Se o roquenrow brasileiro sobreviveu à virada do milênio, quando era atacado em todas as frentes de mercado pelas implacáveis hordas do axé, do funk e do sertanejo universitário, o estilo deve muito a Cássia Eller, falecida precocemente há 15 anos, vítima de uma parada cardíaca.
Excepcional cantora, instrumentista habilidosa, musicalmente eclética e arranjadora versátil, Cássia Eller precisou de pouquíssimo tempo para consolidar-se como uma das maiores intérpretes da história da música brasileira.
Apenas 11 anos separaram o lançamento do primeiro disco, o roqueiro “Cássia Eller”, da morte da cantora. Em tese, já vivemos mais tempo sem ela do que com ela. Mas foram 11 anos inesquecíveis e dignos de memória, por mais redundante que isso possa parecer.
Simultâneo à criação da MTV, o primeiro LP emplacou uma versão linda da balada “Por Enquanto”, da Legião Urbana, na esteira de um videoclipe básico de voz e violão. E enquanto a baladinha de Renato Russo impulsionava as vendas, quem ouvia o disco impressionava-se com a voz e com os arranjos de um repertório que abraçava a Vanguarda Paulistana, relia ícones do rock nacional e trazia uma ousada versão reaggae para “Eleanor Rigby”, dos Beatles.