O Sepultura surpreendeu mais uma vez seus fãs nesta terça-feira, 27 de fevereiro, quando anunciou a saída do baterista Eloy Casagrande do grupo. Em comunicado nada amistoso e deixando claro que a decisão de Casagrande foi totalmente inesperada, o Sepultura também anunciou a entrada do novo baterista, o norte-americano Greyson Nekrutman, que já passou pelo Suicidal Tendencies.
A saída de Eloy Casagrande é mais uma página do melancólico fim que os integrantes atuais do grupo resolveram antecipar com uma turnê de despedida de 18 meses que também comemorá os 40 anos da banda, conforme anúncio, também surpreendente, feito em dezembro.
“No último dia 6 de fevereiro, em uma reunião extraordinária, o baterista Eloy Casagrande comunicou à banda e aos empresários que está se desligando do Sepultura pra seguir carreira em outro projeto”, destacou o Sepultura, em comunicado oficial, lembrando dos compromissos feitos, ensaios marcados e toda estrutura já montada para a turnê de despedida.
E destacou o grupo: “Fomos pegos de surpresa, sem aviso prévio ou qualquer tipo de debate sobre como fazer a transição. A comunicação foi feita e ele se desligou imediatamente da banda, abandonando tudo relacionado ao Sepultura.”
Horas depois do anúncio do Sepultura e de toda a comoção gerada entre os fãs, Eloy Casagrande soltou também um comunicado, agradecendo a experiência de tocar na “maior banda de metal brasileira”, mas destacando que foi uma escolha de um novo ciclo.
“Talvez para os fãs da banda não faça sentido neste momento, mas decisões precisaram ser tomadas pensando em novos ciclos que virão”, escreveu Eloy Casagrande. “Somos feitos de escolhas e elas nem sempre se dão de maneira fácil. A minha saída jamais apagará meu respeito e gratidão à banda.”
Desconforto
Para quem se lembra da coletiva de anúncio da turnê de despedida do Sepultura foi bastante fácil notar o desconforto de alguns integrantes em relação à decisão do fim do grupo. E Eloy pareceu o mais desconfortável naquele momento.
Bem mais novo do que os demais integrantes, não há surpresa alguma na decisão de um dos melhores bateristas do mundo, de buscar algo gratificante e que tenha futuro, e não continuar numa banda que está decretando o fim, contestado por vários fãs e por esta equipe do Roque Reverso.
A despeito de alguns influencers da internet que costumam passar recibo para tudo que as bandas fazem e evitam criar atrito, este veículo de imprensa sempre achou a decisão do Sepultura de encerramento de carreira prematura e delicada demais para um grupo no qual os membros remanescentes lutaram tanto para continuar, após as saídas de seus integrantes históricos principais e cofundadores: os Irmãos Cavalera.
A saída agora anunciada de Eloy Casagrande passa uma sensação de “o último que sair apague a luz” para um grupo que, pela qualidade dos músicos e idade muito menor do que a de bandas mais antigas do gênero, teria ainda muita lenha para queimar e a possibilidade de gravar mais álbuns elogiados pela crítica e público.
Quem viu os shows do Sepultura com Eloy Casagrande na bateria sabe muito bem da satisfação empolgante que ele demonstrava tocando com a banda. Era claramente um cara realizando o sonho de tocar no grupo que é eternamente orgulho nacional e um dos maiores nomes do heavy metal em toda a história.
A opção pelo fim da carreira, liderada claramente pelo guitarrista Andreas Kisser, parece ter sido aquela ducha de água fria que o ser humano costuma ter em alguns momentos-chave da vida.
Para um músico jovem que é considerado por muitos como um dos melhores do planeta, nada mais desestimulante do que tocar numa banda que fará shows de despedida. É algo diferente de um KISS ou de um Ozzy Osbourne, com integrantes bastante idosos ou doentes, mas que aguentaram até não poder mais.
O que vem pela frente
Muito se especulou da possibilidade de Eloy Casagrande ir para o Slipknot, atualmente sem baterista, após a demissão em novembro de Jay Weinberg. Mas nada foi confirmado por Eloy, que atualmente está envolvido no projeto Casagrande & Hanysz.
Sobre o Sepultura, o Roque Reverso continua acreditando que, com todas as demonstrações recentes de Max e Igor Cavalera sobre a história da banda, inclusive com a ótima regravação do EP “Bestial Devastation” e do álbum “Morbid Visions”, que estão entre as melhores coisas feitas no heavy metal em 2023, a história do fim do Sepultura está muito longe de um fim.
E que muita coisa ainda deve acontecer até que o encerramento da banda, pelos atuais integrantes, seja consumado.
Sepultura anuncia saída do baterista Eloy Casagrande e entrada de Greyson Nekrutman

