O Whitesnake voltou a São Paulo em 2013 para ser a penúltima atração do dia 20 de outubro, o segundo e último do Monsters of Rock. Para uma Arena Anhembi com cerca de 30 mil pessoas, a banda liderada por David Coverdale fez, sem sombra de dúvida, uma de suas melhores atuações em solo paulistano e, para o Roque Reverso, levou o caneco de apresentação mais vibrante e empolgante do festival.
Amparado por uma qualidade de som excelente e também apoiado por uma quantidade surpreendente de fãs, numa noite que tinha o Aerosmith como atração principal, o Whitesnake fez a alegria do público com um set list repleto de clássicos e que ainda contou com várias músicas do Deep Purple como bônus, lembrando a fase na qual Coverdale passou pela lendária banda britânica.
Vale recordar que o Whitesnake havia passado pelo mesmo Anhembi em 2011 quando tocou antes do Judas Priest. O grupo de hard rock também havia empolgado o público naquela ocasião, mas, no Monsters, não só houve mais vibração da platéia, que cantava quase todas as músicas, como a banda tocou com um tesão ainda maior.
A impressão era de que o Whitesnake tinha a noção exata que a apresentação do Monsters era algo de maior exposição e importância. Não por acaso, o show foi transmitido pelo canal de TV Multishow, bastante criticado por não ter conseguido captar o mesmo som que o público do Anhembi tinha à disposição.
O grupo já subiu ao palco no estilo arrasa-quarteirão. Começou com o hit “Give Me All Your Love” e já ganhou o público logo de cara. Era possível ver gerações distintas cantando junto com a banda, do neto ao avô, numa prova de que não existe idade para começar ou para parar de curtir o bom e velho rock n’ roll.
Sempre simpático e sabedor de sua condição de lenda do rock, David Coverdale estava trajando uma camisa branca com desenhos que lembravam a bandeira do Brasil. Para alguns, pode até parecer piegas a atitude do vocalista, mas, para a imensa maioria presente ao show, foi uma atitude extremamente louvável, se comparado a outras estrelas que sequer conversam com o público.
Após executar a música “Ready an’ Willing”, do disco de mesmo nome, de 1980, o grupo trouxe o seu maior sucesso, a canção “Love Ain’t No Stranger”, que fez todo o Anhembi vibrar e pular.
Interessante observar a diferença de público das duas noites do Monsters. Enquanto, no primeiro dia, havia mais adolescentes e aquela sensação de “perigo” de quem encara o evento como uma batalha, especialmente no viciante show do Slipknot; no segundo dia, havia um enorme público feminino e um clima de curtição espalhado pela Arena.
O Whitesnake não estava para brincadeira. E trazia seu vasto repertório de hits para a plateia degustar. “Is This Love” foi a canção seguinte, que fez muitas meninas chorarem e se descabelarem por Coverdale e seus asseclas.
Das mais antigas, “Slide It In” com trecho de “Slow an’ Easy”, às mais novas, como a boa “Love Will Set You Free”, que faz parte do disco mais recente da banda (“Forevermore”, de 2011), a energia do Whitesnake fazia esquecer que ele estava sendo comandado por um senhor de 62 anos nos vocais. Vez ou outra, a voz de Coverdale até dava umas pequenas rateadas, mas, com anos de estrada nas costas, o veterano contornava o problema e nadava de braçada com o público na mão.
Talvez, se não houvesse tantos solos seguidos, primeiro com os guitarristas Doug Aldrich e Reb Beach e, depois com o excelente baterista Tommy Aldridge, o show continuasse na temperatura máxima. Não que tenha ficado sem vibração da plateia nos solos, mas é natural que o público, neste momento da apresentação, passe mais a contemplar do que a agitar.
Depois do descanso que Coverdale teve durante os solos, a banda voltou a pleno vapor com “Fool For Your Loving”, em mais uma demonstração de entrosamento cada vez mais claro entre os músicos da formação atual.
Após a execução de “Bad Boys”, foi a vez de “Here I Go Again”, que trouxe alguns momentos surpreendentes de Mr. Coverdale. Na clássica “Still of the Night” (a preferida deste jornalista que vos escreve), a constatação de que o Whitesnake, para o bem do rock, ainda precisa continuar por muito tempo na estrada para satisfazer os fãs da boa música.
Não bastasse toda a eficiência com suas próprias músicas, ficou para o final da apresentação um bônus com canções do Deep Purple, todas da época em que o vocalista passou pela lendária banda.
Inicialmente, à capela, Coverdale deu mais de um de seus shows particulares cantando lindamente a maravilhosa “Soldier Of Fortune”. Na sequência, o Whitesnake trouxe sua versão para a megaclássica “Burn”, com direito a um trecho generoso de “Stormbringer”.
Essas três últimas músicas não foram uma surpresa para a plateia, já que no próprio show de 2011, no mesmo Anhembi, elas haviam sido tocadas. Ficou clara, no entanto, a percepção de que houve uma imensa evolução em relação à apresentação de dois anos antes, com um entrosamento bem interessante entre os músicos.
Com o final do show, a banda inteira agradeceu ao público e foi solenemente aplaudida. Para quem esperava apenas um show protocolar do Whitesnake, o grupo surpreendeu na pegada e na vibração, detalhes que são meio caminho andado para a satisfação dos fãs.
Para relembrar os bons momentos do show do Whitesnake no Monsters of Rock, o Roque Reverso descolou vídeos no YouTube. Para começar, fique com a abertura da apresentação e com a música “Give Me All Your Love”. Depois, assista aos vídeos de “Love Ain’t No Stranger” e “Still of the Night”. Para terminar, fique com as homenagens ao Deep Purple: “Soldier Of Fortune” e “Burn” com “Stormbringer”.
Set list
Give Me All Your Love
Ready an’ Willing
Love Ain’t No Stranger
Is This Love
Slide It In / Slow an’ Easy
Love Will Set You Free
Pistols at Dawn
Steal Your Heart Away
Fool For Your Loving
Bad Boys
Here I Go Again
Still of the Night
Soldier Of Fortune
Burn/Stormbringer
Coverdale deus!
Muita boa a crítica do show do Whitesnake, deixou clara que o espetáculo foi muito bom. Só faço aqui uma ressalva: me pareceu curto o show pelo número de músicas tocadas. Acho que merecia ser um pouco maior pelo número de sucessos que a banda tem e poderiam ser tocados, mas o set list aual é bom. E abrir com um clássico como give me all Your love foi demais!!! Deve ter emocionado velhos fãs mesmo!.
Este é um detalhe que realmente foi bem notado por vc, Rafael!
É aquele show que não deixa ninguém no tédio e que sempre a pessoa fica querendo um pouco mais!
E muito obrigado pelo elogio!