O Death Angel já havia feito um show brutal no dia 23 de outubro em São Paulo, fato que ficou marcado nas mentes dos poucos privilegiados que assistiram à apresentação no Clash Club, na Barra Funda. Não bastasse aquele momento histórico, a banda de thrash metal da Bay Area de São Francisco decidiu dar um novo presente aos fãs paulistanos, encerrando sua primeira passagem pelo Brasil com um show extra realizado no dia 1º de novembro, véspera de feriado, no Blackmore, pequeno bar da região de Moema e famoso por receber bandas covers das diversas vertentes do rock and roll pesado.

Com set list e duração de show maiores, o público de São Paulo que conseguiu ir ao evento saiu do bar sabendo que poucas vezes vai ter novamente a oportunidade de ver uma grande banda do estilo de forma tão próxima. Os anúncios diziam que o show estava marcad0 para as 22 horas, mas as apresentações só foram rolar depois da meia-noite. Enquanto a casa enchia aos poucos, o público assistia a alguns shows e clips nos pequenos aparelhos de TVs do Blackmore.

A abertura do show do Death Angel ficou por conta dos meninos do Red Front, que ganharam a galera com o som bastante pesado e com uma boa dose de bom humor. Com uma pegada thrash e um vocal no estilo Pantera, a jovem banda brasileira conseguiu dar uma bela aquecida no público. Destaque maior para o momento de gozação com a banda colorida Restart, já que o Red Front trouxe um boneco com o rosto do vocalista emo feliz para ser malhado pela ensandecida galera da pista do Blackmore. Dá para imaginar o que aconteceu com o boneco, não é mesmo?

Depois do aquecimento, a galera ficou na espera pelo Death Angel, que subiu ao palco pouco antes da 1 hora da matina. Tal qual o show realizado no Clash Club, o evento do Blackmore teve como um dos motivos a divulgação do mais recente álbum da banda: “Relentless Retribution”.  Após a leve e melódica introdução, o grupo iniciou a apresentação com a música “Where They Lay”, que fecha o novo disco e que não havia sido tocada no show anterior, que foi aberto com “I Chose The Sky”.

Mais uma vez, os admiradores do bom e velho thrash metal da Bay Area foram presenteados com uma energia imensa da banda no palco. A diferença em relação ao show do Clash Club é que, em virtude do palco ser ainda menor que o da casa da Barra Funda, estava proibido o stage diving, que, se realizado, poderia danificar os equipamentos.

De fato, este jornalista teve o privilégio de assistir ao show no Blackmore colado ao palco e tudo era realmente muito apertado, com as pedaleiras colocadas entre as caixas de retorno. Não faltaram as tentativas para a invasão do palco, mas a maioria delas foi evitada, com exceção de um momento do show em que um fã pediu para subir e abraçar o vocalista Mark Osegueda.

A primeira música foi a única diferente da primeira parte do show, em relação à apresentação do Clash Club. Da segunda faixa, a clássica “Evil Priest” do primeiro álbum “The Ultra-Violence”, até a décima, “Thrown To The Wolves”, do quarto álbum “The Art of Dying”, o Death Angel foi fiel ao roteiro, com a mesma energia, mesmo com alguns probleminhas de som que foram observados em “Stop”, música do “Act III”, que foi tocada logo após o maior hit do grupo: “Seemingly Endless Time”.

Outra diferença em relação ao show do Clash Club foi a possibilidade de a banda sair do palco para dar um descansada rápida. Na Barra Funda, como haveria um outro evento após a apresentação do Death Angel, o grupo fez o show numa tacada só. Após o breve descanso, os músicos voltaram para aquilo que pode ser chamado de “longo bis”. E bota longo nisso, já que, a partir daquele momento, o público foi presenteado com algumas novidades em relação ao show anterior.

A primeira música da segunda parte do show foi a ótima “Lord Of Hate”, do álbum “Killing Season”. Depois dela, a banda trouxe nada menos que “Mistress of Pain”, do “The Ultra-Violence”, que deixou os fãs das antigas ainda mais empolgados. Após a execução da boa “Truce”, do novo álbum, o Death Angel tocou o hino do estilo “Thrashers”, que já havia levado o público do Clash Club ao delírio no show anterior e que provocou a mesma reação dos fãs no Blackmore.

Importante dizer o quanto a banda parece ter gostado desta primeira turnê pelo Brasil e especialmente de São Paulo. Quem vai aos shows de rock há algum tempo, sabe ver quando os grupos estão fazendo uma média com o público e quando há demonstrações de empolgação verdadeira. E foi isso que vimos nos dois shows na capital paulista: os músicos se sentindo em casa, como se tocassem no Brasil há anos.

Não por acaso, o incrivelmente simpático Mark Osegueda fez um breve discurso, dizendo como gostaram do Brasil e que São Paulo era o “lar” do Death Angel na América do Sul!!! O público veio abaixo com a declaração e, depois da música “I Chose The Sky”, do álbum novo, foi quase ao limite da adrenalina quando a banda tocou a introdução de “The Ultra-Violence” e a sensacional “Kill As One”.

Na sequência, o guitarrista Rob Cavestany também mostrou que estava bastante feliz por ter vindo ao Brasil. Lembrou que havia comemorado seu aniversário por aqui dias antes e ainda celebrou a vitória do San Francisco Giants na final do campeonato norte-americano de beisebol.

Outra novidade da noite foi o Death Angel tocar uma música de outra banda, no caso “She”, do Kiss, que foi a penúltima da noite. Para fechar a apresentação, a banda executou mais uma do novo álbum, “River Of Rapture”, e deixou mais uma vez os fãs com vontade de escutar ao vivo a música “Bored”.

Apesar deste detalhe, o sentimento no Blackmore era de ter visto, mais uma vez, um grande show de thrash metal com uma das bandas que foram fundamentais para moldar o estilo. Tudo isso sem pista vip, com um público pequeno e de uma maneira bem comum nos bares de São Francisco e Nova York, mas que é rara nas cidades da América do Sul.

Após o final do show, mais uma cena pouco comum por aqui: os músicos desceram para a pista e ficaram tirando fotos, dando autógrafos e conversando com os fãs. Mais tarde, na parte de cima do Blackmore, ainda atenderam várias pessoas, enquanto bebiam e conversavam.

Para este jornalista, a noite foi mais uma vez inesquecível. Além de comemorar o aniversário durante o show (quer maneira melhor?), conheceu novos amigos, reencontrou gente das antigas e ainda levou de brinde 2 palhetas, uma de Rob Cavestany, e outra do guitarrista Ted Aguilar, dadas em mãos (e não jogadas) no final da apresentação, já que eles lembraram deste humilde fã de thrash metal do show anterior no Clash Club.

Se fosse fazer um balanço dos dois shows em São Paulo, gostei mais do primeiro, já que foi a primeira vez da banda por aqui, o local era um pouco menos apertado que o Blackmore, o som estava um pouco melhor e o stage diving estava liberado, fazendo com que o público se transformasse em parte fundamental para a adrenalina da apresentação atingir níveis incríveis. O segundo show ganhou, entretanto, na duração e no set list maiores, além de marcar o encerramento da passagem do Death Angel, banda seminal do thrash metal, pelo Brasil. Resta torcer para o grupo não demorar para voltar para o País, já que, mesmo com o público pequeno dos shows, reforçou o fanatismo dos fãs e ganhou amigos. Tudo por conta da imensa simplicidade e humildade de Mark Osegueda & Cia. Estes elementos são cada vez mais raros hoje em dia, quando muitas bandas que nem conquistaram seu espaço na história, acreditam que representam o “supra-sumo” do rock and roll.

Para quem não foi ao Blackmore ou para quem fez parte daquela noite memorável, o Roque Reverso descolou alguns vídeos do show no YouTube. A iluminação do local não ajudou muito e a qualidade das filmagens não está lá essas coisas. Começamos com “Voracious Souls”. Depois, para fechar, a introdução de “The Ultra-Violence” e a execução de “Kill As One”, além de “She”, do Kiss.

Set list:

Intro/Where They Lay
Evil Priest
Buried Alive
Voracious Souls
Relentless Revolution
Claws In So Deep
Seemingly Endless Time
Stop
3rd Floor
This Hate
Thrown To The Wolves

Lord Of Hate
Mistress Of Pain
Truce
Thrashers
I Chose The Sky
The Ultra-Violence / Kill As One
She
River Of Rapture