O Cavalera Conspiracy finalmente se apresentou num local digno e condizente com a história de seus formadores em terras paulistas. Mais do que isso, a apresentação realizada no dia 12 de setembro num HSBC Brasil cheio pode ser considerada a melhor da banda de Max e Igor Cavalera no Estado de São Paulo, depois de outros três shows também bons, mas não tão vibrantes como o da casa próxima à Marginal Pinheiros.
Em 2010, no SWU Festival, a apresentação foi colocada num horário ruim que impediu quem trabalhou no dia de ver a banda pela primeira vez no País. Era uma segunda-feira, véspera de feriado, e o horário agendado ficou para antes das 19 horas, algo impensável para quem trabalhava em São Paulo e precisava pegar a Marginal Tietê para chegar a Itu, local do festival.
Em 2011, o grupo de Max e Igor foi uma grata surpresa na abertura do show do Iron Maiden no Estádio do Morumbi, mas o show foi curto. Em 2012, a banda fez várias apresentações em turnê própria pelo País, com destaque para a da capital paulista no Cine Joia. Mesmo com vários percalços, como mudança de local e cancelamentos, o Cavalera Conspiracy conseguiu satisfazer os fãs com uma ótima performance.
Faltava, porém, um show numa casa maior. Para os dois irmãos que fizeram do Sepultura um orgulho nacional, nada mais justo. Para o público presente no HSBC, uma apresentação contagiante de uma banda que vem ficando cada vez melhor ao vivo.
A apresentação já começou com o petardo “Inflikted”, faixa-título do álbum de estreia do grupo lançado em 2008. Com Max Cavalera como uma autêntico frontman, o público seguia todas as ordens do vocalista e cantava o refrão “Inflikted! Show no mercy! Muthafuckin’ wicked”.
Na sequência, foi a vez de o Cavalera executar as duas primeiras músicas do disco “Blunt Force Trauma”, que foi lançado em 2011. “Warlord” e “Torture” serviram para manter o público no clima e ligado para o que viria a seguir.
Se você está vendo um show de Max e Igor Cavalera, com certeza, não deixará de desejar ver a dupla relembrando os sucessos do Sepultura. Cientes dessa vontade do público, eles trouxeram um medley com três clássicos do grupo que fundaram: “Beneath the Remains”, “Desperate Cry” e “Troops of Doom”.
Já havia algumas rodas de mosh isoladas no HSBC, mas essas três músicas serviram para incendiar a plateia, a ponto de alguns fãs invadirem a pista vip e criarem uma nova roda.
Em mais uma dobradinha, agora com músicas do disco de estreia, o Cavalera Conspiracy trouxe “Sanctuary” e “Terrorize”, que mantiveram os fãs ligados. Além da clara alegria de Max e Igor, interessante notar as participações dos ótimos norte-americanos Marc Rizzo, na guitarra, principal, e Tony Campos, no baixo.
O show era intenso e a sequência dele contou com “The Doom of All Fires”, também do primeiro álbum e que não havia sido tocada na apresentação de 2012 em São Paulo. Depois, em mais um revival, foi tocada a música “Wasting Away”, do projeto paralelo Nailbomb, que Max criou na década de 90.
Para dar um refresco, o Cavalera executou a faixa “Babylonian Pandemonium”, que fará parte do novo álbum “Pandemonium”, previsto para o último trimestre deste ano. Com ela, o público ficou um pouco mais calmo e tentando sacar o novo som da banda.
De volta aos sons já conhecidos, a banda trouxe “Killing Inside”, música do “Blunt Force Trauma” que fez o HSBC tremer em vários momentos em virtude da levada bem pesada que possui.
Hora novamente de Sepultura e as escolhidas dessa vez foram nada menos que “Refuse/Resist” e “Territory”, do clássico “Chaos A.D.”, de 1993. Com a felicidade estampada na cara do público, o HSBC fez lembrar os bons tempos do saudoso Olympia e era difícil ver algum lugar sem rodas de mosh ou com bate-cabeça.
Em “Black Ark”, também do “Inflikted”, foi a vez de a banda convidar o enteado de Max, Richie Cavalera, para subir ao palco e cantar ao lado do vocalista. No fim da música, ele ainda pulou do nada na plateia que ficava na pista vip, chegando a assustar alguns mais desavisados, mas tudo estava dentro do script de grande show.
“Bonzai Kamikaze” foi a faixa seguinte. Também pertencente ao novo álbum e já divulgada pelo grupo na internet, ela foi saudada de maneira positiva pelo público e deve continuar fazendo sucesso nas apresentações porque é uma música vibrante.
Esta foi, por sinal, a última própria do Cavalera da noite, pois, depois, o que se viu foi só coisa do Sepultura. Mas pergunte ao povo presente se alguém se incomodou. Muito pelo contrário, o público foi simplesmente ao delírio com um desfile de clássicos de tirar o fôlego que valeu cada centavo pago no ingresso.
Em “Innerself” foi difícil ficar sem bater cabeça ou não entrar em alguma roda. Um dos principais clássicos do Sepultura teve uma execução digna do Cavalera Conspiracy. Max chegou a homenagear a mãe Vania Cavalera, que estava no HSBC, e a lembrar da gravação do clipe da música nas ruas de São Paulo. O público foi ao delírio com a performance da banda, que logo em seguida trouxe a sempre bem-recebida “Attitude”.
O esgotamento físico em plena sexta-feira depois de um show intenso como esse teve que ser adiado, pois o momento era de celebração do thrash metal. Não bastasse a ótima apresentação que já se via, foram convidados para subir ao palco alguns membros do Korzus e do Krisiun, grupos nacionais que haviam aberto de maneira digna para o Cavalera no HSBC.
Antonio Araújo (Korzus) e Alex Camargo (Krisiun), além de Marcus D’Angelo, da banda Claustrofobia, tiveram a honra de cantar a dobradinha “Arise” e “Dead Embryonic Cells”. Visivelmente emocionados com aquele momento, eles mandaram ver e o público cantou as faixas a plenos pulmões, num grande e histórico momento da apresentação.
Pensou que acabou? Nada disso. Na sequência, o Cavalera Conspiracy trouxe nada menos que “Osgasmatron”, cover histórico que o Sepultura gravou do Motörhead, e manteve a vibração da noite.
Para fechar a brilhante apresentação, não podia ficar de fora a obrigatória “Roots Bloody Roots”. O corpo já acusava o cansaço, mas não há headbanger brasileiro no mundo que não encontre um restinho de força para agitar neste clássico. Para esgotar de vez o corpo, o Cavalera ainda deu uma acelerada na faixa no final e o público transformou o HSBC numa imensa roda.
Ao final do grande show, o grupo foi ovacionado pelos fãs. No agradecimento à frente do palco, Max e Igor foram bastante aplaudidos e o baterista ainda levantou para a plateia uma camisa do Palmeiras em homenagem ao centenário clube de Palestra Itália, para novo delírio do bom número de palmeirenses presentes.
Para relembrar a apresentação do Cavalera Conspiracy no HSBC, o Roque Reverso descolou alguns vídeos amadores no YouTube. Fique inicialmente com o de “Inflikted”. Depois veja o do medley “Beneath the Remains/Desperate Cry/ Troops of Doom” que conseguiu captar apenas as duas primeiras. Para fechar, fique com “Refuse/Resist” e com a dobradinha “Arise/Dead Embrionic Cells”. Há no YouTube um vídeo muito bem gravado com o show quase na íntegra que pode ser conferido aqui.
Set list
Inflikted
Warlord
Torture
Beneath the Remains/Desperate Cry/ Troops of Doom
Sanctuary
Terrorize
The Doom of All Fires
Wasting Away (Nailbomb)
Babylonian Pandemonium
Killing Inside
Refuse/Resist
Territory
Black Ark
Bonzai Kamikaze
Innerself
Attitude
Arise/Dead Embrionic Cells
Orgasmatron
Roots Bloody Roots
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