Guns N’ Roses e The Who fecharam com chave de ouro a esquizofrênica noite de sábado, 23 de setembro, do Rock In Rio.
Foi a terceira noite de rock do evento, que havia ficado mais voltado ao pop uma semana antes.
Alternando entre o dançante e o roquenrow, o som mais pesado começou com o Titãs, cada vez mais desfalcado, mas com a energia e o peso dos melhores tempos da banda.
Para quem teve o privilégio de acompanhar o Titãs com formação completa, ou então na época em que o único desfalque era Arnaldo Antunes, é meio esquisito ver o palco tão vazio. As ausências também atrapalham um pouco quando o assunto é repertório, mas não falta música boa na vida dos Titãs.
A organização poderia muito bem ter invertido a ordem e colocado o Incubus para tocar antes do Titãs, principalmente no que diz respeito a envolvimento com o público. O Incubus fez um bom show, mas o alcance restrito de seu repertório entre os brasileiros talvez tenha atrapalhado um pouco a banda diante de uma multidão como a do Rock In Rio, que tinha as músicas do Titãs mais do que na ponta da língua.
The Who
Talvez mais esperada que a do Guns, presença cativa desde a segunda edição do Rock In Rio, em 1991, era a apresentação do The Who, que pela primeira vez em cinco décadas de carreira toca na América do Sul e, no sábado à noite, fez sua primeira aparição no festival, depois de um show histórico realizado no São Paulo Trip na quinta-feira, 21 de setembro.
E os britânicos não apenas superaram as expectativas. Divertiram-se no palco enquanto brindavam o público com boa música e simpatia. A energia de Roger Daltrey e Pete Townshend é impressionante.
O imenso palco do Rock In Rio pareceu pequeno demais para a grandeza do The Who durante as cerca de duas horas de duração do show. Enquanto Daltrey continua com o vozeirão em dia, Townshend mantém a pegada que o tornou famoso nos longínquos anos 1960, ainda ao lado do saudoso baterista Keith Moon.
E por falar em baterista, Zak Starkey, filho do Beatle Ringo Starr, é simplesmente fenomenal. Eu nunca o tinha visto tocar antes. E agora parece difícil pensar numa banda melhor que o The Who para Starkey esbanjar tanto talento nas baquetas.
O fato é que não faltou nada na apresentação do The Who. A não ser que exigíssemos a execução da discografia completa, ou talvez “Tommy” tocado na íntegra. Mas o fechamento não poderia ser mais apropriado, com “Baba O’Riley” e “Won’t Get Fooled Again” na sequência, provavelmente a mais eternamente atual entre todas as letras do The Who.
Guns N’Roses
Hora então de ver o Guns N’ Roses de volta ao Rock In Rio com Slash e Duff McKagan de novo na banda. Nada dos atrasos exagerados e desrespeitosos do passado. A banda foi quase pontual, subindo ao palco apenas alguns minutos depois do horário previsto. “It’s So Easy” e “Mr. Brownstone” logo de cara, só pra mostrar que ninguém estava ali para brincadeira e que a banda estava disposta a apagar a péssima impressão deixada no Rock In Rio de 2011.
Enquanto Axl Rose rapidamente mostrou um certo desgaste vocal, provável consequência da turnê de reencontro, Duff e Slash ajudaram a resgatar a essência da banda. Mesmo músicas que não pertencem à época clássica, como “Chinese Democracy” e “Better”, ficaram incomparavelmente melhores ao vivo com o baixista e o guitarrista solo da formação original. Ganharam em pegada e autenticidade.
No mesmo festival onde sons hoje considerados clássicos como “Estranged” e “You Could Be Mine” foram executados ao vivo pela primeira vez pelo Guns, 26 anos atrás, Slash mostrou que a sobriedade anda lhe fazendo muito bem. Já faz alguns anos que o guitarrista tem mostrado, show após show – seja no Velvet Revolver, em seu projeto com Myles Kennedy ou agora com o Guns -, que cada centavo do ingresso pago para lhe ver tocar ao vivo vale muito o suor.
Ao longo de mais de três horas, para quem talvez pudesse pensar que a organização havia trocado a ordem dos tratores, como era o meu caso, o Guns fez valer a honra de ter seu show aberto pelo lendário The Who.
No fim, o Guns, com o show de mais de 3 horas bateu um recorde. Superou o de Bruce Springsteen, em 2013, como o mais longo da história do Rock in Rio.
Set list do Guns
It’s So Easy
Mr. Brownstone
Chinese Democracy
Welcome to the Jungle
Double Talkin’ Jive
Better
Estranged
Live and Let Die
Rocket Queen
You Could Be Mine
Attitude
This I Love
Civil War
Yesterdays
Coma
Slash Guitar Solo
Speak Softly Love (Tema do filme ‘The Godfather”)
Sweet Child O’ Mine
Wichita Lineman
Used to Love Her
My Michelle
Wish You Were Here
November Rain
Black Hole Sun
Knockin’ on Heaven’s Door
Nightrain
Sorry
Patience
Whole Lotta Rosie
Don’t Cry
The Seeker
Paradise City
Set list do The Who
I Can’t Explain
Substitute
Who Are You
The Kids Are Alright
I Can See for Miles
My Generation
Bargain
Behind Blue Eyes
Join Together
You Better You Bet
I’m One
5:15
Love, Reign O’er Me
Amazing Journey
Sparks
Pinball Wizard
See Me, Feel Me
Baba O’Riley
Won’t Get Fooled Again
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