W.A.S.P., Destruction, Paradise Lost e Kerry King realizaram os shows de maior destaque do terceiro e último dia do Bangers Open Air 2025 em São Paulo no domingo, 4 de maio. Com apresentações marcantes e de alta qualidade, as quatro atrações corresponderam às apostas de quem imaginou que elas dominariam o derradeiro dia do festival realizado no Memorial da América Latina.

Para o Roque Reverso, com a inclusão do show do Municipal Waste no sábado, 3 de maio, o conjunto das cinco atrações citadas poderia formar o Top 5 do Bangers Open Air.

Somadas, as atrações conseguiram trazer aquele conjunto de qualidades que moldaram o heavy metal ao longo dos anos: agressividade (em níveis e formas diferentes), técnica musical, visual específico marcante e impacto com as respectivas performances ao vivo.

No domingo, além de W.A.S.P., Destruction, Paradise Lost e Kerry King, também geraram boa repercussão entre os fãs presentes no festival as apresentações do Blind Guardian, do Nile e do Avantasia.

Pelo lado brasileiro, o grande destaque do dia foi o Black Pantera. Grande nome da atualidade do rock nacional, a banda mineira levantou o público na abertura do palco Sun Stage e passou sua forte e necessária mensagem antirracista.

Ambiente de festa do heavy metal

Tal qual o cenário visto na sexta-feira e no sábado no Bangers Open Air, o ambiente no Memorial da América Latina foi dos melhores.

O que se viu durante o domingo e os demais dias foi um ambiente de verdadeira festa do heavy metal.

Com diversas tribos da vertente mais pesada do rock, tudo ocorreu na mais completa harmonia.






W.A.S.P. marca retorno ao Brasil com show apoteótico

De todas as atrações do Bangers Open Air, uma das que mais despertava curiosidade e expectativa era a do W.A.S.P.. Com seus shows sempre repletos de energia, a clássica banda norte-americana de heavy metal liderada por Blackie Lawless trouxe como ingrediente adicional a vinda do baterista brasileiro Aquiles Priester na formação.

A despeito de estar no grupo há quase uma década, era a primeira fez de Priester com o W.A.S.P. em solo nacional.

Para acrescentar em expectativa em um nível absurdo, havia a promessa de tocar o álbum de estreia do grupo, “W.A.S.P.”, de 1984, na íntegra.

E quando o grupo subiu ao palco com o clássico “I Wanna Be Somebody”, a certeza de que o disco seria executado em São Paulo veio à tona.

Mais do que isso, a forma apoteótica como a banda começou o show já deixou claro que a intenção era marcar aquela apresentação.

Tudo porque a bateria de Aquiles Priester estava absurdamente alta e como todo fã do bom e velho rock and roll ama.

Este jornalista, que frequenta shows desde a década de 1980, poucas vezes viu um som de bateria tão alto e claro, como se as batidas de Priester atravessassem os corpos dos fãs presentes.

Talvez, apenas em alguns shows do Rock in Rio, como os do Metallica, do Slipknot e do Motörhead em 2011, todos com bateristas marcantes no heavy metal e com equipamentos de última geração somados ao som excelente do festival carioca, quem escreve esse texto viu algo semelhante.

Após o primeiro impacto e com o jogo ganho, bastou o W.A.S.P. dar sequência ao disco. Circulando por todo o palco e com o apoio de ótimos músicos, Lawless parecia comandar um ritual de heavy metal para uma legião de súditos sedentos por cada nota musical.

Era possível ver vários headbangers das antigas e já com os cabelos brancos se emocionando com a apresentação de pouco mais de 1 hora.

“B.A.D.”, “School Daze”, “Sleeping (in the Fire)” e todas as faixas do disco de estreia do W.A.S.P. estiveram presentes no set list, que, ao término da execução do disco, ainda contou com alguns bônus, como “The Real Me” (cover do lendário The Who), “Wild Child” e “Blind in Texas”.

Antes do cover do The Who, Aquiles Priester fez um discurso emocionado, dizendo que aquele era o maior momento da vida dele por estar se apresentando para o público de seu país. Ainda incentivou os fãs a seguirem com os seus respectivos sonhos, como o dele, que era estar no local no qual chegou.

A apresentação do W.A.S.P. foi daquelas que valem o ingresso e que, para alguns, foi a melhor do festival. Rock and roll em estado puro com aprovação generalizada do público.






Destruction traz performance avassaladora

Mas ainda houve no Bangers Open Air mais shows capazes de fazer frente ao do W.A.S.P.. Um deles foi o do grupo alemão de thrash metal Destruction.

Presente diversas vezes em solo nacional e com um carinho especial com o público brasileiro, o Destruction entregou no palco Sun Stage uma apresentação de gala e avassaladora.

Com uma energia impactante, a banda seguiu caminho semelhante ao do W.A.S.P. e executou na íntegra seu álbum de estreia, “Infernal Overkill” de 1985.

Foi a primeira vez na história que esse disco foi tocado na íntegra ao vivo e os presenteados foram os brasileiros.

Algumas faixas, como “The Ritual” e “Black Death”, foram executadas depois de um longo tempo ao vivo. A primeira não era tocada ao vivo desde 2019 e a segunda desde 2018.

Entre elas, vieram verdadeiras aulas de thrash metal,como “Death Trap”, “Tormentor” e, claro, a sempre presente “Bestial Invasion”, que costuma tradicionalmente fechar os shows da banda.

Após a execução de “Infernal Overkill” na íntegra, o Destruction ainda trouxe mais músicas que prenderam a atenção do público até o fim e ainda gerou rodas e rodas de mosh pela pista.

“Curse the Gods”, “Total Desaster”, “Nailed to the Cross” (escolhida na hora pelos fãs numa disputa com “Thrash ‘Til Death”), “Mad Butcher”, “Destruction” foram as escolhidas para o bônus e o show foi finalizado nada menos do que com “Thrash ‘Til Death”, outro clássico da banda.

Ao final, a sensação era a de que uma “Jamanta Sonora” havia passado pelo Bangers Open Air. E o público saiu dali satisfeito com mais uma grande apresentação do Destruction.






Paradise Lost enfrenta sol forte com peso e metal denso

Se fosse possível apontar algum erro no terceiro dia do Bangers Open Air, este seria o de colocar o Paradise Lost para tocar no início da tarde com sol forte. Uma banda que tem como fama ser uma das precursoras do doom metal e que navega pelo gothic metal não costuma se encaixar com um sol no nível máximo.

Mas, quando o grupo tem talento, nem o calor e a luminosidade extrema conseguem prejudicar um show.

Com suas vestimentas pretas, os integrantes do grupo britânico entregaram uma apresentação da mais alta qualidade, com vários clássicos da carreira no set list curto de 1 hora.

Após abrir o show com “Enchantment”, o Paradise Lost trouxe algumas de suas melhores músicas para o Bangers Open Air, emocionando vários de seus fãs presentes.

“Eternal”, “One Second”, “The Enemy” e “As I Die” vieram numa sequência perfeita com um som alto e denso, como manda o figurino.

Elas prepararam terreno para o grande clássico da banda “The Last Time”, que foi tocada com maestria e seguida por “No Hope in Sight” e “Say Just Words”.

O saldo final foi mais um show de alta qualidade no festival que só não foi perfeito porque foi bastante curto. Mas, como a proposta do festival geralmente é essa pela falta de tempo para aglutinar todas as bandas, valeu muito a pena ter presenciado mais um show do Paradise Lost em solo nacional.





Kerry King faz estreia de carreira solo com banda competente

O Slayer é uma das maiores bandas da história do heavy metal e sua ausência após o fim oficial das atividades em 2019 ainda é sentida não apenas pelos fãs, mas por todo o meio do metal. A despeito dos shows esporádicos que o grupo vem fazendo em determinados festivais internacionais, é cada vez mais difícil imaginar a banda de volta ao Brasil.

Com sua carreira solo plena e a todo o vapor, o guitarrista do Slayer, Kerry King, veio para fazer a estreia neste novo formato e serviu como um bálsamo para os fãs da banda.

No Bangers Open Air, ele não apenas trouxe músicas do seu álbum de estreia recente, “From Hell I Rise”, de 2024, como, claro, clássicos do Slayer.

Na banda de apoio de Kerry King, figuras de peso do thrash metal, como o sempre ótimo vocalista Mark Osegueda, do Death Angel, e o baterista Paul Bostaph, do Slayer.

Boas faixas do bom álbum de estreia, como “Where I Reign”, “Rage”, “Residue”, “Two Fists”, “Idle Hands” e a faixa-título caíram nas graças do público, que abriu várias rodas de mosh tanto na Pista Vip como na Pista Comum.

Para completar doses de Slayer foram distribuídas e absorvidas como mais rodas de mosh e cabeças sendo batidas. O ápice, claro, veio com “Raining Blood”, que ainda veio seguida por nada menos que “Black Magic”.

Antes, o público já havia saboreado “Disciple”. E ainda teve cover do Iron Maiden com “Killers”.

Também com 1 hora apenas de show, ficou o gosto de “quero mais” para a apresentação intensa de Kerry King e sua banda. Mas também ficou a certeza de que, se ele vier em turnê própria ao Brasil, terá público suficiente para apoiá-lo nos shows.

Blind Guardian, Nile e Avantasia

Outras bandas que tocaram no terceiro e último dia do Bangers Open Air também geraram boa repercussão entre o público presente. Entre elas, estiveram o Blind Guardian, o Nile e o Avantasia.

A primeira trouxe seu power metal e os hits da carreira no Palco Hot Stage, enquanto a segunda veio com seu death metal para o Palco Sun Stage em horários muito próximos.

O Avantasia, por sua vez, fechou o festival com Tobias Sammet capitaneando a apresentação e emocionando os fãs.

Sensação de Quarta-feira de Cinzas após o festival

Após o encerramento do Bangers Open Air, uma inevitável sensação de “Quarta-feira de Cinzas metálica” tomou conta de boa parte dos fãs que estiveram no evento.

Para qualquer amante do heavy metal, o que se viu no Memorial da América Latina nos três dias do evento fatalmente será um dos grandes momentos de 2025, se não for o grande momento.

Em tempos nos quais o rock perde espaço para gêneros musicais mais populares, trazer um festival deste porte para o Brasil é não apenas corajoso, mas uma demonstração de amor ao heavy metal, correspondida plenamente pelo público.

Em 2026, o festival volta e a expectativa é de manutenção do alto nível na formação do line-up. O Heavy Metal agradece!

Vídeos para relembrar os destaques do terceiro dia do festival

Para relembrar o terceiro dia do Bangers Open Air, o Roque Reverso descolou vídeos no YouTube, a maioria deles filmados por este veículos jornalístico.

Fique abaixo com esses vídeos, que estão em ordem da escalação dos grupos no festival, e confira neste link o set list das apresentações mais importantes do Bangers Open Air.













W.A.S.P., Destruction, Paradise Lost e Kerry King são destaques do 3º e melhor dia do Bangers Open Air