Aconteceu praticamente de tudo no show que o Guns N´Roses realizou no Estádio do Palmeiras na madrugada do domingo. Liderada pelo mais do que polêmico Axl Rose, a banda conseguiu provocar insatisfação entre os fãs, com um dos maiores atrasos vistos em um show em São Paulo, deixando bem clara sua diferença em relação a bandas extremamente profissionais que passaram por aqui recentemente, como o AC/DC e o Metallica, que fizeram shows inesquecíveis para os paulistanos e muito superiores ao do Guns.

Mesmo com este detalhe importante do atraso, Axl e seus companheiros conseguiram divertir o público com hits históricos e com canções do álbum “Chinese Democracy”, lançado recentemente pela banda.

A Saga do Roque Reverso

No post anterior, este jornalista disse que tentaria conseguir nas bilheterias do Palestra Itália um ingresso em cima da hora para ver o show depois de uma viagem cansativa, o que garantiria a presença do Roque Reverso em mais um grande espetáculo. Depois de sair de casa faltando pouco menos de 1 hora para o início do show do Guns (marcado para as 21h30), passei por uma sucessão de obstáculos para entrar no Palestra, mas não desanimei e consegui atingir o objetivo da noite!

O primeiro obstáculo foi gerado pela minha preguiça, pois preferi ir de carro, apesar de morar a algumas quadras do Palestra, já que imaginei que voltaria mais cansado ainda do que já estava no final da apresentação. O fato é que fiquei quase meia hora parado na Avenida Pompéia para chegar ao estacionamento do Shopping Bourbon, já que o trânsito estava um caos.

Quando consegui entrar no estacionamento, mais uma surpresa: os caras estavam cobrando inacreditáveis R$ 120 para deixar o carro lá, coisa que não costuma acontecer em jogos do Palmeiras. Isso já me fez pensar imediatamente na hipótese de deixar o carro nas ruas próximas da Clélia ou da Coriolano, se conseguisse o ingresso.

Ao chegar às bilheterias do Palestra na Turiaçu, vi que simplesmente os guichês estavam todos fechados. Imaginei que ainda haveria a possibilidade de as bilheterias da Francisco Matarazzo estarem abertas e, quando me preparava para dar a volta no estádio, encontrei o colega de Agência Estado Gustavo Nicoletta, também em férias 🙂 . Ele já havia comprado seu ingresso e se dirigia à entrada para a Pista.

Disse a ele que tentaria comprar do outro lado e que ligaria para tentar encontrá-lo dentro do estádio. Cheguei aos guichês da Matarazzo e peguei uma fila até pequena para comprar os ingressos. Foi quando escutei os primeiros acordes e, para minha surpresa, eram ainda da banda do Sebastian Bach, simplesmente começando o show no horário que o Guns deveria entrar.

Comprei os ingressos, corri para o Bourbon, peguei o carro, estacionei numa parelela da Pompéia e corri de volta ao Palestra. Entrei e fui direto para pista comum, cuja entrada já no gramado estava incrivelmente repleta de gente, o que deixava o lado direito do palco um aperto só! Tomei a decisão de ir para o lado esquerdo (impressionante como as pessoas não tentam outras alternativas!), dando a volta no gramado. Resultado: o lado estava muitíssimo mais tranquilo, a ponto de eu quase chegar na grade de separação com a Pista Vip, num local com ótima visão do palco.

Ainda mandei um recado por SMS para o Gustavo, que estava numa muvuca perto da torre de som, e ele conseguiu ir para o local onde eu estava. Missão cumprida, era só esperar pelo Guns – nada menos que umas duas horas, já que ainda vi metade do show do Sebastian e, claro, os técnicos tiveram que fazer a transição de cenários e equipamentos.

O Show

Depois de uma longa espera, com a galera gritando e mandando o Axl para aquele lugar clássico dos xingamentos, o Guns finalmente apareceu e fez seu show, iniciando por volta das 0h30 (!!!) com a música “Chinese Democracy”. Confesso que não vi o Axl sendo atingido pelo copo d’água que alguns veículos citaram e até imaginei que a interrupção logo na primeira música fosse porque o som estava muito ruim, fazendo o Axl ficar “p” da vida, coisa já quase tradicional em todos estes anos de carreira do Guns. Mas este vídeo que o Roque Reverso descolou no Youtube mostra que um Zé Mané realmente jogou um copo no Axl, que chamou o cara pro pau e ameaçou ir embora.

Retomado o show, a banda tocou as clássicas “Welcome to the Jungle”, “It’s so Easy” e “Mr. Brownstone”, do álbum “Appetite for Destruction”. Isso levou o público para o delírio, mas o som ainda estava muito embolado e só foi melhorar quando a banda tocou mais uma do “Chinese Democracy”.

Mesmo com o som embolado, ficou claro que os músicos tocavam melhor as músicas novas do que as antigas. Apesar dos três guitarristas esforçados (Ron “Bumblefoot”, DJ Ashba e Richard Fortus), era impossível não ter saudades da dupla Slash e Izzy Stradlin, mas já sabíamos que isso iria acontecer. Enquanto isso, Axl tentava atingir os agudos do passado se esgoelando e usando claramente algum programa no estilo Pro-Tools nas partes mais difíceis, mas até que cantando melhor do que muitos esperavam. O baterista da banda, Frank Ferrer, para mim, foi o melhor do show, sem frescuras, tocando o básico e com bastante pegada.

A partir de “Live Let Die”, o som ficou bem melhor e conseguimos ver a banda bem até mesmo nas músicas do “Appetite”, como “Rocket Queen”. Para mim, as melhores performances do Guns na noite ficaram com “November Rain”, do “Use Your Illusion I”, e “You Could Me Mine”, do “Use Your Illusion II”. Importante destacar que, os guitarristas se revezavam nos solos, coisa que o grande Slash sempre fez sozinho e com maestria. “Sweet Child O’ Mine” foi o maior exemplo e, apesar de cantar muito e curtir esta música, foi muito estranho ver um dos maiores solos da história do rock and roll ser dividido entre duas guitarras, sem o seu verdadeiro criador. Achei Richard Fortus bem fraquinho, mas DJ Ashba mostrou que pode brilhar muito ainda na banda.

O Guns fechou o set normal com simplesmente minha música favorita, a ótima “Nightrain”. Foi a realização parcial de um sonho. Axl sempre sofreu para cantar esta e foi isso que aconteceu novamente, mas eu queria ver muito o Slash solando no final desta canção, para mim um dos melhores momentos já registrados no rock em um álbum.

Depois de mais de duas horas e meia de um show recheado de pirotecnia, a banda fechou o longo bis com a clássica “Paradise City”, com direito a uma chuva de papel vermelho picado, por todo o gramado do Palestra.

Para quem foi para se divertir e assistir a um show de rock and roll, sem esperar o maior espetáculo da terra e o Guns do auge, foi uma ótima escolha. Axl, apesar de mala, sempre será um dos maiores mitos do estilo e foi muito legal vê-lo melhor fisicamente e tentando se reerguer na carreira.

Ainda tenho esperança de ver o retorno dos membros originais ao Guns. Neste mundo de grana forte de hoje, não é impossível que isso aconteça, por mais que os caras ainda estejam brigados. Resta continuar torcendo.

Abaixo, algumas fotos oficiais do show e o set list. Missão cumprida: o Roque Reverso esteve em mais um grande evento do estilo em São Paulo. Fucking great!

Set list:

Chinese Democracy
Welcome To The Jungle
It’s So Easy
Mr. Brownstone
Sorry
Better
Richard Fortus Guitarra Solo
Live And Let Die
If the World
Rocket Queen
Dizzy Reed Solo Piano (com breve cover “Ziggy Stardust”)
Street Of Dreams
I.R.S.
DJ Ashba Solo Guitarra
Sweet Child O’ Mine
You Could Be Mine
Axl Rose Piano Solo (Com cover de “Another Brick In The Wall”)
November Rain
Bumblefoot Solo Guitarra (Com tema de “A Pantera Cor-de-rosa”)
Knockin’ On Heaven’s Door
Nightrain

Madagascar
Shackler’s Revenge
This I Love
Patience
Paradise City