O que era praticamente inevitável aconteceu neste domingo, dia 22 de abril, em São Luís, no Maranhão. Após o segundo dia (21) do festival ter sido ainda mais caótico do que o primeiro (20), com a apenas quatro bandas (!!!) se apresentando, o Metal Open Air foi pateticamente cancelado oficialmente pela organização do evento, realizada pela Lamparina Produções e pela Negri Concerts. Com este final lamentável e vergonhoso, aquilo que estava sendo prometido como o maior festival de heavy metal no Brasil em todos os tempos acabou se transformando no maior mico da história do estilo e, talvez, de toda a história dos festivais já realizados no País.
Em nota distribuída à imprensa presente no Maranhão, a Lamparina Produções lamentou “profundamente” o cancelamento do terceiro dia do festival, que ainda traria, entre outros nomes, o Annihilator e o Obituary. Outras bandas que também tocariam no último dia, já haviam cancelado suas respectivas participações: o Venom, por problemas de visto na véspera do início do MOA, e o Saxon, na companhia de diversas outros grupos, na sexta-feira.
Se o primeiro dia do Metal Open Air já havia sido um festival de notícias negativas, com vários cancelamentos e informações de que o público estava sendo muito mal tratado, o segundo dia do evento foi ainda mais caótico, com mais bandas desistindo, como o grande Anthrax e o Blind Guardian; e um dos palcos principais sendo desmontado. O Roque Reverso, por meio do Twitter e do Facebook, tentou manter seus leitores informados sobre a maioria dos acontecimentos na medida do possível, já que as informações negativas pipocavam de minuto a minuto.
Os boatos de cancelamento do Metal Open Air já circulavam pela internet e pelos bastidores do festival no segundo dia, que quase não aconteceu. Tudo porque as notícias que chegavam a todos eram de que os organizadores não haviam pago as empresas responsáveis pelo som, iluminação e infraestrutura. Aos trancos e barrancos e com mais um atraso enorme, apenas quatro bandas tocaram no dia 21: o Ácido, o Dark Avenger, o Legion of the Damned e o Korzus.
Enquanto isso, na internet, pipocavam notas oficiais de desistência de vários outros grupos, como o Matanza e o Carro Bomba, que sequer saiu de São Paulo, alegando “falta de organização e desprezo” da produção do festival. Em contrapartida, nos sites, Twitter e Facebook do MOA, nada era abordado e nenhuma informação do caos instalado era divulgada para a imprensa que não conseguiu sequer uma credencial para o evento, como este Roque Reverso.
“Não tinha como continuar depois do clima de ontem”, disse Natanael Jr., dono da Lamparina Produções, neste domingo, em reportagem divulgada pelo portal UOL. Ele, por sinal, negou ter agredido o proprietário da Negri Concerts, Felipe Negri, que chegou a postar, e depois apagar, uma foto no Facebook com um galo na cabeça, em mais um momento vergonhoso do Metal Open Air.
Conforme reportagem do portal Terra, o Procon de São Luís já abriu um processo em parceria com o Ministério Público contra os organizadores do evento. “Ainda assim o Procon vai receber ações individuais, de pessoas que querem ser ressarcidas”, explicou Kléber José Moreira, gerente do órgão, ao portal noticioso.
O estrago causado pelo Metal Open Air é fenomenal. Inicialmente, claro, para os heróis que se dirigiram ao Maranhão, acreditando nos organizadores. Depois, para a própria São Luís, já que, mesmo com a cidade não tendo nada a ver com a falta de competência das empresas envolvidas, dificilmente grupos estrangeiros vão querer voltar para lá, tamanha a repercussão negativa que já se alastrou pela internet.
Outra imagem que foi arranhada é a do Heavy Metal, pelo menos na cabeça daqueles que sempre torceram o nariz para o estilo neste Brasil. Depois de anos de conquista gradativa do respeito e de enfrentar várias tentativas de ridicularização, o estilo musical foi notícia negativa até no Jornal Nacional da Rede Globo, aquela que inventou o termo “metaleiro” e que raramente fala de maneira positiva desta vertente do rock n’ roll.
Os culpados pela vergonha nós já conhecemos. Torcemos muito, portanto, para que a justiça seja feita e que as pessoas prejudicadas sejam tratadas com o respeito que não tiveram lá no Maranhão. Infelizmente, não é exagero dizer que o dia 22 de abril de 2012 pode ser considerado como o mais triste da história do Heavy Metal no Brasil!