“The Manticore Tapes”, do Motörhead – Foto: Reprodução da capa

Por Marcelo Moreira, do blog Combate Rock

Raiva, decepção, frustração e vontade de destruir tudo o que a aquela sociedade hipócrita, injusta e desigual significava. Tudo isso remete ao movimento punk, mas também simboliza um dos pilares do heavy metal – e que sobreviveu ao punk e ao tempo, ao contrário do movimento liderado por Sex Pistols e The Clash.

O Motörhead completa 50 anos de sua criação pelo baixista e vocalista Lemmy Kilmister com uma batelada de lançamentos resgatados dos arquivos da banda.

O material reforça como o Motörhead, no seu começo, foi a banda mais violenta e agressiva até então, mostrando aos punks como era importante ter peso no som e saber tocar um pouco melhor do que faziam na época.

O movimento punk foi importante, mas não erra quem considera que o Motörhead foi tão ou mais importante.

Na celebração do cinquentenário da banda, mais uma pérola chega ao mercado. O álbum “The Manticore Tapes” teve o lançamento no dia 27 de junho.

O álbum reúne 11 faixas inéditas da primeira sessão de estúdio da formação clássica da banda, gravadas em 1976 — e até agora nunca reveladas ao público.

Já está disponível o single e videoclipe de “Motörhead”, uma das primeiras canções tocadas pela banda e que havia sido registrada também pelo Hawkwind, a banda anterior de Lemmy.

Registrado no estúdio Manticore, do trio Emerson, Lake & Palmer, o material foi captado quando Lemmy, Fast Eddie Clarke e Phil “Philthy Animal” Taylor, a formação clássica, se reuniram oficialmente como banda pela primeira vez.

“É algo quase surreal — até inacreditável — pensar que meio século se passou desde aquele momento crucial de 1976”, diz o comunicado oficial da empresa que anunciou o lançamento. “Igualmente impressionante, especialmente para quem lembra de Lemmy batendo nas máquinas caça-níquel dos pubs londrinos ou como o astro do rock mais acessível de sua geração, foi a ascensão desse homem sempre humilde à imortalidade no panteão do rock.”

O material é tão bom e tão importante que suscita algumas dúvidas: por que ficou tanto tempo no esquecimento, guardado em baús?

E também revela que, apesar de não ter ainda obtido sucesso aos 30 anos de idade, Lemmy era bem relacionado em meados dos Anos 70 ao gravar no Manticore parte do material e registrar outra parte em outro lugar importante,

Algumas faixas foram registradas no estúdio móvel de Ronnie Lane, ex-integrante do Small Faces e The Faces.

A operação técnica ficou a cargo de Ron Faucus, que conseguiu capturar com precisão a potência bruta da jovem banda.

As gravações foram restauradas por Cameron Webb, colaborador frequente do grupo, e masterizadas por Andrew Alekel em Los Angeles.

“The Manticore Tapes” é, por enquanto, a melhor coisa a ser lançada nos 50 anos de fundação do Motörhead, mas os administradores do espólio da banda afirmam que ainda há coisa boa guardada a ser lançada no futuro, indicando que pode haver músicas inéditas nos arquivos.

Gravações raras dos primórdios do Motörhead são lançadas em CD