“I Can’t Give Everything Away (2002-2016)” – Foto: Reprodução da capa

Por Marcelo Moreira, do blog Combate Rock

Um artista completo e inovador até na morte, transformando-a em obra de arte. Nenhuma definição parece caber por inteiro na descrição de David Bowie, o cantor inglês que simbolizou a diversidade na música pop como ninguém.

Muito se especula sobre o tamanho do baú de material inédito e raro do artista morto em 2016. Com a proximidade do décimo aniversário de sua morte, lançamento e relançamento programados e altamente esperados começam a ser anunciados, aumentando a ansiedade de admiradores e colecionadores.

Após um período de quase quatro anos, a série de caixas “Eras” de David Bowie retorna com um novo volume.

O produto com 13 CDs ou 18 LPs, “I Can’t Give Everything Away (2002-2016)”, retoma a história de “Brilliant Adventure” (1992-2001), de 2021, capturando os últimos anos de um artista que nunca parou de inovar.

O período abordado não é o principal em relação à carreira de Bowie, mas foi bastante prolífico, onde o cantor desfila seu vasto cabedal de influências, misturando jazz à música experimental, passando pelo pop, rock e vanguarda. “Eathstar”, seu último álbum, lançado um dia antes de sua morte, é um grande exemplo de jazz vanguardista deste século.

O conjunto contém novas prensagens de “Heathen” (2002); “Reality” (2003); “A Reality Tour” (gravado em 2003, lançado em 2010); “The Next Day” (2013); “The Next Day Extra” (2013); “Blackstar” (2016) e o EP “No Plan” (2017).

Todos, exceto os dois últimos, foram remasterizados para este conjunto. Inclui também o registro no Montreux Jazz Festival: 18 de julho de 2022 em 2 CDs e inclui um sexto e último volume de “Re:Call”, com 41 faixas em 3 CDs.

Ouvindo novamente o material contido na caixa, vemos um Bowie diferente no século XXI -mais erudito, reflexivo e sofisticado, mas menos exuberante.

Faltam hits, mas sobram conteúdos de todos os tipos.

A radiografia é definitiva: David Bowie continuou relevante, mas de outras maneiras.

Essa caixa é um belo de um testamento artístico.

Caixa de CDs resgata o trabalho de David Bowie do século XXI