O Red Hot Chili Peppers mesclou ousadia e tradição em seu repertório para fechar aquela que foi provavelmente a noite mais eclética e dançante do Rock In Rio de 2019 até o momento. Este foi o cenário da quinta-feira, 3 de outubro, tanto no Palco Mundo como no Palco Sunset do festival fluminense.
O dia começou com uma série de apresentações não atendidas pela área de cobertura do Roque Reverso, mas nem por isso menos valiosas.
O primeiro show do Palco Mundo digno de nota para nosso público foi o do Capital Inicial. Dinho Ouro Preto comandou um show básico e competente para o festival, repleto de sucessos da história da banda. Sem correr riscos, o Capital levantou o público com sons há muito tempo conhecidos da galera.
Abriremos aqui uma exceção para falar do show do Emicida. Uma apresentação bacana, com um hip-hop de qualidade e letras engajadas.
Pelo trabalho de Emicida e outros nomes do estilo, não é de espantar que a juventude mais rebelde prefira o engajamento do hip-hop às letras enfarofadas das bandas nacionais de rock que nos últimos anos conseguiram um pouco de projeção.
Outro artista que não costuma estar no noticiário do Roque Reverso mas é de fundamental importância para nossa formação musical é Nile Rodgers. Empunhando sua famosa guitarra “Hitmaker” à frente do Chic, Nile Rodgers liderou um show dançante e repleto de sucessos de sua carreira como compositor e produtor musical.
Tocou sons que ficaram famosos nas vozes de gigantes da música internacional, como David Bowie e Duran Duran, e fez a alegria do público.
Hora então de tratar do Panic! at the Disco. Com destaque para o talento do vocalista Brendon Urie e seus falsetes de dar inveja a muita banda de heavy metal melódico, o grupo que ficou identificado em enorme grau com o público emo durante vários anos mostrou que é muito mais que isso, trazendo uma apresentação de qualidade e que, sem sombre de dúvidas, contentou quem estava na Cidade do Rock.
Entre os destaques da apresentação do Panic! at the Disco, merecem citação a versão já tradicional que o grupo faz do clássico “Bohemian Rhapsody”, do Queen, além da execução do hit “High Hopes”, que ganhou enorme projeção no Brasil nas propagandas do aplicativo Globoplay nas telas da maior emissora do País.
Já o Red Hot Chili Peppers, que era o grande headliner da noite, trouxe uma mescla de ousadia e tradição. Houve quem se queixasse de clássicos deixados de fora, como “Suck My Kiss”, “Other Side” e “Higher Ground”. Mas é difícil desgostar do Red Hot ao vivo.
O guitarrista Josh Klinghoffer segura bem a onda diante da ingrata missão de sair da sombra do excelente e marcante John Frusciante. A noite do dia 3 de outubro, por sinal, marcou o show do Red Hot com o aniversário do atual guitarrista, que completou em 2019 seus 40 anos de idade, apesar de fisicamente aparentar bem menos, assim como os demais integrantes do grupo – todos bem mais velhos que ele.
Klinghoffer chegou a assumir os vocais, numa execução solo da música “I Don’t Wanna Grow Up”, originalmente gravada por Tom Waits, mas que ficou também conhecida por muitos numa versão dos Ramones.
A parte de covers da noite, por sinal, foi um ponto alto da noite, já que o Red Hot tirou da cartola dois clássicos do rock de distintas vertentes.
A primeira da noite foi nada menos que “I Wanna Be Your Dog”, do grupo The Stooges. A outra faixa foi “Just What I Needed”, do The Cars, que perdeu recentemente seu vocalista e fundador Ric Ocasek, morto em razão de doença cardiovascular.
A despeito de vários sucessos ficarem de fora do set list do Red Hot (vale lembrar também de ausências de clássicos, como “Knock Me Down” e “Under the Bridge”, que não são inseridos há tempos regularmente nos repertórios), a banda trouxe sucessos mais recentes que pareceram mais bem executados do que em vindas anteriores.
“Can’t Stop”, “Dark Necessities”, “Dani California” e “Go Robot” são exemplos dessa melhora e parecem estar ganhando roupagens de maior qualidade a cada show.
Entre os clássicos tocados, “Californication”, “By the Way” e “Give it Away” foram alguns dos destaques.
Entre as performances individuais, Chad Smith, na bateria, continua com aquela regularidade marcante. Flea, com seu baixo inconfundível, permanece como uma das figuras mais elétricas dos palcos do rock. Anthony Kiedis, por sinal, mantém a simpatia de sempre, mas também a irregularidade em várias canções executadas. Josh Klinghoffer nunca será um John Frusciante, mas claramente tem se esforçado para não frustrar os fãs do Red Hot.
O Roque Reverso descolou vídeos no YouTube que mostram vários momentos dos shows da quinta, 3 de outubro, no Rock in Rio. (Colaborou Flavio Leonel)
0 Respostas to “Em noite eclética no Rock in Rio, Red Hot mescla ousadia com tradição; Nile Rodgers dá aula e faz povo dançar”