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Metallica fez show empolgante, trouxe set list impecável e escreveu de vez seu nome na história do Rock in Rio

Atração mais esperada do primeiro fim de semana do Rock in Rio 2011, o Metallica correspondeu às expectativas e conseguiu realizar no domingo, dia 25 de setembro, um show extremamente empolgante na capital fluminense, onde não tocava desde 1999. A banda norte-americana de thrash metal trouxe um set list impecável recheado de clássicos para mais de 100 mil pessoas, mostrou energia digna dos velhos tempos e escreveu definitivamente seu nome com letras gigantes na história do festival.

Sem a menor sombra de dúvida, foi um dos maiores shows já vistos em solo brasileiro, ao lado de outras apresentações espetaculares observadas em edições anteriores do próprio Rock in Rio, como as do AC/DC, do Iron Maiden e do Queen, todas no longínquo ano de 1985.

O Roque Reverso presenciou mais uma vez ao vivo a apresentação do Metallica, que há anos sonhava em participar de uma edição do Rock in Rio em seu lugar original. Desde os primeiros acordes, a emoção dos músicos da banda era evidente e eles pareciam querer dizer: “Este festival de 2011 é nosso e ninguém vai nos superar.”

Numa noite que teve o grande Motörhead como uma das bandas de abertura no Palco Principal, a ameaça maior ao império do Metallica veio da sensacional e brutal apresentação feita pelo Slipknot, que conseguiu hipnotizar a plateia como poucos grupos haviam conseguido no Brasil em festivais. Após o show do grupo mascarado, pipocaram perguntas na plateia que colocavam em dúvida o poder do Metallica para fazer uma apresentação ainda mais marcante.
O primeiro sinal já veio durante os testes de intrumentos, quando, na primeira pancada da bateria, o público tomou um grande susto com a altura daquilo, que mais parecia uma explosão de uma pequena bomba.

Resenha RIRTestes encerrados, as luzes se apagaram e começou a tradicional introdução de “The Ecstasy of Gold”, de Ennio Moricone, acompanhada de imagens no telão do filme “Três Homens em Conflito”, de Sérgio Leone.

Foi quando as primeiras batidas de “Creeping Death” enlouqueceram o público que começou a cantar já na introdução da ótima música do álbum “Ride the Lightning”.

Se o som do Rock in Rio já surpreendia pela qualidade, atingiu níveis impressionantes a partir daquele momento, num volume bem maior do que o observado nos shows anteriores. Para deixar tudo ainda melhor, James Hetfield (vocal e guitarra), Lars Ulrich (bateria), Kirk Hammett (guitarra) e Robert Trujillo (baixo) vieram ao palco com a faca nos dentes, para mostrar que quem mandava no pedaço era o Metallica. O público, por sua vez, fazia o seu papel e cantava a plenos pulmões, dando também um espetáculo à parte.

Sem deixar a plateia respirar, Trujillo tirou de seu baixo os primeiros acordes distorcidos de “For Whom The Bell Tolls”, do mesmo álbum clássico da banda. Figura que trouxe um espírito de renovação ao grupo, o baixista mostrou que continua estraçalhando em seu instrumento, enquanto James, Lars e Kirk davam continuidade ao ótimo show, que teria na sequência a música “Fuel”, do álbum “Reload”, acompanhada de labaredas imensas que esquentaram toda a região próxima ao palco.

James Hetfield parecia uma criança e não fazia questão alguma de esconder o sentimento de satisfação por estar diante de 100 mil pessoas no maior festival do planeta. Ao término de “Fuel”, ele aproveitou para iniciar sua primeira conversa mais longa com o público presente. “Vocês estão se sentindo bem?”, perguntou, enquanto trocava sua lendária guitarra branca por uma preta. “Eu estou me sentindo melhor”, disse, para, na sequência, o grupo iniciar a música  “Ride the Lightning”, que fez todos delirarem.

A próxima música foi a eternamente bela “Fade to Black”, que representou o quarto sucesso do dia do mesmo álbum “Ride the Lightning”, para alegria de todos os fãs mais antigos. Foi no final desta canção que James cometeu um erro incrivelmente pouco comum, já que esqueceu de ativar a distorção para a guitarra, deixando o instrumento momentâneamente com um som sem impacto.

Aquele não seria o único erro do vocalista e guitarrista durante o show e isso surpreendeu muita gente, pois James Hetfield, considerado um dos maiores ícones da história do metal, sempre teve desempenho impecável nas apresentações. Ele tomou um susto e retomou rapidamente com as condições normais de peso para, depois, tirar humildemente sarro de si próprio, provando que até os perfeccionistas,como ele, também cometem suas gafes.

Na sequência, James disse impressionado que o público estava cantando as músicas num volume muito alto, mas que, para ele, tudo estava ok, já que quanto mais alto, melhor. Acrescentou que aquela era a melhor noite do festival por causa das boas bandas presentes e que se sentia honrado em tocar com elas, especialmente com o padrinho do heavy metal Lemmy, do Motörhead. Nem é preciso dizer que o público veio abaixo com tamanha simpatia e humildade do líder do Metallica, nada menos que o headliner da noite.

A passagem do Metallica pelo Rio ainda fazia parte da turnê de divulgação do álbum “Death Magnetic”. E, para este detalhe importante não ficar de fora, o grupo trouxe uma dobradinha com duas boas músicas do disco: “Cyanide”, que contou com ótima participação do público, e “All Nightmare Long”, a mais pesada do disco, que não deixou a energia do show cair e abriu caminho para um grande hit do grupo: “Sad But True”, do clássico “Black Album”, que foi cantada do início ao fim pela plateia.

Voltando um pouco no tempo, o Metallica trouxe ao show duas músicas do excelente álbum “Master of Puppets”. A primeira foi a sempre emocionante “Welcome Home (Sanitarium)”, que, como poucas, consegue intercalar perfeitamente o peso e a característica melodiosa do grupo. A segunda foi um dos grandes momentos da apresentação, nada menos que a instrumental “Orion”, tão pouco tocada em shows durante toda a carreira da banda.

Hipnotizado, o público viu James apresentar a banda, Lars Ulrich iniciar a música e Robert Trujillo dar uma aula em seu baixo, lembrando os acordes históricos construídos pelo falecido e saudoso baixista Cliff Burton, que jamais saiu da mente dos fãs mais antigos do Metallica e que é um dos responsáveis por toda a técnica marcante que o grupo consolidou em 30 anos de carreira. Quem estava na Cidade do Rock, com certeza, jamais esquecerá aquele momento, um verdadeiro sonho realizado por este que vos escreve.

Após James Hetfield dedicar a música a Cliff Burton e receber a aprovação imediata da plateia, o Metallica saiu brevemente do palco, que ficou completamente na escuridão. Foi quando o barulho de helicópteros e bombas começou a dominar o local, acompanhado por explosões e fogos. Era a megaclássica “One”, executada com maestria pelo grupo, que emendou logo em seguida outra que não pode ficar de fora do set list: “Master of Puppets”, música que trouxe a banda afiadíssima, especialmente na dobradinha de guitarras de James e Kirk.

A sequência do show ainda abriria espaço para mais uma música do ótimo álbum “…And Justice for All”. James trocou sua guitarra e trouxe novamente a clássica de cor branca para tocar nada menos que a sensacional “Blackened”, que contou com mais uma aula de thrash metal da banda e labaredas enormes que fizeram aumentar a temperatura de toda a área próxima ao palco.

Com o jogo mais do que ganho, o Metallica trouxe em seguida dois de seus maiores hits, ambos do “Black Album”. O primeiro, depois de uma introdução solo de Kirk Hammett, foi “Nothing Else Matters”. Foi a música mais leve de todo o show, mas fez 1oo mil headbangers cantarem uma balada numa única voz.

Depois, foi a vez de “Enter Sandman”, que manteve a tradição recente de ser a música cantada com mais empolgação pela plateia nos shows do Metallica. Você pode até questionar se ela foi o ponto de partida para a banda tomar um rumo mais comercial, mas jamais poderá questionar a qualidade do riff marcante criado por Kirk Hammett.

A banda encerrou o show, foi aplaudida por todos e deixou o palco. É claro que todos sabíamos que faltava mais coisa para tocar. O público, por sua vez, só gritava sem parar as três simples palavras: “Seek and Destroy, Seek an Destroy, Seek and Destroy.”

Mas era o momento do show reservado para covers. O sonho de grande parte dos presentes era ver o Metallica tocando uma música do Motörhead, na companhia de Lemmy. Este sonho não se concretizou, mas a banda presenteou os fãs com simplesmente “Am I Evil?”, do Diamond Head, que também não era tocada no Brasil há muito tempo, desde a primeira passagem do grupo por aqui, em 1989!

Não bastasse o grande presente com a grande música, o Metallica tirou do baú outro megaclássico que surpreendeu muitos fãs: “Whiplash”, do primeiro álbum “Kill ‘ Em All”, que não era tocada no Brasil desde que a banda veio a São Paulo em 1993, pela turnê do “Black Album”.

Terminada a paulada sonora, James brincou com a plateia, fazendo um gesto de que era hora de dormir e ir embora. Para aumentar ainda mais a ansiedade, ele fingiu que daria a guitarra ao rodie e deixaria o palco, mas seguiu os apelos da galera e anunciou “Seek & Destroy”. Foi quando grandes bolas de plástico pretas foram jogadas para o público e o Metallica executou seu clássico eterno com perfeição, com direito a todas as luzes da Cidade do Rock acesas, a pedido de James.

Com esta música chegava ao fim mais uma grande apresentação do Metallica no Brasil. A banda ainda demorou um bom tempo para deixar o palco, já que fez questão de agradecer o carinho do público brasileiro e ainda distribuiu palhetas e baquetas para quem estava mais próximo, na fila do gargarejo. De presente, a banda ganhou de um grupo de fãs uma enorme bandeira branca que tinha um desenho em homenagem a Cliff Burton, cuja data de morte faz 25 anos em 2011.

Foi, sem a menor dúvida, o melhor show do Rock in Rio e, ao lado das demais apresentações da Noite do Metal, conseguiu honrar o nome do festival, tão criticado pelo número reduzido de atrações ligadas ao rock. Tecnicamente, a apresentação ainda ficou ligeiramente atrás da realizada em São Paulo, no ano passado, no dia 30 de janeiro. Mas, quando o assunto é set list, vibração e espetáculo, o show na capital fluminense não ficou devendo nada e, para muitos, foi o melhor do Metallica em solo brasileiro em toda a história.

Com o passar dos dias, as imagens daquela noite ainda não saíram totalmente da mente deste que vos escreve. Não há como cravar com certeza absoluta que esta foi a melhor performance do Metallica por aqui, mas, sem a menor dúvida, é possível dizer que a apresentação no Rock in Rio jamais será esquecida por quem esteve lá ou por quem assistiu ao show pela TV. Definitivamente, o grupo de thrash metal de James, Lars, Kirk e Rob escreveu seu nome na história do festival e se juntou a outros grandes nomes que passaram por ali.

Para reviver o grande show do Metallica no Rock in Rio, o Roque Reverso descolou uma série de vídeos no YouTube. Abaixo, você pode ver a abertura, com “The Ecstasy of Gold” e “Creeping Death” e outros vídeos, como os de “For Whom the Bell Tolls” e “Ride the Lightning”, além de um vídeo que traz o momento mágico com “Orion”. Também temos o bis do show, cortado pela Rede Globo: um vídeo com “Am I Evil?” e “Whiplash” e outro com o final apoteótico de “Seek & Destroy”. Se você deseja ver as mais de duas horas de show na íntegra, há no mesmo YouTube esta opção neste link ou no último vídeo deste post. Simplesmente inesquecível! Mega Fucking Great!

Set list

Creeping Death
For Whom the Bell Tolls
Fuel
Ride the Lightning
Fade to Black
Cyanide
All Nightmare Long
Sad But True
Welcome Home (Sanitarium)
Orion
One
Master of Puppets
Blackened
Nothing Else Matters
Enter Sandman

Am I Evil?
Whiplash
Seek & Destroy


18 Respostas to “Metallica fez show empolgante, trouxe set list impecável e escreveu de vez seu nome na história do Rock in Rio”


  1. 1 Luiz Hetfield
    6 de outubro de 2011 às 21:47

    Nunca tinha visto o mestre James errar tanto mas mesmo assim foi um puta show.
    O do Morumbi no ano passado foi melhor mas esse com cem mil entrou pra historia
    O Metallica humilhou as outras bandas nesse Rock In RIo
    Deu até dó kkkkkkkkkk

  2. 10 de fevereiro de 2012 às 03:45

    olhando com mais calma, percebe-se que o erro nao foi do james e sim do carinha que cuida dos pedais do james e do kirk pois, o 1º erro foi na guitarra do james, que começou sem distorção, o 2º na do kirk que solava enquanto nao saia som algum da guitarra dele, coisa que só no final da musica começou a acontecer e por fim, bem no finalzinho da musica a guitarra do james volta a “falhar”.
    só pra constar, os pedais das bandas nunca ficam com os musicos no palco e sim com o tecnico de som logo atras do palco, cidadao do qual porta um fone para ouvir(caso ele seja surdo pois esta geralmente atras do palco) o que se passa no show. pense da seguinte maneira: em um show do metallica, onde o publico fica jogando aquelas bolas de praia pretas pra todo o lado, se uma delas ciasse em cima de um pedal de efeito por exemplo mudaria o som da guitarra. o lars ja foi atingido varias vezes nos shows mas o que ele pode fazer?
    Enfim, quem toca guitarra sabe muito bem que a culpa foi do rodie e nao do james…(90% de certeza)

    • 6 Flavio
      10 de fevereiro de 2012 às 23:32

      Bem Elias,
      Me desculpe, mas, se você olhar o vídeo, verá que James mexe na guitarra, e não no pedal (não dissemos que o erro foi no pedal no texto)…Imediatamente, o som normal volta depois da ação dele.
      Você está correto em dizer que o Metallica usa técnicos no controle do pedal, mas hoje ainda são poucas as bandas que têm este tipo de recurso…Geralmente, são as que possuem mais grana para bancar isso…
      O Death Angel, no ano retrasado esteve por aqui e eu, que fiquei na boca do palco, tirei até foto da pedaleira dos caras (https://roquereverso.wordpress.com/2010/11/08/death-angel-mantem-peso-e-amplia-set-list-em-show-extra-realizado-em-sp/).
      Em vários shows que fui no ano passado, também vi várias bandas ainda usando as pedaleiras…
      Metallica é Metallica, mas, no caso do James, se você olhar detalhadamente o vídeo de Fade to Black (veja no tempo de 4:40 do vídeo abaixo), vai conseguir notar o que estamos falando.
      Obrigado pela participação no nosso blog!

    • 7 Felipe
      12 de março de 2012 às 18:07

      O vídeo deixa bem facil de ver que o James é que cometeu o erro maior. Ele mesmo ajusta a guitarra depois, todo sem graça.Mas foi um puta show!

  3. 17 de março de 2012 às 03:57

    Esse show foi o único desse Rock in Rio que sempre será lembrado
    Talvez também o do Slipknot e olhe lá

    • 11 Flavio
      19 de março de 2012 às 03:56

      Pior que você pode ter razão.
      Mas tivemos também outros bons shows, como do System of a Down, do Motörhead, do Evanescence, do Coldplay, Steve Wonder…
      Não foi um festival ruim. Só precisava ter mais coisas de rock… 🙂

  4. 12 Rafael
    29 de julho de 2013 às 23:14

    Foi o mais importante do Metallica no Brasil e um dos maiores da carreira a banda pela importância do Rock in Rio no Brasil
    Deviam ter gravado um DVD oficial

  5. 14 Lucio
    2 de junho de 2014 às 14:44

    Eu tive o privilégio de ir a esse Rock in Rio e nunca esquecerei Orion ao vivo!
    De arrepiar só falar!

  6. 16 Fabio Luiz
    23 de julho de 2014 às 01:21

    Para mim essa foi a apresentação mais importante do Metallica no Brasil!
    Jamais esquecerei o que vi na Cidade do Rock!

  7. 18 Ed
    3 de abril de 2015 às 21:22

    Taí um show que eu gostaria de ter visto
    Metallica é difícil de não agradar no palco


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