O The Cult passou por São Paulo e fez um grande show de rock no sábado, dia 14, no HSBC Brasil. Para quem achava que a banda britânica já se aproximava do final de carreira, foi novamente ratificada a velha máxima de que não importa a idade dos músicos, se ainda existe qualidade musical e, principalmente, desejo de continuar se apresentando aos fãs.

Com um set list repleto de clássicos, o grupo do vocalista Ian Astbury e do guitarrista Billy Duffy conseguiu fazer um show mais empolgante e de melhor qualidade do que o realizado em 2008 no Credicard Hall
e deixou o público até com aquele gosto
de “quero mais”…

Se, em 2008, o mau humor de Astbury foi claramente o grande motivo para a banda tocar sem aquele tesão necessário para levantar o público, em 2011, o vocalista estava menos mala do que o normal e o clima legal no HSBC parece ter ajudado o grupo. Como já era esperado, a casa estava cheia e o público era formado em sua maioria por fãs de longa data, muitos deles acompanhados por filhos adolescentes, que dão alguma esperança sobre o futuro do rock no Brasil, mesmo com a onda recente daquelas bandinhas emo/coloridas que nada acrescentam para a música.

O show começou com meia hora de atraso, talvez pelas longas filas que se formaram na entrada do HSBC pelo público que decidiu ir ao espetáculo em cima da hora ou que teve que suar para encontrar algum local para estacionar o carro. Além de Astbury e Duffy, o Cult não mudou em relação à apresentação anterior na capital paulista. Também estavam no palco o baixista Chris Wyse, o baterista John Tempesta e o guitarrista Mike Dimkich.

Quando a banda subiu ao palco para interpretar a música “Everyman and Woman Is A Star”, foi impossível não tomar um susto com o visual de Ian Astbury. Aquele que, na década de 80, era símbolo sexual da mulherada roqueira se transformou ironicamente em algo parecido com aquele típico veterano de guerra do Vietnã, com cabelo comprido e zoado, barba, lencinho na cabeça e óculos escuros. Para alguns, o vocalista lembrou o lendário Jim Morrison, do The Doors, na fase final da banda norte-americana. Nada surpreendente, já que Astbury sempre foi fã declarado do falecido Jim e do Doors.

Como clássico do rock é o que não falta ao The Cult, a banda emendou logo de cara um deles e ganhou o público com “Rain”. Depois de “Electric Ocean”, foi a vez da preferida deste jornalista, “Sweet Soul Sister”, que mais uma vez deixou o público empolgado.

Com a banda bastante entrosada e um show à parte de Billy Duffy e do baterista John Tempesta, o Cult mesclava músicas ligeiramente menos badaladas com hits empolgantes. “White”, “The Phoenix”, “Saints Are Down” e a ótima “Lil’ Devil” foram tocadas de maneira praticamente perfeita. Vale destacar que o som da casa também foi um ponto importante, já que rock é para se ouvir alto mesmo!

O ponto fraco foi o show não ter sido passado nos telões. Mesmo assim, o fato de a casa ser pequena em relação ao Via Funchal e ao Credicard Hall fez com que a maioria do público conseguisse ver bem a apresentação, mesmo com a repetição da introdução da famigerada pista Vip.

Os telões só passaram alguma coisa na metade do show, quando um filme curto e chato produzido por Astbury foi transmitido, enquanto a banda dava uma descansada. Na volta, foram executadas as músicas  “Embers”, “Spiritwalker”, “Dirty Little Rockstar” e “Rise”.

Os maiores clássicos estavam sendo esperados com ansiedade pelo público e a banda emendou uma trinca deles para delírio dos fãs. “Wild Flower”, “She Sells Sanctuary”  e “Love Removal Machine” foram tocadas com maestria e fizeram a galera vibrar, interagir com a banda e até surpreender os músicos, já que não foram poucos os momentos em que a união de vozes do público chegou a superar o som do microfone de Astbury. Antes de “Love Removal Machine”, o vocalista chegou até a ganhar de presente uma canção de “Parabéns a Você” da plateia, pois comemorou seu aniversário justamente no dia 14 de maio.

Se a trinca de hits já havia animado o público, o bis reservado pelo The Cult coroaria aquela bela noite de rock and roll no HSBC. Na volta ao palco, a banda tocou “Fire Woman” de maneira perfeita, fez a galera cantar junto e acompanhar a música com palmas, em mais um momento especial que só os grandes grupos conseguem proporcionar.

Para fechar a noite, uma grande e histórica surpresa em palcos brasileiros. Do nada, o baixo de Chris Wyse trouxe os acordes da mais do que clássica “Break On Through (to the Other Side)”, do The Doors e deixou muita gente boquiaberta, já que não é sempre que podemos ver um grande grupo tocando um hit histórico como aquele.

Era o que faltava para fazer aquele show já entrar para a lista dos melhores de 2011 em São Paulo, mesmo com a banda ousando deixar de fora da lista clássicos como “Revolution” e “Eddie (Ciao Baby)”, algo impensável para alguns fãs mais dedicados. Quem foi ao HSBC saiu com aquela sensação de “quero mais”, tamanha a qualidade da apresentação do Cult. Fica a torcida para eles não demorarem a voltar para São Paulo, onde eles sempre terão um bom público garantido, independente da fase boa ou ruim.

Para quem deseja relembrar o grande show ou para quem não teve a oportunidade de comparecer, o Roque Reverso descolou vídeos de ótima qualidade no YouTube com músicas do show. Para começar, “Sweet Soul Sister”. Depois fique com “Wild Flower”, “She Sells Sanctuary”, “Love Removal Machine”, “Fire Woman” e o momento histórico com “Break On Through (to the Other Side)”. O rock and roll agradece!!!!

Set list:

Everyman and Woman Is A Star
Rain
Electric Ocean
Sweet Soul Sister
White
The Phoenix
Saints Are Down
Lil’ Devil
Embers
Spiritwalker
Dirty Little Rockstar
Rise
Wild Flower
She Sells Sanctuary
Love Removal Machine

Fire Woman
Break On Through (to the Other Side)