Por Marcelo Moreira, do Blog Combate Rock
O racismo é uma das últimas cordas às quais se agarram os canalhas, os infames, os ignorantes e os incompetentes, demonstrando um nível elevadíssimo de canalhice e covardia.
Quando nos deparamos com a sordidez racista nos meios culturais e de entretenimento, ambientes que deviam estar livres há muito e muito desta doença, nenhum nível de indignação é suficiente para demonstrar o quão nojenta é tal atitude.
É por isso que a repercussão a respeito das declarações de Phil Anselmo no palco, em pleno festival Dimebash, nos Estados Unidos, foi imensa e ainda choca pela falta de inteligência e pela intolerância.
Anselmo, que é o líder do Down e foi o vocalista dafantástica banda Pantera, ainda é um nome muito importante da música, por mais que nos últimos anos venha erodindo sistematicamente sua reputação, inclusive com os mais variados repertórios de declarações polêmicas.
Ao final de uma apresentação no festival criado para homenagear o guitarrista Dimebag Darrell, ex-Pantera e assassinado no palco em 2004, Anselmo gritou “White Power!” e fez a famigerada saudação nazista com o braço esticado. O gesto e o grito foram gravados por fã, que postou a nojeira na internet. O estrago foi imenso.
Na segunda-feira, 1º de fevereiro, diante da repercussão negativa, e cinco dias depois do ocorrido, Anselmo usou as redes sociais para se desculpar e dizer que estava apenas brincando, já que estaria bêbado.
Não colou. O músico tem histórico de manifestar publicamente sua simpatia pela cultura white power, ou seja, de apoiar grupos que são assumidamente racistas e que veneram a ideologia nazista, pregando a supremacia branca nos Estados Unidos e no mundo.
Houve duas reações contundentes que destruíram Anselmo de forma inapelável. A primeira foi o editorial da revista inglesa Metal Hammer publicado no site da publicação.
“Por que a explosão de poder branco de Phil Anselmo não pode ser ignorada” é o título do texto que chuta muitas canelas e demole qualquer tentativa de justificativa de defesa do cantor e de quem pensa como ele. E vai além ao nocautear aqueles que pregam a indiferença – que usam de forma abjeta a frase “quem se importa?”
A segunda pancada surgiu por meio de um vídeo ainda mais contundente publicado na internet. Robb Flynn, vocalista do Machine Head e que também participou do Dimebash 2016, reduziu Phil Anselmo a nada sem precisar singar ou desqualificar. Deu uma aula de civilidade, de história e de cidadania em dez minutos de argumentos sólidos e precisos.