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Com a faca nos dentes, Sepultura comemorou 30 anos em SP e fez um dos melhores shows da carreira

Sepultura no Audio Club - Foto: Divulgação Facebook/Dedé MoreiraO Sepultura fez uma apresentação histórica no sábado, dia 20 de junho, em São Paulo. Num Audio Club abarrotado de fãs fieis que poucas bandas possuem, o grupo brasileiro de thrash metal tocou com a faca nos dentes, com uma dedicação extrema e presenteou a plateia com uma de suas maiores exibições em toda a carreira.

O show comemorou os 30 anos da banda, completados em 2014.

Com um repertório extenso e que contou com músicas da maioria dos álbuns de sua história, o Sepultura transformou a casa localizada na zona oeste paulistana num autêntico local de devoção e festa.

A noite era bastante fria na cidade, mas no interior do Audio Club a temperatura era bastante alta, em sintonia com a vibração da plateia. Como fator adicional para transformar a apresentação em algo marcante, o Sepultura informou que o show seria gravado em vídeo.

Outro detalhe bem interessante do evento foi que o grupo fez uma promoção na qual menores de 14 anos, acompanhados de pais ou responsáveis, pagavam apenas R$ 5,00 pelo ingresso, numa iniciativa bem bacana de formar novos fãs. Não por acaso, várias crianças estiveram na casa de shows e, sem a menor dúvida, vão se lembrar eternamente do que viram.

O show

A apresentação começou com músicas de álbuns recentes do Sepultura. “The Vatican”, do disco “The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart”, de 2013, e “Kairos”, faixa-título do álbum de 2011.

Logo de cara, deu para perceber que a noite prometia, já que Andreas Kisser comandava a banda com uma guitarra nervosa e com um som poderoso; Derrick Green, agora careca, mostrava que está em um grande momento da carreira; Paulo Júnior dava o suporte no baixo da maneira exata que o grupo precisava; e, Eloy Casagrande, o mais novo de todos, esbanjava competência na bateria.

“Propaganda”, do clássico disco “Chaos A. D.”, foi a primeira da fase antiga do grupo, quando o Sepultura ainda contava com os fundadores e fundamentais Max e Igor Cavalera. A ausência dos irmãos, por sinal, vive sendo motivo de discórdia entre as correntes de fãs do grupo.

Este jornalista, que acompanhou shows da banda desde o fim da década de 80 não pode negar que o grupo viveu sua época de ouro com a formação clássica, que contava além dos irmãos Cavalera, com Andreas Kisser e Paulo Júnior. Aquele foi um momento espetacular do Sepultura, que chegou a praticamente peitar, na época dos discos “Arise”, “Chaos A.D.” e “Roots”, medalhões do estilo, como o Metallica e o Slayer.

Atualmente, depois de todas inevitáveis dificuldades geradas pelas saídas importantes dos dois irmãos, o Sepultura se mantém forte e resistente. Numa época bastante desfavorável ao rock quando o assunto é exposição e na qual os grupos veteranos continuam dando as cartas, a banda brasileira, no mínimo, está entre as 10 maiores do thrash metal de todo o mundo e continua com a sonoridade que a torna única em relação às demais.

Quem estava no Audio Club queria celebrar com o Sepultura os 30 anos de existência do grupo que é orgulho nacional. Justamente por isso, a devoção dos fãs em relação à banda foi comovente do início ao fim.

Sepultura no Audio Club - Foto: Divulgação Facebook/Fernando PiresSepultura no Audio Club - Foto: Divulgação Facebook/Fernando PiresSepultura no Audio Club - Foto: Divulgação Facebook/Fernando PiresSepultura no Audio Club - Foto: Divulgação Facebook/Fernando PiresSepultura no Audio Club - Foto: Divulgação Facebook/Fernando PiresSepultura no Audio Club - Foto: Divulgação Sepultura Facebook/Fernando Pires

Os admiradores da fase mais antiga do grupo foram presenteados logo na quarta música, com a sempre ótima “Inner Self”, do clássico álbum “Beneath the Remains”. Com a execução do petardo sonoro, o bate-cabeça rolou solto e as rodas de mosh se espalharam.

Interessante destacar que o Sepultura montou no Audio Club uma passarela que saía do palco e ia para perto da metade da pista. Foi uma bela sacada que fez o público ficar mais próximo de Andreas Kisser e Derrick Green, que várias vezes caminharam por lá.

Tal qual o palco, a passarela foi usada para os fãs darem stage diving. O problema é que, nos diversos shows de metal e hardcore, tem sempre uma galera que, em vez de subir e pular rápido, inventa de ficar desfilando, atrapalhando até a performance das bandas. No show do Sepultura, não foi diferente e chegou a um momento em que a passarela ficou repleta de manés se exibindo e pulando, como se fossem eles as atrações da noite.

Este procedimento irritou Andreas Kisser, que pediu numa boa, com aplausos do público, que tais fãs pulassem rápido e não ficassem atrapalhando o show e a própria filmagem que estava acontecendo durante a performance. Depois disso, raras foram as vezes de gente subindo no palco e na passarela.

O show prosseguiu com o arsenal de categoria que o Sepultura construiu nesses mais de 30 anos. “Breed Apart” foi a primeira do “Roots”. “Manipulation of Tragedy” foi a segunda e última do “The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart”.

Na sequência, o grande clássico “Dead Embryonic Cells” foi a primeira faixa do “Arise”. Chamou a atenção do povo da pista que estava do lado direito do palco a participação de um pai “meio maluco” na companhia de um menino aparentando uns 8 anos. Com coragem acima do normal, ele chegou a entrar nas rodas de mosh e a pular na muvuca com o garoto nos ombros! Para a criança, era visível que aquele momento era de plena curtição e, com certeza, estava sendo ratificada a formação de um futuro headbanger.

Boa faixa representante da época na qual Derrick Green entrou no Sepultura, “Choke”, do disco “Against”, trouxe a banda bem entrosada e com um peso impressionante. De um lado, os backing vocals de Andreas Kisser e Paulo Júnior ajudavam a levantar o público. De outro, as batidas implacáveis de Eloy Casagrande na bateria deixavam muitos da plateia praticamente hipnotizados.

Outra surpresa ótima da noite foi “Convicted in Life”, do disco “Dante XXI”. Nesta faixa, a velocidade de Casagrande aumentou e o baterista parecida uma verdadeira máquina trituradora. Na pista, o mosh rolava solto.

Em “Attitude”, do “Roots”, a agitação diminuiu um pouco, mas a plateia cantou a música do início ao fim. A tradicionalíssima “Troops of Doom”, do primeiro álbum “Morbid Visions”, tratou de trazer a muvuca de volta e a proliferação das rodas de mosh.

“Sepulnation” foi a representante do disco “Nation” e “From the Past Comes the Storms”, do “Schizophrenia”, fazendo muito fã das antigas voltar no tempo.

Na sequência, o Sepultura mesclou faixas dos grandes álbuns “Arise” e “Chaos A.D.”. O turbilhão composto por “Territory”, “Polícia”, “Orgasmatron”, “Biotech Is Godzilla”, “Arise” e “Refuse/Resist” deixou o público sem tempo para respirar e todos pareciam tão crianças quanto à garotada presente no Audio Club.

Após a pausa para um breve descanso, o Sepultura voltou para um bis volumoso e pouco comum nos shows atuais das diversas bandas de heavy metal que vêm passando pelo País por causa da quantidade de músicas: nada menos que 7!

Sepultura no Audio Club - Foto: Divulgação Sepultura Facebook/Fernando PiresSepultura no Audio Club - Foto: Divulgação Sepultura Facebook/Fernando PiresSepultura no Audio Club - Foto: Divulgação Sepultura Facebook/Fernando PiresSepultura no Audio Club - Foto: Divulgação Sepultura Facebook/Fernando PiresSepultura no Audio Club - Foto: Divulgação Sepultura Facebook/Fernando PiresSepultura no Audio Club - Foto: Divulgação Sepultura Facebook/Fernando Pires

A primeira da lista foi simplesmente “Bestial Devastation”, faixa-título do primeiro EP do grupo e conhecida pra valer mais pelo público das antigas. “Apes of God”, foi a música que representou o bom disco “Roorback” e trouxe mais um entrosamento perfeito da banda. “Cut-Throat” e “Manifest” deram a sequência do bis e também foram bem recebidas.

Depois delas, o Sepultura tocou pela primeira vez ao vivo em São Paulo a faixa “Sepultura Under My Skin”, que foi feita para comemorar os 30 anos da banda. Foi o momento no qual boa parte do público mais contemplou do que agitou, como se quisesse observar como a faixa, que já havia sido divulgada pela banda no YouTube e em outros locais, ficaria fora do estúdio.

Já próximo ao fim da apresentação, o grupo executou “Ratamahatta”, que preparou o terreno para o grande momento com a derradeira “Roots Bloody Roots”. Quem já foi a um show do Sepultura sabe a catarse provocada por esta música. No Audio Club, não foi diferente e ela ganhou o apelo especial da gravação do vídeo.

Com o público tirando forças para cantá-la a plenos pulmões, o Sepultura encerrou a apresentação com chave de ouro. Quem estava presente na casa de shows, dificilmente vai esquecer aquela espetacular noite proporcionada pelo grupo brasileiro.

Ao final, os músicos foram para a passarela e tiraram uma foto com todo o público atrás. O garoto que marcou a apresentação por ser levado nos ombros pelo pai no meio da muvuca ainda subiu junto com a banda e chegou a participar de algumas fotos. Tudo isso depois de ter surfado nos braços da galera e, talvez, ganhar uma de seus maiores recordações para sua vida.

Na despedida, Andreas Kisser ainda deu um stage diving histórico. Com o empurra-empurra formado, este jornalista, que já tem mais de 20 shows do Sepultura no currículo chegou a tomar um tombo, já que pessoas que estavam em volta perderam o equilíbrio e simplesmente não havia lugar para se apoiar. Ficou por alguns segundos em cima dos degraus de uma pequena escada que dava acesso à borda da pista torcendo para que nenhum sujeito mais pesado caísse sobre ele. Por sorte, ninguém se machucou e as lembranças foram só as melhores.

O saldo final da noite é de um show memorável. Com uma raça incrível, o Sepultura provou, mais uma vez, que merece o respeito eterno dos fãs e que jamais vai perder o posto de maior banda brasileira da história. Que venham mais 30 anos de carreira para o bem do thrash metal!

Para celebrar o grande show do Sepultura no Audio Club, o Roque Reverso descolou vídeos no YouTube. Fique inicialmente com “Inner Self”. Depois fique com “Troops of Doom” e “Refuse/Resist”. Depois veja a banda executando “Refuse/Resist” e a nova “Sepultura Under My Skin”. Para fechar, fique com “Roots Bloody Roots”.

Set list

The Vatican
Kairos
Propaganda
Inner Self
Breed Apart
Manipulation of Tragedy
Dead Embryonic Cells
Choke
Convicted in Life
Attitude
Troops of Doom
Sepulnation
From the Past Comes the Storms
Territory
Polícia
Orgasmatron
Biotech Is Godzilla
Arise
Refuse/Resist

Bestial Devastation
Apes of God
Cut-Throat
Manifest
Sepultura Under My Skin
Ratamahatta
Roots Bloody Roots


1 Resposta to “Com a faca nos dentes, Sepultura comemorou 30 anos em SP e fez um dos melhores shows da carreira”


  1. 1 Jonas
    4 de agosto de 2015 às 15:20

    Show foi bom mas já vi apresentações melhores na época de Max e Igor


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