Viver a passagem da infância para a adolescência na década de 1980 no Brasil foi um privilégio para a juventude roqueira em diversos sentidos. Apenas para ficar em alguns exemplos, foi quando a ditadura civil-militar caiu, a censura foi para o espaço e o Brasil passou a receber grandes shows internacionais, tendo o Rock In Rio como a porta de entrada de uma avalanche roqueira a partir de 1985.
O roquenrow voltava a ser a música da moda (guardarei pra mim as opiniões sobre o visual da época) e o rock nacional atravessava um de seus mais intensos períodos de criatividade e exposição na mídia.
Para onde se olhasse havia uma banda de rock tentando decolar.
O sonho de quase todo moleque era ter uma guitarra. E a primeira coisa que esse aspirante a guitarrista ia aprender a tocar depois de “Smoke on the Water”, do Deep Purple, era “Polícia”, um dos singles do álbum que alçou os Titãs ao status de uma das mais importantes bandas de rock do Brasil em todos os tempos e que acaba de completar 30 anos neste mês de junho de 2016. “Polícia” integra “Cabeça Dinossauro”, terceiro trabalho de estúdio dos Titãs.
Produzido por Liminha, Pena Schmidt e Vitor Farias, “Cabeça Dinossauro” saiu em junho de 1986 pela WEA para entrar para a história do rock brasileiro. Em meio a um desfile de letras memoráveis e guitarras distorcidas, o disco fez barulho, inovou, abriu caminho para o rock pesado nacional e colocou em destaque o punk e o pós-punk, mas ainda sem abandonar o flerte com a new wave dos discos anteriores.