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30 anos do álbum ‘The Real Thing’, clássico que catapultou a carreira do Faith No More

O dia 20 de junho de 2019 marca o aniversário de 30 anos do grande disco “The Real Thing”, do Faith No More. O álbum foi o responsável por catapultar mundialmente a carreira da banda norte-americana, até então mais bem restrita ao cenário alternativo e do heavy metal.

“The Real Thing” também simbolizou uma transição importante do FNM, já que marcou também o primeiro disco com o talentoso Mike Patton nos vocais.

Ele substituiu o vocalista Chuck Mosley, que ficou no grupo entre 1984 e 1988 e cantou nos dois álbuns anteriores: “We Care a Lot” (1985) e “Introduce Yourself” (1987).

A entrada de Patton é fundamental para o sucesso de “The Real Thing”, não apenas por ele ser um vocalista melhor mas também por sua capacidade com as letras.

Patton compôs todas as letras do disco, com exceção da faixa cover “War Pigs” do Black Sabbath. Em duas músicas (“The Real Thing” e “Surprise! You’re Dead!”), o vocalista conta com parceria, pela ordem, com o baixista Billy Gould e com o guitarrista Jim Martin.

Gould e Martin, por sinal, assinam a única faixa instrumental do disco: “Woodpecker from Mars”. As demais melodias das faixas são distribuídas entre os membros do grupo, com grande participação do baixista.

Este é um ponto importante, já que a banda, desde o primeiro álbum, tinha a fama de ter sido uma das precursoras do funk metal, estilo dentro do heavy metal no qual o baixo é marcado claramente por elementos do funk.

O álbum “The Real Thing” mantém os elementos do funk metal, mas é mais melodioso, denso e pesado que os anteriores. Com o vocal de Patton e suas letras que não passavam sem ser notadas, o disco rumou naturalmente para o sucesso, à espera apenas de uma fagulha que fizesse que o FNM estourasse.

Esta fagulha se chamava “Epic”, clássico histórico não somente dentro do heavy metal, mas de todo o rock e da música. Com um clipe muito bem feito e que bombou de maneira gigantesca na MTV, a canção do Faith No More, que havia sido lançada em janeiro de 1989 como o primeiro sigle do álbum, chegou ao topo das paradas no mundo todo e a banda virou presença obrigatória nos principais festivais e eventos.

“Epic” é a segunda música do disco. A primeira, “From Out of Nowhere”, também ganhou clipe e foi o terceiro single do álbum. Com uma levada mais rápida, ela também não tem o peso do baixo de outras faixas do FNM, mas conta claramente com uma participação maior dos teclados de Roddy Bottum.

O baixo volta com força em “Falling To Pieces”, a terceira faixa do disco e o segundo single com clipe, também com grande sucesso na MTV. “Gotas de sim e não. Em um oceano de talvez” era um dos trechos mais marcantes da letra da música e mostrava todo o talento de Mike Patton.

A quarta faixa, “Surprise! You’re Dead!” é, de longe, a mais pesada do disco. Com uma levada mais próxima do thrash metal, ela agradou em cheio os fãs que torciam um pouco o nariz para o estrelato do FNM na MTV. Com isso, a banda conseguia reunir, ao mesmo tempo, o grupo de fãs mais ligados ao pop rock da MTV e também as meninas loucas pelo lado sex simbol de Patton, como ainda os fãs mais exigentes do heavy metal.

“Zombie Eaters” é a faixa que fechava o então Lado A dos discos de vinil. Com uma letra muito bem feita de Patton e com um arranjo que traz várias mudanças ao longo da execução, a música nunca ganhou o reconhecimento que merecia comercialmente. Mas o fã mais atento do FNM sempre soube da qualidade dela.

O então Lado B começa com a faixa que dá nome ao disco. Tal qual “Zombie Eaters”, a música traz um arranjo de grande qualidade e várias viradas, mas traz um pouco mais de peso.

O fã do FNM sabe muito bem que “Epic”, “Falling to Pieces” e “From Out of Nowhere” são as maiores responsáveis pelo estouro comercial do grupo, mas também tem a noção da importância musical de “Surprise! You’re Dead!”, “Zombie Eaters” e “The Real Thing”. É como se as três primeiras servissem como um “carro-chefe”, para preparar o terreno, e as três últimas como o elemento ratificador de qualidade da banda.

“Underwater Love” e “The Morning After” estão muito longe de receber alguma crítica como faixas fracas, mas não tem a mesma pegada das música anteriores. Somadas à instrumental “Woodpecker from Mars”, elas servem para dar um respiro após tanta novidade de qualidade, melodia e peso para aquela época.

O peso volta na sequência com nada menos que “War Pigs”, do Black Sabbath. Para muitos, é a melhor versão da música, depois da original, com grande participação do baterista Mike Bordin e, principalmente, do guitarrista Jim Martin, que traz um solo magnífico numa faixa que tem simplesmente o mago dos riffs Tony Iommi historicamente brilhando na versão original.

O disco se encerra com uma balada de respeito: “Edge of the World”, que ficou famosa também por um clipe ao vivo gravado na Brixton Academy, em Londres, que fez parte depois do álbum “Live at the Brixton Academy”, de 1991.

Não há dúvida de que o papel da MTV na carreira do FNM foi fundamental. A banda, no entanto, trouxe com o ótimo “The Real Thing” o disco que mudou o rumo da história dos músicos e que caiu no gosto dos amantes da boa música.

Para alguns, os disco seguinte de estúdio “Angel Dust” traria um Faith No More ainda mais maduro, mas “The Real Thing” é o álbum de maior relevância na carreira da banda.

O terceiro trabalho de estúdio da carreira do FNM e que é foco desta resenha faz parte da seleta lista do livro “1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer”, de Robert Dimery.

Para celebrar os 30 anos do disco “The Real Thing”, o Roque Reverso descolou clipes e vídeos no YouTube. Fique inicialmente com ultraclássico clipe de “Epic”, seguido pelos clipes de “Falling to Pieces” e “From Out of Nowhere”. Na sequência, fique o clipe ao vivo de “Edge of the World” . Se quiser ouvir o disco na íntegra, clique aqui.


6 Respostas to “30 anos do álbum ‘The Real Thing’, clássico que catapultou a carreira do Faith No More”


  1. 1 Ricardo Gozzi
    21 de junho de 2019 às 18:28

    Talvez mais do que a MTV, o show do FNM no Rock In Rio 2, em janeiro de 1991, foi fundamental para consolidar a banda como uma das grandes revelações daquele período. Pouca gente conhecia a fundo o Faith No More na ocasião, mas ninguém foi capaz de ficar indiferente ao show.

    • 21 de junho de 2019 às 23:22

      Acho que isso foi mais no Brasil.
      Mundialmente, o FNM estava bombando.
      O Rock in Rio foi em 1991. Durante o Ano todo de 1990, estava surfando internacionalmente no sucesso incrível de Epic! 😉

  2. 3 demetriuscarvalhoblah
    24 de junho de 2019 às 21:25

    Sou do time que conheceu o FNM durante o Rock in Rio 2. A grande expectativa da noite era o Guns que foram (não só para mim) engolidos pelo FNM. Uma sequência de músicas fenomenais que eu desconhecia. Ao tocar War Pigs, quase piro. Daí para frente fui abduzido pelo som deles.

    Como músico, tenho minhas “birras” de quando um músico leva toda a fama da banda e assim foi com Mike até ouvir outros trabalhos anteriores dele. Os próprios primeiros discos do FNM, acho “legaizinhos” mas nunca me causariam tanto impacto como com o novo vocal. A própria guitarra de Jim Martim e aquele visual (e diga-se a porção mais metal da banda junto a bateria) e pensei “deu ruim” quando ele saiu. Mas daí, vou dizer dos melhores discos do quinteto na minha opinião que vem na sequência?

    Um disco divisor de águas e que influenciou por completo os músicos que viriam. Um aluno meu mais novo discordou. Disse para ele: pesquise os ídolos de seus atuais ídolos e ele teve que rever seu conceito sobre.

    Do ponto de vista técnico, ainda digo o seguinte, eles pegaram a transição da gravação analógica para a digital e ainda pesquisava-se de como obter o melhor som mas garanto, ao vivo, é um verdadeiro petardo!

    • 24 de junho de 2019 às 21:33

      Pode crer.
      A gente, por sinal, trocou ideia pela primeira vez durante um show do FNM.
      Ao vivo, sempre é muitíssimo melhor.
      O show do Rock in Rio é imbatível.
      Dos que vi ao vivo, meu preferido é o do Maquinaria Festival.

  3. 24 de junho de 2019 às 21:38

    Conheci o FNM bem antes do Rock in Rio porque o Walcir Chalas, da Woodstock, adorava a banda e apresentou o grupo no lendário Comando Metal, da 89FM.
    Tocava sempre uma ou outra nos programas a cada domingo.
    E eu, como a maioria da galera, ficava esperando as músicas para guardar numa fita cassete.
    Daí, veio a MTV Brasil, os clipes grandiosos para a época passados a todo momento e a gente ficou ainda mais fã.
    Rock in Rio foi a cereja do bolo! 😉

  4. 6 Lucas Cantino
    25 de junho de 2019 às 16:36

    Muito bom , amo esse Álbum. E conforme os anos foram passando ,fui apreciando mais e mais o Billy Gould.


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