Mais uma vez os grandes shows de rock compensaram as trapalhadas da organização do SWU Festival. Se não fossem o profissionalismo, a técnica e a competência das bandas, a ira se instalaria entre os fãs no terceiro dia da edição de 2011. Nos 2 palcos principais, o público vibrou com a pesada e marcante apresentação do Down, teve o privilégio de ver um show cheio de efeitos sonoros clássicos do Sonic Youth, assistiu ao virtuosismo do Primus pela primeira vez no País, foi ao delírio com a perfeita apresentação do Megadeth, presenciou um show competente do Stone Temple Pilots, ficou encantado com os vocais dobrados grandiosos do Alice in Chains e viu o festival ser fechado com chave de ouro pelo grande Faith no More.
Se, em 2010, o primeiro dia do festival ficou marcado pelo absurdo descaso em Itu com o transporte coletivo dos usuários; em 2011, foi a vez da chuva, no último dia, transformar o espaço escolhido para o evento em Paulínia num show de lama, principalmente nos caríssimos estacionamentos oficiais, deixando clara a sensação de que ninguém previu que uma quantidade grande de água despencando do céu poderia trazer alguns transtornos aos usuários.
Ninguém aqui está exigindo um festival limpinho e cheiroso depois da insistente chuva que caiu sobre Paulínia. Na Europa, grandes festivais de rock do continente tradicionalmente contam com a lama entre seus ingredientes e isso não é motivo para afastar as pessoas…Mas um pouquinho de boa vontade dos organizadores do SWU evitaria dores de cabeça desnecessárias para quem pagou um ingresso de mais de R$ 2o0 para entrar no local do evento e de R$ 50 a R$ 100 para colocar o carro no estacionamento oficial.
O primeiro problema gerado pela chuva no festival foi visto nos banheiros. Para quem precisou usar alguns deles, especialmente os mais próximos dos palcos principais, havia um cenário que parecia muito mais um pântano em torno das cabines. No caso dos mais próximos à Praça de Alimentação, o cenário era menos preocupante, já que havia um piso formado por pedras que evitava o caos.
O segundo problema foi observado na pista dos palcos principais. Sim, é claro, que o piso asfaltado evitou o absurdo visto, por exemplo, no caótico show do Iron Maiden, em 2009, em Interlagos, onde se podia enfiar a perna na lama até as canelas em plena Pista Vip de R$ 500. Mas, nas laterais e no meio da pista, verdadeiros rios de lama foram observados, fazendo com que as pessoas tivessem que praticar uma caminhada com obstáculos para conseguir se locomover de um palco a outro.
O terceiro e mais incrível problema foi, como já adiantamos, o estacionamento oficial do SWU 2011, que teve a empresa Estapar como responsável. Quando chegamos ao local, por volta das 16h30, já havia sinais de que o terreno viraria um enorme pântano, se a chuva continuasse por um bom tempo. Nossa sorte foi conseguir um dos poucos locais gramados para deixar o carro, o que evitou o atolamento do mesmo, mas não o exercício de equilíbrio sobre a lama para simplesmente chegar ao veículo, num local, ás 4h30 da manhã sem uma iluminação adequada e sem um funcionário sequer para ajudar com informações ou com algum resgate dos carros em situação de risco.
Deu dó de ver gente com carros totalmente atolados, sem a perspectiva de um resgate. Muitos só conseguiram sair do estacionamento por volta das 11 da manhã, pagando R$ 50 para um trator retirar o veículo. Mais uma vez algumas perguntas: por que não colocaram as tradionais pedrinhas no estacionamento para evitar o caos? Asfaltá-lo não seria uma alternativa para a edição que deve ser confirmada para 2012?
Fora da lama, outra crítica ao SWU 2011 ficou por conta da distância entre os espaços. Tente acompanhar vários shows e ainda ter que passar por longas caminhadas para conhecer melhor o local do evento. Ou você fica caminhando e conhecendo as propostas de sustentabilidade ou você fica na pista para garantir um bom lugar. Em 2010, a Arena Maeda contou com um layout melhor e não se caminhava tanto para conhecer as atrações e propostas.
A segurança também deixou muito a desejar. Se, no primeiro dia do evento deste ano, a imprensa noticiou uma série de furtos e tentativas de arrastão do lado de fora, no terceiro, vimos pessoas reclamando de celulares e carteira roubadas. Não se via um policial sequer por perto e os seguranças eram muito mal preparados, para variar…
É claro que não podemos deixar de citar alguns progressos em relação a 201o. A Praça de Alimentação foi um grande exemplo. Se, em Itu, foi sinal de caos, em Paulínia foi um sucesso, com várias opções de comida que superou até o Rock in Rio, sem filas e com facilidade para a compra das fichas. O preço continuou infelizmente altíssimo. R$ 7 por uma cerveja e R$ 5 para tomar água ainda está longe do ideal.
Outros pontos positivos foram a qualidade do som e a montagem dos palcos principais, com os dois virados um para o outro, dirente da versão de 2010, quando os palcos ficavam lado a lado.
Nos próximos dias, enquanto o editor se recupera fisicamente dos shows, o blog trará as resenhas detalhadas das apresentações do terceiro dia do SWU 2011, com vídeos, fotos, set list e tudo que os leitores estão acostumados a ver neste espaço. Fica a torcida para que, em 2012, a organização do evento aprenda com os erros deste ano e traga um festival ainda melhor, sem os dramas gerados pela chuva.