Por Marcelo Moreira, do blog Combate Rock
Frequentador assíduo do Rock in Rio, o Red Hot Chili Peppers foi uma boa escolha para fechar o festival. Correto, profissional e dançante, não apresentou nada de novo, mas nem precisou. É outra das bandas que costumam subir ao palco com o jogo ganho.
Assim como as principais atrações do festival, o grupo foi escolhido por ter uma quantidade absurda de hits e clássicos, e assim foi a apresentação carioca, carismática e efervescente.
O grupo apresentou um entrosamento perfeito, mostrando que suas apresentações melhoram com o tempo. Teve até política no show, com a presença de “The Power of Equality”, canção contra a intolerância, tocada antes do combo final, não pareceu uma escolha aleatória.
A canção fechou a festa como a mensagem perfeita contra o preconceito. “Meu nome é paz, esta é a minha hora. Posso ganhar só um pouco de poder?”
O grupo conseguiu equilibrar bem canções antigas com os hits, como foi o caso de “Dark Necessities” e “The Gateway”, assim como “Can’t Stop”, Goodbye Angels” e “Give It Away”.
República, Sepultura e Capital Inicial
Os artistas de rock brasileiros que tocaram no domingo no Rock in Rio fizeram bonito em pelo menos três ocasiões, destacando-se em meio a um mar de atrações infindável, sendo que parte delas era de qualidade bastante questionável.
A banda paulista Republica chamou a atenção pelo show impecável no palco Sunset. Com seu heavy metal tradicional puxado para o hard rock, o grupo agradou o público que lotou as imediações do palco, e vibrou bastante quando a convidada especial, a violinista Iva Giracca, participou da balada “Tears Will Shine” e na pauleira “Broken”.
Mostrando bastante segurança, com um álbum que foi lançado há poucos dias, “Brutal & Beautiful”, o Republica foi um oásis de qualidade em um evento que espantou o som pesado para longe.
Sorte que mais uma vez tivemos um show de Sepultura, banda onipresente – só não rocou no Rock in Rio de 1985. Se por um lado é um absurdo o grupo estar em todas as edições do festival – será que não existem outras bandas no Brasil? -, por outro temos de agradecer por sua participação, já que o heavy metal em 2017 foi raridade.
Com a qualidade de sempre, o Sepultura se deu ao luxo de experimentar ao tocar músicas do mais recente álbum, “Machine Messiah”, além de convidar a Família Lima para a participação especial.
Os clássicos agitaram o público, como “Inner Self”, mas o Sepultura queria mesmo era dar ênfase ao novo álbum, e abriu com I Am the Enemy”, uma das mais poderosas faixas da obra. “Machine Messiah” e “Iceberg Dances” também agradaram bastante, embora poucos, de fato, soubessem do que se tratava.
Se a banda deu passo em falso com a esquisita parceria com Zé Ramalho na última edição, acertaram agora com a Família Lima, que casou bem o seu som puxado para o erudito, com violinos e cellos, com o peso do Sepultura. Uma grande apresentação.
Já o Capital Inicial fez um set bem conciso e enxuto, mas com muita energia. Provavelmente foi o melhor show da banda em todas as edições do festival.
Esbanjando vitalidade, Dinho Ouro Preto, o vocalista cantou bem e mostrou que é, atualmente, um homem de frente dos mais capazes no rock nacional.
Ele não poderia deixar de passar suas mensagens de cunho político, mas desta vez foi menos incisivo e loquaz, limitando-se a algumas generalidades sobre corrupção, mas com uma pancada direta no presidente Michel Temer, a quem a música “Que País É Este?”, já gravada por Legião Urbana e Paralamas do Sucesso, foi dedicada.
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