Se, na véspera do Metal Open Air, o cancelamento do show do Venom, por problemas de visto, já havia trazido uma grande decepção aos fãs brasileiros, no primeiro dia do festival de heavy metal, o estrago seria muito maior. Tudo porque, no dia 20 de abril, foi vista uma verdadeira enxurrada de notíciais de mais desistências de bandas internacionais e nacionais, todas alegando o descaso dos organizadores do evento, seja pela falta de pagamento de cachê ou até de passagens para a chegada a São Luís, no Maranhão, onde o festival acontece. Entre os grupos internacionais, o Rock N Roll All Stars e o Saxon se juntaram ao Venom. Entre os nacionais, o Ratos de Porão é, por enquanto, o maior nome do Brasil a anunciar seu cancelamento.
Ao lado da banda de João Gordo, nada menos que mais 8 grupos brasileiros também desistiram de participar do festival, que prometia ser o maior da história do heavy metal no País: Attomica, Headhunter DC, Stress, André Matos, Ânsia de Vômito, Obskure, Uneartlhy e Expose Your Hate. Eles se juntaram ao Hangar e ao Terra Prima, que foram as bandas daqui que na véspera também haviam alegado descaso dos organizadores.
Se não bastasse toda esta onda de cancelamentos, o primeiro dia do Metal Open Air também contou com uma série de reclamações do público com o caos instalado no Parque da Independência, onde o festival acontece nos dias 20, 21 e 22 de abril. Falta de informação para chegar ao local; falta de banheiros suficientes; camping armado em uma antiga área que era um estábulo; área de alimentação precária e ainda passando por reparos finais; e um atraso de mais de 4 horas para o início do evento estão na extensa lista de problemas enfrentados por quem se deslocou até o festival.
Segundo o relato de outros sites de rock que estão fazendo a cobertura do evento, até o Anthrax, um dos principais nomes do festival, foi vítima do descaso dos produtores. O grupo norte-americano de thrash metal chegou ao Aeroporto de Guarulhos às 11 horas e não encontrou ninguém da produção para recebê-los e providenciar a baldeação para outra aeronave em direção a São Luís. Por conta própria, os músicos e técnicos da banda conseguiram um voo para o Maranhão.
Na outra ponta, a Negri Concerts e a Lamparina Produções, responsáveis pelo Metal Open Air, limitaram-se a lamentar o ocorrido em entrevistas a alguns veículos de comunicação, como o UOL e o G1. No site, no Facebook ou no Twitter do festival, nada sobre os cancelamentos! Nenhuma informação para quem precisa ficar atualizado sobre o evento (E tem gente que ainda reclamava do Rock in Rio!).
Especificamente sobre o cancelamento do supergrupo Rock N Roll All Stars, os produtores divulgaram nota, dizendo que o grupo quebrou contrato com a organização do MOA. Segundo Natanael Júnior, da Lamparina, a dois dias do evento os organizadores foram informados que o ator Charlie Sheen não viria mais. Ele seria o apresentador e uma das atrações principais deste sábado, que teria o Rock N Roll All Stars como banda de fechamento. Pelo contrato, a produção local teria direito a substituir o artista ou reduzir o valor contratual, o que não aceito pelo supergrupo. De acordo com Natanael, o Rock N Roll All Stars ainda fez exigências que não estavam previstas em contrato, que envolviam quantidade de hospedagens, por exemplo.
Nas redes sociais da internet e nos fóruns de discussões de fãs de heavy metal, o sentimento é de vergonha e revolta com os organizadores do MOA. A revolta aumentou ainda mais depois que o Felipe Negri, da Negri Concerts, postou no Twitter, logo após o início do festival, a seguinte mensagem: “Para quem falou que não ia rolar, VÃO TODOS SE FODER!!!”
O Roque Reverso lamenta demais o que vem acontecendo no festival. Qualquer pessoa que gosta de heavy metal estava torcendo, E MUITO, pelo sucesso do Metal Open Air. O que ficou parecendo, entretanto, é que os organizadores sonharam com algo muito maior do que poderiam produzir; como se quisessem comprar uma Ferrari com um dinheiro para um Fusquinha.
É, sem dúvida, louvável a ideia de trazer várias bandas internacionais para o Brasil e incrementar o festival com vários grupos brasileiros. Mas não seria melhor um número menor de atrações na primeira edição? Sendo este o primeiro grande megaevento roqueiro do Nordeste em toda a história, não seria melhor ter pensado em algo nos moldes do saudoso e bem avaliado Monsters of Rock, que contou com 4 edições na cidade de São Paulo, na década de 90, todas elas em um único dia e com menos bandas?
Não estamos aqui para instalar uma Inquisição ou para jogar os produtores na fogueira. Mas a imagem do Brasil será fatalmente arranhada fora do País entre os grupos de rock pesado. Justamente numa época em que os shows estavam crescendo em níveis incríveis por aqui. Aguardamos, portanto, um posicionamento mais claro dos organizadores para uma conclusão final do que foi este Metal Open Air.
O festival, aos trancos e barrancos, começou na sexta-feira (20) e o Megadeth, banda principal do dia, conseguiu se apresentar. Resta agora saber como serão os dois últimos dias, justamente sem as bandas que fechariam: o Rock N Roll All Stars, no dia 21, e o Venom, no dia 22.
Para quem ainda vai ao MOA, existem informações ainda importantes no no site oficial do evento: www.metalopenair.com. Algumas dúvidas específicas sobre o festival, podem ser esclarecida também nesta área específica do site.
Realmente triste. Mas o que mais me espantou, depois da história toda, foi a falta de profissionalismo do organizador, que posta essa mensagem nada bonita no twitter oficial do evento. Uma volta relâmpago aos 15 anos? Amadorismo de todos os lados.
Bota triste nisso, Juliana.
E também não consigo entender que o cara pense que algum fã de heavy metal estaria torcendo para o fracasso do festival…Estávamos todos torcendo para que este fosse o primeiro de muitos!
Amadorismo puro da parte da organização. Não tem outro modo de avaliar, infelizmente. O problema é que tudo isso queima o filme de uma iniciativa promissora. Esperemos a poeira baixar pra ver o que rolou exatamente.