A Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo anunciou na quarta-feira, 25 de abril, a programação da 14ª edição da Virada Cultural. Após o gigantesco fiasco de 2017, o evento de 2018 traz uma programação melhor, além de evitar a decentralização inacreditável promovida na edição anterior. Quanto ao rock, a Virada Cultural de 2018 também conta com boas atrações do estilo, também pouco bem tratado no ano passado.
A edição de 2018 da Virada começará a partir das 18 horas do sábado, dia 19 de maio. Ela seguirá até as 18 horas do domingo, dia 20 de maio.
Em novembro do ano passado, Jimi Hendrix comemoraria 70 anos e, como não podia deixar de ser, as homenagens surgiram por todos os lados. Hendrix revolucionou o modo de tocar guitarra, introduziu as distorções e microfonias, dando mais peso ao som e influenciando a maioria dos guitarristas que surgiram a partir daquela época. Mais do que normal, as homenagens a Hendrix se tornam verdadeiros tributos à guitarra. E, no Sesc Vila Mariana, não foi diferente, entre os dias 1º e 3 de fevereiro com o projeto Hendrix 70.
Representando três gerações de guitarristas brasileiros, o projeto reuniu Lanny Gordin, guitarrista que na época de 60 participou do movimento tropicalista e compôs arranjos e harmonias para álbuns de grande importância; Edgar Scandurra, músico que teve grande participação no cenário do rock brasileiro da década de 80 com o Ira!; Andreas Kisser, guitarrista da banda Sepultura, que participou de grandes projetos nacionais e internacionais; e Martin, que vem se destacando como guitarrista dos projetos de Pitty.
A cantora, por sinal, também esteve presente no espetáculo, ao lado de Hélio Flanders, vocalista do Vanguard. Eles deram voz a uma boa parte das canções.
As três noites de shows tiveram ingressos esgotados por uma plateia bem diversificada. Desde senhores com suas camisetas dos Beatles até pré-adolescentes atrás de um aceno da Pitty.
As apresentações tiveram pouca interferência de produção no palco, dando ar de um grande ensaio em estúdio, sem cenas marcadas nem atos ensaiados, uma verdadeira Jam session, onde a qualidade técnica dos músicos e os improvisos, que também marcavam as apresentações de Hendrix, eram ressaltados. Como o Rock deve ser…
Os grandes hits estavam lá, muito bem tocados, tanto pelos astros da noite como pela ótima banda de apoio, formada pelo baterista Loco Sosa, o baixista Du Moreira e o guitarrista Estevan Sinkovitz, que ainda interagiram com o público, ora ressaltando o quanto importante era para eles tocarem aquelas noites, ora “provocando” os músicos convidados.
O clima descontraído teve seu auge no final do terceiro dia, com todos os músicos no palco. Eles já haviam terminado o bis, as luzes já estavam acesas e todos já desarmavam seus instrumentos, quando Andreas puxou o riff de “Sunshine of Your Love”, música de Eric Clapton também interpretada por Hendrix. Imediatamente todos voltaram a seus postos e, em poucos segundos, o espetáculo foi retomado.
Uma faixa bônus, tão bem executada quanto todas as demais. Um final não tão irreverente quanto as apresentações do homenageado, mas com a espontaneidade que o rock deve ter.
Veja dois vídeos descolados do YouTube sobre o grande encontro. Para começar, fique com “Foxy Lady”. Depois assista ao vídeo de “Stone Free”.
*Rafael Arbex é jornalista e amante do bom e velho rock n’ roll