Redação RЯ
Sepultura, Tool, Bush e Foster The People resolveram o problema dos fãs de rock que pouco ou quase nada viram do estilo nos três dias do Lollapalooza Brasil 2025. Justamente no terceiro e último dia do festival realizado no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, as bandas, cada uma ao seu estilo, conseguiram salvar a vida daqueles que gostam do bom e velho rock and roll.
As performances aconteceram no domingo, 30 de março, um dia depois de Alanis Morissette fazer o melhor show do evento.
Todas já com a marca de “veteranas”, as bandas aproveitaram as respectivas apresentações para trazer um repertório que ao mesmo tempo coubesse no tradicional tempo menor de shows para festivais e trouxesse um resumo da carreira.
Os públicos, por mais que fossem diferentes, conseguiram apreciar os shows e fazer valer aquele detalhe que só em um festival é possível presenciar: a troca de experiências em shows distintos capaz de fazer um fã conhecer sons novos e se interessar por atrações que até então não conhecia ou só tinha uma noção superficial.
Sepultura
Aproveitando sua turnê de despedida em seus pouco mais de 40 anos de carreira, o Sepultura tratou de condensar o longo período de existência em cerca de 1 hora de show, numa tarefa difícil para uma banda com tantos álbuns e com tantos sucessos dentro do thrash metal.
Clássicos do estilo, como “Refuse/Resist”, “Territory”, “Roots Bloody Roots” e “Arise”; sucessos mais recentes, como “Kairos”; além de canções que marcaram os primeiros anos de carreira, como “Escape to the Void”, estiveram presentes no set list.
Novidades também foram percebidas, como a volta da ótima música “Desperate Cry”, que não havia sido tocada ainda na turnê de despedida e que não era vista num set list do Sepultura desde 2019.
O grande destaque da noite foi o baterista da banda, Greyson Nekrutman, que mostrou grande versatilidade, rapidez e técnica, mesmo nas canções mais complexas.
Um momento importante do show foi a tradição da música “Kaiowas”, de trazer convidados para percussão. Desta vez, o palco contou desde integrantes do Tool, até o vocalista do Jane’s Addiction, Perry Farrel, que é o idealizador do Lollapalloza. Júnior Lima, apesar do eterno nariz torcido dos fãs por pertencer a uma ala da música não muito apreciada por fãs de metal, também participou. E não fez feio.
O resumo do show foi que o Sepultura trouxe uma apresentação digna e condizente com a proposta de turnê de despedida.
Tool
A primeira vez do Tool no Brasil veio cercada de curiosidades de representantes das mais diversas correntes do rock. Com tantos festivais de rock que já passaram por São Paulo, quis o destino (e a vontade dos produtores) que a estreia em solo nacional da banda norte-americana fosse no eclético e com pouco conteúdo de rock Lollapalloza Brasil.
Muitos fãs de décadas puderam realizar o sonho de ver a banda ao vivo e a cores. Mas quem estava longe do palco ou vendo pela TV não conseguiu ter essa experiência completa.
Tudo porque a banda pediu que a transmissão da TV não fizesse closes nos componentes do grupo, adotando apenas as tomadas gerais do palco. Nos telões, os tradicionais efeitos visuais da banda, tudo também sem que os membros fossem mostrados em close.
O fato é que prevaleceu o som (talvez, fosse esse a ideia real), mas muita gente não conseguiu ver seus ídolos. Por isso, a decisão chegou a ser criticada por uma parte dos fãs e por gente que queria simplesmente ver quem estava fazendo um som tão poderoso como o do Tool.
No repertório apresentado, também houve a tentativa de condensar a carreira num intervalo de tempo difícil para uma banda com músicas longas. Ainda assim, faixas marcantes, como “Pneuma”, “Parabola” e “The Grudge”, entre outros sucessos, estiveram presentes no set list. Na música, “Jambi” a terceira do show, a guitarrista brasileira Jéssica di Falchi (ex-Crypta) participou da execução.
Bush
Banda marcante nos Anos 1990, o Bush voltou ao Brasil depois de um longo tempo para trazer um show repleto de hits. Com seu rock mais voltado ao estilo grunge da época, a banda britânica agradou a maioria das pessoas que assistiram à apresentação.
“The Chemical Between Us”, Swallowed”, “Machinehead” e “Glycerine”, esta apenas com o vocalista Gavin Rossdale cantando sozinho no palco, estiveram no repertório. E fizeram a alegria de muito fã que nem imaginava ver a banda ao vivo mais.
O Bush é aquela típica banda que se encaixa bem em qualquer line-up de festival. O que surpreende é ter demorado tanto para ser escalado em tantos eventos que passaram pelo Brasil nos últimos 30 anos.
Foster the People
Muita gente pode até torcer o nariz para o som mais voltado ao indie pop e para música um pouco mais dançante realizado pela banda norte-americana Foster The People. Mas, para quem já havia visto desde a sexta-feira no Lollapalooza coisas como Olivia Rodrigo, Shawn Mendes, Jão e até Pabllo Vittar (nada contra a causa, mas tudo contra a qualidade vocal), assistir ao grupo de Los Angeles ao vivo chega a ser um alívio.
Claramente curtindo o momento de tocar para a multidão, o Foster The People trouxe seus hits para alegrar os fãs.
Destaque para a ótima “Coming of Age” e para os sucessos “Houdini” e “Pumped Up Kicks”, que fizeram o show valer a pena.
Com tantas críticas dos fãs do rock para a edição de 2025, essas quatro bandas conseguiram trazer um pouco do espírito do que já foi um dia o Lollapalooza Brasil.
Sim, todos sabem que o rock perdeu muito espaço para gêneros hoje mais populares na escalação de atrações. Mas nunca é ruim trazer de volta o verdadeiro estilo que consegue trazer o espírito do que é um grande festival.
Sepultura, Tool, Bush e Foster The People salvam o dia dos fãs de rock no fechamento do Lollapalooza Brasil 2025


