KISS no Monsters of Rock 2015 - Foto: Divulgação KISS/M.RossiHeadliner do segundo e último dia do Monsters of Rock, o KISS justificou a tradição de banda mestre em shows de rock para diversão e realizou o maior espetáculo do festival que aconteceu na Arena Anhembi, em São Paulo, nos dias 25 e 26 de abril. Apoteótico, o grupo liderado por Gene Simmons (vocal e baixo) e Paul Stanley (vocal e guitarra) trouxe tudo aquilo que a multidão de fãs presentes desejava ver: uma chuva de clássicos do rock, efeitos pirotécnicos e visuais, além de performances específicas de cada integrante nos vários hits apresentados.

Com mais de 40 anos de estrada, a banda já mostra algumas limitações ligadas à idade dos componentes, especialmente em relação à voz de Paul Stanley, que tem 63 anos e só perde em experiência para Gene Simmons, de 65 anos. Dado este obrigatório desconto a algo tão óbvio, o show do dia 26 de abril de 2015 foi um momento inesquecível para quem foi ao Anhembi.

Se, por um lado, é uma grande ilusão querer ver o mesmo desempenho do auge da carreira do grupo nos tempos atuais, por outro, a experiência em espetáculos só cresce e, com isso, os integrantes tiram de letra um script que encanta há décadas seus seguidores.

Originalmente agendado para as 22h30, o show começou com cerca de 40 minutos de atraso. Logo após uma extensa sequência de testes no som e nas luzes que iriam ser usadas, o KISS subiu ao palco com nada menos que “Detroit Rock City”.

Logo após o imenso pano suspenso que escondia o palco cair, uma série de efeitos deu o tom de que o público seria bem servido naquele banquete de rock n’ roll. Para começar, a bateria de Eric Singer apareceu descendo vagarosamente até o solo, enquanto breves estouros eram gerados por fogos de artifício e vários pontos de raio laser propiciavam efeitos de luzes bastante interessantes.

Não bastasse a abertura com um de seus maiores hits, o grupo emendou uma sequência de clássicos de dar inveja. O que dizer de um show que traz uma trinca com “Creatures of the Night”, “Psycho Circus” e “I Love It Loud”? No fundo do palco, o imenso telão com imagens nítidas era alternado com o logo gigante do KISS e com mais efeitos visuais bem sacados.

Em “War Machine”, Gene Simmons manteve a tradição de cuspir fogo na primeira performance emblemática da noite, deixando o público vidrado. Em “Do You Love Me”, o telão trouxe várias fotos e cenas da carreira do KISS e foi possível relembrar os vários integrantes que passaram pela banda.

Vale destacar que Paul Stanley continua extremamente simpático com seu público. O vocalista não cansou de elogiar a plateia paulistana, enaltecendo desde a quantidade imensa de pessoas presentes no Anhembi até a bunda das brasileiras, eterno patrimônio nacional.

KISS no Monsters of Rock - Foto: Divulgação Midiorama/Francisco Cepeda e Joshua Bryan /AGNews-SPKISS no Monsters of Rock - Foto: Divulgação Midiorama/Francisco Cepeda e Joshua Bryan /AGNews-SPKISS no Monsters of Rock - Foto: Divulgação Midiorama/Francisco Cepeda e Joshua Bryan /AGNews-SPKISS no Monsters of Rock - Foto: Divulgação Midiorama/Francisco Cepeda e Joshua Bryan /AGNews-SP

Com a ótima “Deuce” e a mais recente “Hell or Hallelujah”, Stanley disse inicialmente que, com a primeira, resgataria uma clássica do passado. Para a segunda, brincou que ela poderia ser uma clássico no futuro.

A apresentação continuou quente com “Calling Dr. Love” e “Lick It Up”. Esta última, por sinal, tem o poder de fazer uma parcela maior do público cantar junto e nunca decepciona.

Uma nova participação decisiva de Simmons veio com “God of Thunder”. Com um solo de baixo que combinou imagens desesperadoras no telão e o músico simulando cuspir sangue, a plateia foi presenteada com o mais uma performance teatral daquelas que moldaram a imagem do KISS.

Não bastasse toda a encenação que prendeu a atenção do público, Simmons foi puxado para cima por um fio que o levou para um mini palco próximo do teto. Lá de cima, ele também brincou com a plateia, também elogiando a “bunda linda” das brasileiras.

Depois de “God of Thunder”, o KISS trouxe “Parasite”, que foi a grande novidade do show em São Paulo em relação aos demais que o grupo realizou em outras capitais do Brasil. Cheia de efeitos gerados por laser, a música foi menos comemorada do que deveria pelo público, que já mostrava sinais de cansaço, dado o horário naquele momento, já caminhando para a madrugada da segunda-feira.

Um dos pontos altos do show veio na sequência, quando Paulo Stanley, em “Love Gun”, viajou sobre o público por meio de um cabo especial, do palco principal até o topo da torre de som que ficava no meio da pista no Anhembi. Mesmo com a voz do guitarrista dando claros sinais de desgaste, a plateia curtiu muito aquele momento, que foi seguido pela execução de “Black Diamond”, cantada pelo baterista Eric Singer.

A volta para o Bis começou com “Shout It Out Loud”, seguida por “I Was Made for Lovin’ You”. Após as duas músicas, o KISS trouxe o grande clássico “Rock and Roll All Nite”, que levou todos no Anhembi ao êxtase, com uma imensa chuva de papel picado, a elevação de Gene Simmons e do guitarrista Tommy Thayer em duas plataformas que ficaram sobre o público e o grande final de Paul Stanley quebrando sua guitarra.

Descrever um show do KISS rico em efeitos e atrações diversas nunca é fácil, pois, por mais que o leitor tente imaginar o que foi o show lendo o texto, jamais sentirá a verdadeira emoção de estar presente no espetáculo. Em 1994, ainda no primeiro Monsters of Rock brasileiro, a banda veio sem máscaras e com bem menos efeitos, mas trouxe mais qualidade musical. Em 2015, o espetáculo predominou e nem de longe foi motivo de desagrado por parte do público.

Ao fim da apresentação, este jornalista presenciou, enquanto caminhava até a saída da arena, no mínimo, uns dez fãs chorando copiosamente após o término do show. Exageros de devoção à parte, uma banda qualquer não é capaz de causar tal repercussão. E o KISS, definitivamente, em todos estes anos de carreira, prova a cada dia que é um dos mestres do entretenimento musical. Grande apresentação e grandes momentos, que fecharam com chave de ouro o Monsters of Rock de 2015.

Para relembrar o espetáculo do KISS no festival, o Roque Reverso descolou vídeos no YouTube. Fique inicialmente com a abertura do show e “Detroit Rock City”. Depois, veja a banda tocando “Deuce” e “Love Gun”. Para fechar, fique com “Rock and Roll All Nite”.

Set list

Detroit Rock City
Creatures of the Night
Psycho Circus
I Love It Loud
War Machine
Do You Love Me
Deuce
Hell or Hallelujah
Calling Dr. Love
Lick It Up
Bass Solo
God of Thunder
Parasite
Love Gun
Black Diamond

Shout It Out Loud
I Was Made for Lovin’ You
Rock and Roll All Nite