26
jul
20

Morre Peter Green; vai-se uma parte da essência do blues inglês

Por Marcelo Moreira, do blog Superball Express

Ele era esquisito – sempre foi. Parecia que gostava mais da guitarra do que de seres humanos. Era doce, gentil e tímido, mas poderia se tornar irascível e intratável em pouco tempo. Só a guitarra e o blues o acalmavam.

Peter Green era indissociável do instrumento musical. Podia ser instável, mas era extremamente focado quando subia no palco e entrava no estúdio. Era tão respeitável e venerado que uma banda com potencial incrível mudou de nome para agraciá-lo, quando entrou. E o Fleetwood Mac virou Peter Green’s Fleetwood Mac no final dos anos 60.

Um dos mestres do rock e do blues britânicos morreu neste sábado, 25 de julho, aos 73 anos de idade. Debilitado há muito tempo, teve uma sobrevida musical a partir dos anos 90 com a ajuda de muitos amigos. Ainda tocava muito, com destreza, mas perdera o brilho e praticamente não se comunicava com a plateia.

Há quem diga que ele foi um dos taletos perdidos da guitarra, ao lado de gente como Paul Kossoff (Free) e Tommy Bolin (Deep Purple, James Gang e Zephyr), com a enorme diferença de que permaneceu vivo, mesmo que sequelado.

Meio que surgiu do nada no circuito de jazz e blues londrino muito jovem. Não ligava para o rock, mas se encantava com todos os músicos de blues com quem topava.

Com fraseado limpo e certa velocidade nos solos, com feeling esplendoroso, chamou a atenção de muitos “olheiros”, e acabou sendo um dos substitutos de Eric Clapton nos Bluesbreakers do mestre John Mayall.

Encantou, mas sua instabilidade logo o levou para outros ares a partir de 1967, e foi laçado pelo amigo baixista John McVie, um antigo companheiro de Bluesbreakers.

O Fleetwood Mac já existia, ao lado de outro amigo, o baterista Mick Fleetwood, e fizeram a deferência de colocar o nome do novo guitarrista na designação oficial.

Ao lado do Savoy Brown, a nova banda,um quinteto, logo virou sensação do blues britânico em 1968, com Green se tornando um instrumentista incendiário e matador, logo comparado a Clapton e Jimi Hendrix.

Tímido e avesso a badalações, apostava tudo na guitarra e logo começou a mostrar os sintomas de alguma perturbação, brigando muito com os colegas e desaparecendo às vezes antes e mesmo durante os shows.

Jornais da época mostram que os problemas atingiram o auge quando o Fleetwood Mac se preparava para estourar, em 1970.

Exasperado com o começo da fama e exausto com a agenda carregada, Green sumiu de vez e deixou a banda na mão, que só voltaria a ter alguma esperança três anos depois, com novos integrantes, nova orientação musical e critérios mais flexível para atingir o sucesso.

O guitarrista, por sua vez, abraçou algumas seitas religiosas e passou por tratamentos psiquiátricos até ser resgatado no fim dos Anos 70 por amigos. Algumas vezes em estado catatônico, retornou lentamente ao circuito de pubs e realizou algumas gravações desde então.

Nos anos 90, a carreira ganhou novo rumo, com mais amigos se engajando em suas apresentações e uma ajuda preciosa de Gary Moore, que lançou o CD “Blues For Greeny”, só com clássicos que marcaram a carreira do mestre. Desde então foram vários CDs e turnês, com o músico em forma, aparentemente recuperado, mas pouco comunicativo.

Segundo a família do guitarrista, em comunicado lacônico, ele morreu enquanto dormia, sem divulgar a verdadeira causa da morte.


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