Hoje faz 40 anos de um dos momentos mais tristes não apenas para o rock, mas para toda a música. Exatamente no dia 10 de abril de 1970, Paul McCartney enviava um comunicado à imprensa dizendo que estava deixando os Beatles e que consequentemente a banda terminava.
Vale lembrar que apesar do anúncio, o último álbum da banda (Let it Be) , que havia sido gravado antes de “Abbey Road”, ainda seria lançado um mês depois. Mas foi a partir daquela declaração de Paul que os fãs do maior fenômeno musical de todos os tempos ficariam orfãos.
“Meu único plano agora é amadurecer”, disse Paul, encerrando o comunicado enviado à imprensa. “O sonho acabou”, diria John Lennon pouco tempo depois.
Não há necessidade alguma de escrever aqui a importância dos Beatles para o rock e para a música. Lançou tendências, revolucionou a música e ditou novos comportamentos. É um mito sem comparação e ainda hoje é possível encontrar influências da banda nos conjuntos mais novos.
Em homenagem à maior banda de todos os tempos, o Roque Reverso selecionou 3 vídeos no Youtube de 3 fases da banda. Começamos com “She Loves You” e toda a histeria da mulherada nos anos 60. Depois, vamos para “Revolution” num dos ricos momentos de criatividade da banda. Terminamos com “Don’t Let Me Down”, em vídeo clássico gravado no telhado dos estúdios da Apple, em Londres, em janeiro de 1969, quando a banda caminhava para seu fim.


Odeio aquela pergunta: “Qual é o seu beatle favorito?”
O melhor são eles todos juntos!
E discordo do título, o sonho nunca acabou! É só ouvir um disco e fechar os olhos…
Há um tempo trabalhei numa festa infantil e, quando tocaram Beatles, a criançada de 5 anos foi pra pista e pirou. Como explicar o efeito que Twist and Shout causa nas pessoas?
Tem razão, Ana! Basta ouvir e fechar os olhos.
Mas imagine se eles tivessem ficado juntos por mais algum tempo lançando novos álbuns.
Teríamos ainda mais músicas boas para ouvir!
Mas os caras são eternos!
A música deles nunca deixará de ser um sucesso.
Ainda mais nos dias de hoje com as coisas fraquinhas do jeito que estão…
Catarina, Catarina…
Entendo o seu ódio à pergunta “qual é o seu beatle favorito?” E concordo com você quando diz que o melhor são todos eles juntos. Tanto que todos já existiam com seus respectivos talentos e habilidades antes da banda e só foram o que foram com a formação daquele que seria o maior fenômeno do rock mundial. Isso se justifica; evidentemente que sim, mas quando se olha meramente pela perspectiva do todo. Mas não são as partes que compõem o todo? É evidentemente que sim, também. O que quero dizer é que este tipo de pergunta é legítima e não só no mundo da música. É legítima em todos os segmentos da sociedade, em especial naqueles que mexem com o sentimento e o imaginário das massas.
Só me permite abrir aqui um parentese bem rápido – para não fugir do tema central deste blog, que é o rock – só para facilitar o entendimento. Você como palmeirense, não bate com frequência na tecla de que o melhor jogador do Verdão é o Marcos? E deve ser mesmo, pelo menos do seu ponto de vista. Bom, fecho aqui o parentese para poder continuar discorrendo sobre o tema inicial. Imagino que o Flavio Leonel, pelo que já me conhece, já tenha captado o rumo que esta conversa deve tomar. By the way, concordo quando ele diz que se o grupo tivesse permanecido unido teríamos tido novos albuns e mais músicas boas para ouvir.
Para mim, especialmente, Paul McCartney foi e é o melhor beatle. Desde o começo. Em 1956, John Lennon fundou o grupo Quarry Men. Estava ele com seus 15 para 16 anos, idade com que começou a aprender a tocar violão. Sir Paul McCartney se apresentou para ele um ano depois, em 1957, quando começou a ensinar a Lennon, fora dos horários de aula, os acordes mais elaborados. É a primeira mostra de que Paul estava uns passos à frente. Sei que corro o risco de você e dos leitores deste blog me condenarem pela polarização da discussão sobre Lennon e McCartney ou McCartney e Lennon, tanto faz a ordem, neste caso. Mas é que a exposição maior deste dois é algo que só os deuses do rock poderão explicar. Não fui eu que o fiz.
Nem estou aqui minimizando as virtudes, arrojo e liderança de Lennon. Seria uma heresia da minha parte se cometesse aqui nesta tribuna de discussões musicais de altíssimo nível. Foram esses atributos da personalidade de Lennon que impingiu aos Beatles o caráter contestador que quebrou paradigmas e ditou novas tendências culturais, políticas e comportamentais para todo o mundo. Um garoto sem estas qualidades, certamente não reuniria diante de si pessoas dispostas a encarar um projeto musical quando ainda estava a aprender os acordes naturais que um principiante consegue tirar do braço de um violão. Lennon aprendeu a tocar violão e guitarra, mas sempre cuidou dentro dos Beatles de fazer a base. Dentro do grupo, os solos ou as guitarradas como gostam de falar os roqueiros da velha guarda, ficavam a cargo do talentosissímo George Harrison. Claro, Lennon, às vezes, se arriscava no piano e chegou a tocar gaita no começo dos Beatles.
Mas música, por definição, é melodia e harmonia. É arte e ciência de combinar os sons de modo agradável ao ouvido. Da música também faz parte a arte de compor. É matemática, tem que ter simetria. Ah, mas você pode me dizer, isso o Lennon também fazia. Fazia e bem, minha doce Catarina, mas a musicalidade que Sir McCartney transpirava e transpira, o deixava pelo menos um degrau acima de John. Só dois pequenos exemplos para expressar a natureza do que estou falando. Penny Lane e Yesterday, dois dos inúmeros sucessos dos Beatles foram totalmente compostos por Paul McCartney. A coautoria foi conferida a Lennon por um gesto de camaradagem do beatle “água com açúcar”, que, segundo muitos, o único gesto de rebeldia que cometeu na vida foi ser pego e preso por porte de maconha em 1980. Se não me engano, em 1976, algo parecido já havia acontecido com o multi instumentista, cantor e componsitor Sir Paul. McCartney é melhor por que é mais que um músico. É um musicista, um estudioso da música. Poucos sabem disso, mas este beatle é um maestro um grande maestro. No seu álbum Standing Stone, gravado no Abbey Road em 1997, McCartiney rege a London Symphony Orchestra na execução de composições suas idealizado sobre um longo poema que ele mesmo escreveu. O mesmo projeto foi executado pela Israel Orchestra.
No álbum Memory Almost Full, Sir McCartney faz a introdução da música Dance Tonight tocando banjo. Então acrescente mais um instrumento à lista que já conta com os conhecidos ontra-baixo, violão, guitarra, piano, bateria, acordeon, gaita. Há, em sua passagem pelo Brasil em 1982, o ex-beatle foi presentiado com um cavaquinho por um brasileiro cujo nome não me ocorre agora. Duas semanas depois de encerrar a turnê e voltar para a Inglaterra o roqueiro mais rico do mundo já estava tocando o instrumento brasileiro.
Como musista, Paul Mccartney é eclético e desprovido de preconceitos musicais, embora sempre primou pelo rock. Alguns, não por maldade, mas por, talvez não ter conhecimentos, alegam que McCartney é apenas um cantor de baladas. Estas pessoas precisariam ouvir o CD Run Devil Run, lançado em maio de 2007. É puro rock de primeira linha.
E o que falar do Álbum “Paul McCartney – Live at the Cavern Club” em que o astro reúne nada mais nada menos que David Gilmour e Ian Paice que resultou em um memorável projeto, classificado pelos roqueiros modernos de “porradeira total”?
Claro que temos que considerar que McCartney continua vivo e que dois dos ex-beatles: Harrison e Lennon já se econtram ao lado dos deuses do rock. Mas é inegável a trajetória de McCartney em relação às dos demais. Depois dos Beatles, ele fundou o grupo Wings,fez carreira solo, encampou vários projetos que patentearam a sua ecleticidade. Fez algumas incursões pelo mundo do Reggae, tocou com muitas feras da música mundial nos seus diveros estilos e gêneros.
No seu “Live on MTV Unplugged, McCartney toca algumas das canções que ele mais gosta. Passa pelo Rock dos anos 50, toca Beatles. Paul também tem obra extensa voltada para o público infantil além de contribuir, de vez em quando, com o mundo literário.
Finalizo por aqui reiterando minha opinião, Catarina e Flavio, que respeito o ódio à pergunta “qual o seu beatle favorito”, mas perguntas como essa é que nos dão oportunidade de divagarmos sobre alguns temas que nos rodeiam. Portanto, “my favorite beatles is Sr. Paul McCartney. E como dizem os finais das histórias infantis: “entrou por uma porta e saiu por outra, quem quiser que conte outra.”
Sensacional, Chico!
Isso não é um simples comentário! É uma aula! hehehe
Depois dessa, só tenho que reforçar meu pedido para você fazer um post específico sobre o Paul McCartney.
E fique sempre à vontade para participar das discussões aqui!
Grande abraço!!!
Nossa, Chico, que aula…
Eu não sei nada da história dos Beatles, só sei que amo as músicas, sei todas de cor… mas então, já que tem que escolher um, então tá… meu beatle favorito é o M-A-R-C-O-S.
Ufa! Finalmente!rs
Mas, Aninha! Marcos é ídolo nosso, dos palestrinos, quem sabe de muitos brasileiros pela sua conduta e tudo aquilo que a gente tá cansado de saber…
Os quatro de Liverpool são ídolos bem maiores de várias gerações em todo o mundo…
Bjs