Kid Vinil - Foto: Reprodução FacebookMorreu nesta sexta-feira, 19 de maio, um dos maiores ‘embaixadores’ do rock nacional. Antônio Carlos Senefonte, conhecido popularmente como Kid Vinil, faleceu aos 62 anos de idade em São Paulo, depois de passar pouco mais de um mês internado. Ele estava em coma induzido no Hospital TotalCor, que confirmou a morte via assessoria de imprensa.

A internação de Kid Vinil foi feita desde que ele passou mal após um show num festival retrô, no dia 15 de abril na cidade de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais. Lá, ele seguiu para o Hospital e Maternidade São José, onde fez uma bateria de exames e recebeu todos os cuidados da equipe médica responsável.

Depois de uma parada cardiorrespiratória, ele seguiu em coma induzido e, após uma campanha que chegou a ser veiculada pela internet, conseguiu um traslado de helicóptero para São Paulo no Hospital da Luz, para na sequência ser encaminhado ao TotalCor.

Neste dia 19 de maio, um dia após a notícia da morte de outro grande nome do rock, o vocalista Chris Cornell, do Soundgarden e do Audioslave, Kid Vinil não resistiu e deixou o rock nacional, já tão carente de novidades, ainda mais desfalcado. No caso dele, a perda é irreparável, já que foi um dos maiores responsáveis pela construção do estilo no Brasil.

Músico, jornalista, radialista, executivo de gravadora, apresentador de TV e, acima de tudo, um amante do rock n’ roll, Kid Vinil era uma verdadeira enciclopédia do estilo.

Começou a vida profissional na gravadora Continental e deu início à vida punk com a banda Verminose. Tempos depois, passou para a gravadora Warner e estourou na cena musical com o grupo Magazine, dos hits históricos “Sou Boy” e “Tic-tic nervoso”.

Na TV, Kid teve passagens marcantes pela TV Cultura, onde apresentou os programas “Boca Livre” e “Som Pop”, este último uma verdadeira aula semanal de música nos Anos 80, com clipes e histórias de bandas nacionais e internacionais que ainda não tinham a MTV na época para a aparecer. Na sequência, na MTV, ele passou pelo grande programa “Lado B”, que trazia a cena alternativa do rock.

No rádio, Kid Vinil passou pelas emissoras Excelsior, Antena 1, 89FM, 97FM e Brasil 2000. Em todas elas, trouxe programas inovadores. Atualmente, apresentava na 89FM o “Programa do Kid Vinil” às quintas-feiras.

Nas diversas gravadoras que trabalhou, lançou no Brasil os catálogos de vários artistas, como Frank Zappa, Belle & Sebastian, Guided by Voices, Meat Puppets, Yo La Tengo e Cat Power, entre outros. Grupos nacionais, como o Ira! e o Ultraje a Rigor também foram revelados nos programas apresentados pelo grande sujeito.

O Roque Reverso tem uma grande proximidade com o músico. Em 2015, chegou às lojas o livro “Kid Vinil – Um herói do Brasil”, escrito um dos editores deste veículo, o jornalista Ricardo Gozzi, em parceria com o músico Duca Belintani.

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Repercussão

A morte de Kid Vinil gerou repercussão geral em todo o rock nacional. Diversos artistas e pessoas ligadas ou não ao gênero prestaram homenagem a ele.

“Kid querido… meu professor … descanse em paz”, escreveu João Gordo, do Ratos de Porão, no Twitter.

“Conheci Kid Vinil aos 14 anos na Wop Bop Discos na Galeria do Rock! Ele não morre, sai de catálogo! RIP meu amigo querido”, destacou o músico Paulo Ricardo, do RPM, no Instagram.

“Valeu, Kid”, escreveu Arnaldo Antunes no Twitter, postando junto uma foto dos Anos 80. “Amigos, acabei de receber a mais triste notícia de que meu amigo e professor Kid Vinil faleceu hoje a tarde. Muita tristeza!”, disse Luiz Thunderbird, na mesma rede social.

“A verdade é que o rock continua perdendo pessoas bacanas”, destacou o jornalista José Norberto Flesch. “Morre um dos caras mais importantes para a new music, de onde viemos e para onde vamos. RIP, Kid Vinil!”, escreveu o colega de profissão Lúcio Ribeiro.

Nas rádios de rock paulistanas, como a Kiss FM e a 89FM, a tristeza também era muito grande nos programas do fim de tarde. Na 89FM, outra enciclopédia do gênero, Roberto Maia, destacou quanto Kid Vinil foi seu amigo e o quanto aprendeu com ele. Maia vinha discotecando com Kid em várias baladas paulistanas e lamentou que não iria encontrar mais o amigo nas “Pickups”.

O programa “Quem Não Faz Toma”, também da 89FM e que é marcado pelo humor, talvez, tenha sido um dos mais tristes já realizados. O músico e apresentador Tatola Godas chegou a chorar no ar quando começou a falar de Kid Vinil e dos grandes momentos vividos ao lado do cantor. Também revelou que os donos da rádio providenciaram o helicóptero que fez a transferência de Minas para São Paulo, quando souberam da campanha.

Este jornalista tem alguns nomes importantes do rock nacional que ajudaram a moldar seu gosto musical em diversas fases da vida. Kid Vinil foi um dos primeiros desde a época do saudoso “Som Pop” da TV Cultura. No atual cenário do estilo por terras nacionais, o grande sujeito fará uma enorme falta.

Para homenagear um dos grandes “embaixadores” do rock no Brasil, Roque Reverso descolou clipes e vídeos no YouTube. Fique inicialmente com o clipe de “Eu Sou Boy”, do Magazine. Depois, veja Kid e o Magazine tocando “Tic Tic Nervoso”, no programa “Vamos Nessa”, do SBT, na década de 80. Para fechar, assista ao clipe feito pela Rede Globo para a música “Comeu” e passado no programa “Fantástico”. RIP Kid!!!