"5150" - Reprodução da capa do discoPor Rafael Franco*

Lançando pela gravadora Warner Bros. Records em 1986, o disco “5150”, do Van Halen, completa 30 anos de seu lançamento nesta quinta-feira, dia 24 de março de 2016. Sétimo álbum de estúdio do grupo, ele marcou o início de uma segunda era gloriosa e de muito sucesso para a banda, considerada uma das melhores do cenário do rock em todos os tempos.

Foi o primeiro disco lançado pelo grupo após a primeira saída de David Lee Roth, lendário vocalista que acabou deixando a banda por causa de atritos com Eddie Van Halen, guitarrista já consagrado, que, ao lado do irmão e baterista Alex, batizou com o seu sobrenome o quarteto que então também contava com Michael Anthony (baixista).

A saída de Lee Roth ocorreu depois da turnê de promoção do icônico disco “1984”, também um grande sucesso do Van Halen, cujo principal hit, “Jump”, foi o único single da banda a alcançar o topo das paradas da Billboard. Mas, apesar da saída do astro, o Van Halen voltou em grande forma em 1986 com a introdução de Sammy Hagar como vocalista.

Dono também de uma voz poderosa, embora sem a mesma técnica vocal de seu antecessor, Hagar já era um artista solo de sucesso depois de ter feito parte da banda Montrose. E ele acabou encaixando perfeitamente no grupo para um disco que se tornaria o primeiro do Van Halen a encabeçar o top 200 da Billboard.

O sucesso meteórico com Hagar não era para menos, pois, de uma vez só, o Van Halen produziu, em um mesmo álbum com seu novo frontmen, hits como “Why Can’t This Be Love”, “Dreams”, “Best of Both Worlds” e “Love Walks In”, que parecem ter nascido para servir como trilhas sonoras de comercial ou filmes, assim como as ótimas “Good Enough”, “Summer Nights” e “5150”, esta a faixa-título que é a designação para um código médico que aponta “desordem mental com perigo para quem está por perto”.

Em meio ao peso de quase todas as faixas, “Love Walks In” se destaca com uma balada romântica que traz um incrível solo produzido por Eddie, outro diferencial deste álbum cheio de vigor.

A brincadeira com o nome escolhido para o disco se estende ao seu encarte, no qual a banda posa para uma foto usando camisas de força e com Hagar sentado em uma cadeira de rodas, como se fosse o “novo louco” a formar o quarteto.

Já a capa do disco deixa claro que o grupo faz referência ao som pesado exibido no álbum. Um halterofilista é retratado como se estivesse carregando uma bola de aço enorme, que traz o símbolo da banda (o VH clássico entrelaçado por três faixas horizontais). Depois, na contracapa do encarte do disco, uma foto mostra o mesmo homem musculoso da capa caído no chão e a bola de aço rachada com os quatro integrantes do grupo saindo de dentro dela.

As outras duas faixas deste álbum, “Get Up” e “Inside”, embora bem menos melodiosas do que as outras, trazem a inquestionável qualidade musical e instrumental da banda, liderada por Eddie, reconhecidamente um dos maiores guitarristas de todos os tempos. Com riffs e solos antológicos, ele mais uma vez “carrega nas costas” a levada das músicas do álbum, como já havia acontecido nos seis discos de estúdio anteriores: “Van Halen” (1978), “Van Halen II” (1979), “Women and Children First” (1980), “Fair Warning” (1981), “Diver Down” (1982) e “1984”, este último que faz referência ao ano de seu próprio lançamento.

Ao produzir essa obra-prima do rock já em seu primeiro disco com o recém-contratado vocalista, o Van Halen viu o “5150” se tornar o seu primeiro álbum a chegar ao topo do ranking de vendas, tendo comercializado pelo menos 6 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos.

Assim, o ótimo disco também acabou servindo para acalmar fãs da banda, antes resignados com a saída de Lee Roth, e que depois veriam a banda lançar mais três ótimos álbuns de estúdio: “OU 812” (1988), “For Unlawful Carnal Knowledge” (1991) e “Balance” (1995), este o último com Hagar, que, em 1996, acabaria deixando a banda por desentendimentos com o grupo.

Produzido por Mick Jones, Donn Landee, Eddie e Alex Van Halen, o álbum “5150” se tornou uma referência do hard rock e completa 30 anos com o vigor de quem parece não ter envelhecido, tendo em vista o alto astral de quase todas as suas faixas, a potência sonora de Hagar e a qualidade musical em todos os instrumentos. Um trintão em grande forma, que sempre será lembrado – e ouvido – com grande carinho pelos fãs da banda.

Para comemorar os 30 anos deste grande álbum, o Roque Reverso descolou vídeos no YouTube. Fique, entre filmagens ao vivo e clipes oficiais, com os de “Why Can’t This Be Love”, “Dreams”, “Love Walks In”, “5150” e “Summer Nights”.

*Rafael Franco é jornalista da Agência Estado e amante do bom e velho rock n’ roll