por gerações e gerações, despertando novas sementes do heavy metal a cada audição.

Não por acaso, o sexto trabalho de estúdio do Pantera faz parte do livro “1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer” e é item essencial para qualquer fã de rock pesado.

Para comemorar as três décadas de “Vulgar Display of Power”, o Roque Reverso descolou clipes e vídeos no YouTube. Fique inicialmente com o clipe de “Mouth for War”. Depois, veja os videoclipes de “Walk” e de “This Love”. Para fechar, fique com os vídeos ao vivo de “A New Level” e “Fucking Hostile”. Se quiser ouvir o álbum na íntegra, vá até o ultimo vídeo.

30 anos do disco ‘Vulgar Display of Power’, o petardo sonoro do Pantera


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