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Metallica supera problemas de som, toca ‘The Frayed Ends of Sanity’ e faz show digno no Rock in Rio

James Hetfield, do Metallica, no Rock in Rio - Foto: Divulgação Rock in Rio/I Hate Flash O Metallica fechou a primeira das três noites do Rock in Rio 2015 dedicadas ao rock pesado com a competência de sempre ao vivo. Bastante prejudicado por problemas de som vergonhosos e inadmissíveis do enorme festival realizado na capital fluminense, o grupo norte-americano de thrash metal superou as adversidades e, no saldo final, entregou aos fãs uma apresentação digna e de qualidade, mantendo uma tradição já vista no mesmo festival em 2013 e no inesquecível ano de 2011.

Além do show digno, o público brasileiro ouviu pela primeira vez a execução da aguardadíssima faixa “The Frayed Ends of Sanity”.

A complexa música, de quase 8 minutos, do álbum “…And Justice for All”, de 1988, sempre foi pouquíssimas vezes tocada durante toda a carreira do Metallica, que só começou a executá-la completa em shows em maio de 2014, em Helsinke, na Finlândia.

Em toda a história de mais de 30 anos de carreira, a banda havia incluído a faixa em apenas 11 apresentações antes da performance no Rio de Janeiro. Mais um presente visto no Brasil só no Rock in Rio, tal qual em 2011, quando o grupo tocou pela primeira vez no País a excelente e igualmente pouco tocada instrumental “Orion”. Justamente por isso, quem esteve na Cidade do Rock em 2015 pode se considerar um privilegiado por ter presenciado um momento histórico do Metallica em terras tupiniquins.

O show

Depois de um atraso de cerca de 40 minutos para desmontar o palco caprichado do Mötley Crüe, o Metallica entrou em cena já na madrugada do domingo, dia 20 de setembro. O horário oficial do show era à meia-noite do dia 19 de setembro, mas todo o processo de troca de estrutura e teste de instrumentos impediu a pontualidade, enquanto o tempo abafado começava a dar lugar a uma brisa mais fresca, em sintonia com as nuvens que começavam a pairar sobre a Cidade do Rock.

O grupo iniciou o show com “Fuel”, do álbum “ReLoad”, de 1997. Vibrante, com um som alto e claro e capaz de sacudir o público logo de cara, a música fez a Pista explodir em um movimento de empurra-empurra que não havia sido visto nas apresentações do Mötley Crüe e do Royal Blood. Este jornalista, que estava muito próximo à grade, chegou a lembrar do começo do insano show do Slipknot em 2011 no mesmo Rock in Rio, já que a missão nas três primeiras músicas do Metallica em 2015 era simplesmente se manter em pé, tamanha a energia da plateia alucinada para ver os norte-americanos precursores do thrash metal.

No palco, duas novidades para o público brasileiro em relação a turnês anteriores no País, mas que já vinham sendo observadas este ano em vários países visitados pelo Metallica. Primeiro, um espaço reservado atrás da banda para que fãs pudessem ficar. Outro detalhe foi a utilização do imenso telão central, dos três existentes, para a exibição de efeitos super elaborados durante várias das músicas.

Quem se lembra da passagem do Metallica em 2014 pelo Brasil, quando tocou em São Paulo na turnê “By Request”, lembra que os três telões eram usados em praticamente todas as faixas para mostrar a banda. Para grandes públicos, este terceiro telão central imenso sempre foi uma excelente solução para quem estava mais distante do palco, mas, especificamente no Rock in Rio, os telões laterais, também enormes, deram conta do recado e possibilitaram os efeitos no central.

Metallica no Rock in Rio 2015 - Foto: Divulgação MetallicaMetallica no Rock in Rio 2015 - Foto: Divulgação MetallicaMetallica no Rock in Rio 2015 - Foto: Divulgação MetallicaMetallica no Rock in Rio 2015 - Foto: Divulgação MetallicaMetallica no Rock in Rio 2015 - Foto: Divulgação MetallicaMetallica no Rock in Rio 2015 - Foto: Divulgação Metallica

Após “Fuel”, a banda emendou a sempre clássica “For Whom the Bell Tolls”, que deu mais peso ao show e trouxe os músicos bem entrosados, com destaque para o baixo matador de Robert Trujillo. Na sequência, a rápida e igualmente pesada “Battery” fez o povo próximo a grade ter ainda mais dificuldade para permanecer em pé, já que, além do empurra-empurra tradicional, rodas de mosh foram criadas imediatamente.

Naquele momento, uma música mais cadenciada era necessária para o público respirar um pouco. E foi com “King Nothing”, do álbum “Load”, que o Metallica deu uma pequena amenizada na loucura que havia se transformado a Pista. Vale lembrar que esta faixa não era executada em solo brasileiro desde 1999, quando o grupo inseriu a música nos três shows da turnê daquele ano: em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.

Passado o refresco com “King Nothing”, o Metallica voltou a apavorar com mais um clássico: a ótima “Ride the Lightning”, que tem um dos riffs mais bem feitos da história da banda. A música manteve o público empolgado, mas, quando menos se esperava, em pleno ano de 2015 e com o grupo consolidado atualmente como o maior do heavy metal da atualidade, o som começou a falhar, primeiro durante um solo do guitarrista Kirk Hammett e, depois, no fim da música.

Vale destacar que, já em “Battery”, o som já havia dado uma rateada para o público, enquanto a banda tocava o fim da música naturalmente. O fato lembrou o Slayer tocando no Via Funchal em São Paulo em 2011, quando deu desespero de ver o grupo tocar, mas o som não chegar apenas ao público.

Após o problema do Metallica, foi imediata a reação do vocalista e guitarrista James Hetfield. Conhecido pelo perfeccionismo musical, ele fez uma cara de poucos amigos para o pessoal de apoio do grupo e chegou a reclamar, mas sem rodar a baiana como outros vocalistas do próprio heavy metal costumam fazer com mais frequência.

Depois da falha, o Kirk Hammett ainda tentou um solo, mas o Metallica saiu do palco e ficou fora de lá durante aproximadamente 5 minutos. O público, até então empolgadíssimo, pareceu tomar um banho de água fria e não poupou o idealizador do Rock in Rio, o empresário Roberto Medina, mandando ele tomar “naquele lugar”.

Após xingar Medina, alguns tentaram emplacar, sem grande sucesso, o mesmo insulto à presidente da República, Dilma Rousseff (estranhamente, pela TV, foi o que deu para ouvir melhor, conforme os vídeos veiculados no YouTube) e, mais adiante, sobrou o mesmo xingamento até para os fãs que estava na parte de trás do palco. “Ei, coral, vai tomar no cú”, gritou a plateia da Pista, já num clima de zoeira tradicional dos shows de rock.

Em nota distribuída à imprensa, a organização do Rock in Rio disse que a parada do som no show da banda ocorreu “pela desconexão da linha de saída de som entre a mesa da banda e a do festival”.

Resolvido o problema, o Metallica voltou e James Hetfield, bastante sério, iniciou os acordes da bela “The Unforgiven”. Na sequência, já brincando com a plateia, trouxe a mais recente “Cyanide”, do disco “Death Magnetic”, de 2008, além de “Wherever I May Roam” e “Sad But True”. Estas duas últimas, juntamente com “The Unforgiven”, totalizaram 3 faixas do “Black Album”, disco mais vendido pela banda e que teria ainda mais outras duas músicas executadas no show.

Antes de “Sad But True”, Hetfield fez uma brincadeira com a plateia. Perguntou em inglês se todos “estavam juntos”, se estavam gostando do show e se o som estava bom. De imediato, respondeu, apontando para baixo do braço, dizendo que o cheiro é que não estava muito bom. “Eu acho que sou eu”, afirmou, arrancando risos de todos os presentes.

Depois de “Sad But True”, rolou um curto solo de baixo de Robert Trujillo e o quarteto trouxe na sequência uma outra música que nunca havia sido tocada no Brasil. “Turn the Page”, originalmente de Bob Seger, mas que o Metallica gravou para o disco de covers “Garage Inc.”, de 1998. Nesta faixa, o grupo deixou rolar uma microfonia que chegou a incomodar, mas, no todo, a faixa executada foi muito bem recebida pelo público.

Metallica no Rock in Rio 2015 - Foto: Divulgação MetallicaMetallica no Rock in Rio 2015 - Foto: Divulgação MetallicaMetallica no Rock in Rio 2015 - Foto: Divulgação MetallicaMetallica no Rock in Rio 2015 - Foto: Divulgação MetallicaMetallica no Rock in Rio 2015 - Foto: Divulgação MetallicaMetallica no Rock in Rio 2015 - Foto: Divulgação Metallica

Na sequência, foi a vez da já citada “The Frayed Ends of Sanity”, que começou com uma falha da própria equipe de apoio do Metallica, já que os roadies entregaram uma guitarra errada para James Hetfield iniciar a música. Desafinado, o instrumento foi devolvido de imediato pelo vocalista, que pegou sua tradicional ESP branca para tocar os acordes da faixa do “…And Justice For All”.

Importante destacar que, a despeito da música ser bastante aguardada, uma quantidade relevante de fãs que estavam perto deste jornalista não cantou a letra. A dúvida era se isso aconteceu porque admiravam a execução desta faixa ou se simplesmente eles não sabiam a letra. O fato é que o público presente era bastante jovem e, se bobear, tinha acabado de nascer quando o Metallica gravou o “Justice”.

Chamou a atenção também a dificuldade de Lars Ulrich para tocar esta faixa na bateria. Há tempos que ele vem mostrando certa decadência no instrumento no qual um dia foi rei, mas o sofrimento do baterista foi mais claro nesta música. Não é possível esquecer que Lars já passou dos 50 anos de idade e que tocar várias músicas tradicionais do Metallica no thrash/speed metal dos Anos 80 é algo inimaginável.

Passada a fase dos presentes inéditos para os brasileiros, a banda trouxe quatro clássicos de uma vez para só para incendiar novamente a plateia: “One”, “Master of Puppets”, “Fade to Black” e “Seek & Destroy”.

Na primeira, chamou a atenção a substituição dos tradicionais fogos de artifício simulando as bombas por distribuição espetacular de raio laser que deixou simplesmente belíssimo o palco do Rock in Rio. No telão central, as imagens eram de um desenho que trazia tropas se dirigindo à guerra e que, mais tarde, voltavam da batalha com os soldados em forma de caveira.

Em “Master of Puppets”, as rodas de mosh se intensificaram e a plateia foi presenteada pela tradicional disputa de guitarras entre Hetfield e Hammett.

Em “Fade to Black” e “Seek & Destroy”, o Metallica fez o público voltar no tempo e vibrar demais. Na segunda faixa, este jornalista não aguentou e entrou na roda de mosh localizada próxima ao palco. O raciocínio foi simples: apesar do aumento recente dos shows da banda no Brasil, não há garantia que eles voltarão muito em breve e, se é para se arriscar numa roda insana de mosh, que seja num dos maiores clássicos de quem difundiu o thrash metal.

Após a breve pausa para o bis, o grupo voltou ameaçando tocar a música “The More I See”, da banda Discharge, mas ficou só nos primeiros acordes. Se tocasse a faixa cover gravada no disco “Garage Inc.”, seria mais uma inédita em palcos brasileiros. Ficou, no entanto, apenas o gosto de “quero mais” da galera presente.

A cover da vez no bis foi “Whiskey in the Jar”, do Thin Lizzy, tocada no ano passado no show de São Paulo e também do “Garage Inc.”. Foi um momento de maior descontração do show, tanto para a plateia como para a própria banda, claramente cansada das longas e seguidas turnês.

As duas últimas da noite foram a balada “Nothing Else Matters” e a ultrapopular “Enter Sandman”. Enquanto a primeira manteve o público vidrado na belíssima melodia, a segunda levou todos ao delírio com o riff matador de sempre, com direito às já tradicionais bolas pretas de plástico que o grupo costuma jogar para a plateia no fim de cada show. No agradecimento, a banda ainda presenteou os fãs com uma chuva de palhetas, que eram caçadas pelo público como se fossem diamantes.

A despeito dos contratempos relacionados ao som, o Metallica foi profissional e entregou um show decente para o público, que, em sua maioria, saiu satisfeito da Cidade do Rock. O grupo avisou que aquele seria a última apresentação da turnê atual e que, agora, iria se dedicar à gravação do disco sucessor de “Death Magnetic”.

Na sua terceira passagem consecutiva pelo Rock in Rio brasileiro, o Metallica provou para os críticos que continua matador ao vivo. Com um vasto acervo de músicas boas em toda a carreira, o grupo acerta em variar o set list e trazer algumas músicas pouco tocadas ao repertório. No Brasil, a execução de “The Frayed Ends of Sanity” já foi um fato histórico para os fãs mais fieis que viram o conjunto crescer assustadoramente no meio musical. Agora, resta esperar a próxima vinda da banda norte-americana ao País.

Para relembrar mais um grande show do Metallica no Rock in Rio, o Roque Reverso descolou vídeos no YouTube. Fique inicialmente com a abertura e “Fuel”. Depois, veja “Turn the Page”, que também foi filmada por nós direto da Pista e pode ser conferida aqui. Na sequência, veja a histórica execução de “The Frayed Ends of Sanity”, além da banda tocando “One” e “Enter Sandman”. Se quiser ver o show todo, basta ir para o último vídeo da lista (se não tirarem do ar).

Set list

Fuel
For Whom the Bell Tolls
Battery
King Nothing
Ride the Lightning
The Unforgiven
Cyanide
Wherever I May Roam
Sad But True
Turn the Page
The Frayed Ends of Sanity
One
Master of Puppets
Fade to Black
Seek and Destroy

Whiskey in the Jar
Nothing Else Matters
Enter Sandman


6 Respostas to “Metallica supera problemas de som, toca ‘The Frayed Ends of Sanity’ e faz show digno no Rock in Rio”


  1. 24 de setembro de 2015 às 00:04

    Metallica é foda!
    Não tem pra ninguém!
    No começo do show, com tantas rodas e empurra-empurra, chegou um momento que pensei: Será que vou sobreviver? 🙂
    No saldo final tudo valeu a pena!
    Meu terceiro show deles e o primeiro no Rock in Rio!

  2. 24 de setembro de 2015 às 00:10

    Para quem estava na frente, as três primeiras músicas foram um grande teste!
    Se aguentássemos, daríamos conta do show inteiro, como, no final, aconteceu! 🙂

  3. 3 Renata
    3 de outubro de 2015 às 00:51

    Como sempre, matéria bem elaborada e rica de informações! Até faz a gente reviver no detalhe, momentos memoráveis desse show.
    Parabéns!

  4. 5 Diego Braga
    5 de outubro de 2015 às 14:20

    Foi realmente decepcionante a falha no som.
    E pra quem estava meio atrás do lado esquerdo o som voltou ruim. A experiencia musical foi muito afetada.
    Por outro lado, a banda mostrou profissionalismo após a falha do som.
    Depois de 5 shows nos ultimos 5 anos, fiquei muito crítico.haha
    Mas o show foi muito bom! Turn the Page e Frayde deram um charme ao setlist e fizeram o show valer a pena pra mim.

  5. 15 de outubro de 2015 às 20:50

    Interessante esta observação de que o som voltou ruim onde o Diego Braga estava.
    Para um festival do tamanho do Rock in Rio é imperdoável!
    Onde estávamos (muito próximo à grade), o som voltou ótimo depois dos problemas citados.


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