
Por Marcelo Moreira, do blog Combate Rock
As coincidências são cada vez menos críveis nestes tempos movidos a fake news e ditados por redes sociais. Dias depois de uma crise estúpida envolvendo a demissão do baterista, logo reintegrado, o grupo The Who finalmente anunciou a sua turnê de despedida, ao menos na América do Norte.
O anúncio foi realizado em uma entrevista coletiva dos dois membros remanescentes, o cantor Roger Daltrey e o guitarrista Pete Townshend, que convenientemente ignoraram a crise que envolveu a quase saída do baterista Zak Starkey.
Os dois já ensaiavam o fim definitivo da banda depois 63 anos na ativa e a novidade vem dias antes de Townshend completar 80 anos. Daltrey tem 81. Desta vez, por questões físicas, The Who terá de parar.
“The Song Is Over – North American Farewell Tour”, ocorrerá nos Estados Unidos e no Canadá entre agosto e setembro e, por enquanto, não será estendida para a Europa ou o resto do mundo.
Que finalmente cumpram a promessa e não mais enganem os fãs. É a terceira “turnê” de despedida: a primeira ocorreu em 1982, para retorno em 1989; a segunda, em 2015, uma turnê que passou pelo Brasil e que, na verdade, nunca termino.
Por mais que os músicos ainda estejam tocando bem, a idade pesa e Townshend admite isso. Resta saber se a polêmica da demissão de Zak Starkey fez parte do teatro para a chamar a atenção para a última turbe da banda.
Em abril, a banda surpreendeu ao soltar um comunicado dizendo que Starkey, de 60 anos e há 28 como músico de apoio, estava demitido sem maiores explicações. Logo a imprensa britânica especulou sobre reclamações no palco de Daltrey em uma apresentação em Londres em março.
O cantor reclamava de erros na bateria e que não ouvia direito o que estava sendo tocado. Depois do show, teria havido uma discussão entre os dois.
O baterista, filho de Ringo Starr, dos Beatles, logo postou nas redes sociais que era grato pelo tempo que passou om a banda e eu seguiria novos caminhos. Dias depois, começou a ironizar sua saída em posts enigmáticos.
Foi só depois de uma semana que Pete Townshend se manifestou e disse que tudo não passava de um mal-entendido e um erro de comunicação. Desmentia o comunicado da própria banda e afirmava que nada mudava, e que Starkey permanecia no Who, mesmo admitindo problemas na apresentação em Londres no mês de março. Em uma aparente disputa de poder, o guitarrista acabou com a farsa e colocou as coisas m seus lugares.
The Who está lista das cinco maiores bandas de todos os tempos – ao lado de Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin e Pink Floyd – e merecia ter um epílogo decente, e não sobressaltado por polêmicas inúteis e parco material inédito neste século.
Que o epitáfio seja grandioso e que os dois líderes consigam encerrar um dos maiores capítulos da música ocidental de forma extraordinária.
The Who anuncia, finalmente, sua turnê de despedida

