“O SWU montou uma grande operação de logística para você ter toda a comodidade e aproveitar o festival sem se preocupar com a sua ida e a sua volta.” Esta frase, do próprio site oficial do festival, é uma verdadeira piada, diante do que aconteceu com o público presente no primeiro dia do evento na Arena Maeda, em Itu. Vergonha, falta de respeito e sacanagem são as melhores frases para ilustrar o que aconteceu na madrugada e na manhã de domingo, tanto no local dos shows como na rodoviária da cidade do interior paulista, totalmente despreparada para receber um festival deste porte.

Boa parte dos fãs que seguiram para o festival no sábado seguiu os vários conselhos dados pela organização e optou pela ida ao evento de ônibus, alguns deixando o carro nos bolsões em São Paulo, na Barra Funda ou no Anhembi; outros nos bolsões de Itu. Se, na ida, alguns tiveram que enfrentar alguns congestionamentos para chegarem à Arena Maeda, na volta, simplesmente os ônibus que faziam o transporte do local até a rodoviária da cidade desapareceram.

Este jornalista decidiu no sábado, de última hora, sair da Barra Funda para assistir especialmente ao show do Rage Against The Machine (em breve, teremos uma resenha no blog). Depois de conseguir ver uma parte do show dos norte-americanos e realizar o sonho de assistir à execução ao vivo da música “Killing In The Name”, ficou algumas horas na Arena para ver o que estava rolando nas animadas festas dos DJs e para tomar algumas brejas, apesar dos preços salgados e nada “sustentáveis” de R$ 6, por latinha.

Terminadas as festas, era a hora de tentar pegar um dos ônibus para voltar à rodoviária de Itu e posteriormente para São Paulo. Como já dissemos, os ônibus não apareciam, fazendo com que milhares de pessoas ficassem aguardando durante horas, sem informação alguma dos organizadores, na madrugada com temperatura na casa dos 12 graus.

Este jornalista teve a sorte de ter pego o primeiro ônibus que apareceu e seguiu para a rodoviária. Ao chegar no minúsculo local, viu o tamanho do problema: filas imensas para compras de passagem em um único guichê, com apenas dois atendentes da Viação Vale do Tietê. Para as pessoas que precisavam seguir para as cidades da região de Campinas, a situação era idêntica.

Para piorar o cenário, poucos ônibus disponíveis, falta de local para comer e banheiros da rodoviária fechados, o que foi uma verdadeiro tormento para algumas mulheres presentes, já que os homens não pensaram duas vezes para resolver a situação. Os pouquíssimos taxistas que apareceram no local também não ajudavam muito, já que cobravam de R$ 300 a R$ 400 por uma viagem até São Paulo!!! Resumindo, não havia o que fazer, a não ser ter muita, mas muita paciência mesmo.

Já passava das 7 horas da manhã e a rodoviária continuava lotada, com pessoas dormindo no chão e nenhuma estrutura para aquela quantidade de gente.

Este jornalista decidiu pegar um circular que se dirigia a Sorocaba e, de lá, assim que chegou, conseguiu um ônibus da Viação Cometa para a capital, com duração exata de 1h30 de viagem, menos tempo do que o ônibus da Viação Vale do Tietê havia levado para chegar a Itu no sábado. Ouviu relatos de amigos de que algumas pessoas só conseguiram chegar a SP, direto de Itu, perto do meio-dia.

Não estivemos presentes no segundo dia do festival e não sabemos se a palhaçada aconteceu novamente. Mas iremos no terceiro dia, por pura vontade de ver Pixies e Queens of The Stone Age. Se fosse recomendar para alguém sobre o show da segunda-feira, a melhor dica é ir de carro. Paga-se mais pelo estacionamento, mas, pelo menos você consegue se locomover na saída, sem depender da incompetência dos outros.

Já fui a vários shows e festivais de rock desde o final da década de 80. Nunca me esqueço do desrespeito que aconteceu com o público nos shows do Kiss e do Iron Maiden, em ocasiões diferentes, no Autódromo de Interlagos, já que tivemos grande risco de tragédia pelo número reduzido de saídas do local após o término das apresentações. Tenho, por outro lado, boas lembranças do Rock in Rio III, dos 4 Mosters of Rock e de megashows, como os dos Stones, do AC/DC e do Metallica. Na sexta-feira, já havia ido ao show do Rush (em breve, também teremos uma resenha) e tudo aconteceu de maneira organizada.

O que aconteceu no primeiro dia do SWU foi algo incrivelmente lamentável, passando a impressão tão recorrente neste País de que o que importa não é a tal sustentabilidade tão citada e pregada pela organização do evento, mas o dinheiro que se ganhou com o ingresso caro cobrado. E o público que se dane…