Por Marcelo Moreira, do blog Combate Rock

A última fornada de grandes bandas de rock nacional, antes do advento do emo, nos anos 2000, reuniu quatro nomes que venderam bastante antes do colapso da indústria fonográfica: Raimundos, Skank, Jota Quest e Los Hermanos, esta a responsável pelo último hit roqueiro nas rádios, “Anna Julia”.

A mais pesada e contestadora delas, sem dúvida, é Raimundos, que surgiu em Brasília e chamou tanto a atenção do underground que logo assinou contrato com o selo Banguela, dos Titãs e do mago da produção Carlos Eduardo Miranda.

O disco de estreia dos Raimudos está completando 30 anos neste mês de abril de 2024.

“Raimundos”, o álbum, fez sucesso com sua sonoridade que uniu hardcore e ritmos nordestinos, mas com irreverência e qualidade.

Abusando da ironia e do sarcasmo, com letras sacanas, o quarteto perpetrou obras impagáveis do rock nacional, como “Puteiro em João Pessoa”, “Nêga Jurema”, “Selim” e “Palhas do Coqueiro”.

Raimundos conseguia recuperar aquela sacanagem que tinha desaparecido com a perda de fôlego do Ultraje à Rigor e com a repetição do repertório inédito do Camisa de Vênus.

Exalava jovialidade, frescor e vigor, com Digão encontrando um timbre inesquecível e único em sua guitarra, que exalava peso e melodias em doses bem equilibradas.

Há que diga que é o melhor disco de estreia de uma banda nacional de rock. Quem aposta nisso não está longe da verdade, mas o fato é que os Raimundos foram a última grande novidade do gênero. Era diferente, inovador e bastante criativo.

Curiosamente, em um fenômeno semelhante ao do Sepultura, uma separação da formação clássica afetou severamente a continuidade da carreira em alto estilo.

O vocalista Rodolfo Abrantes se converteu a uma seita evangélica e renegou o passado em 2000. Saiu do grupo e montou uma banda de rock gospel chamada Rodox antes de encarar uma carreira solo.

Digão assumiu os vocais do então trio, que voltaria a ser quarteto, mas nunca mais a banda reeditaria os dias de glória dos três primeiros álbuns.

Para comemorar os 30 anos do disco, fique com os clipes de “Puteiro em João Pessoa”, “Nêga Jurema”, “Palhas do Coqueiro”, “Rapante”. Se quiser ouvir o álbum na íntegra, siga para o último vídeo.

Os 30 anos da explosiva estreia dos Raimundos