A essa altura é quase impossível encontrar algo que não tenha sido dito sobre a mácula que Axl Rose causa a si mesmo, mas o Roque Reverso não pode se omitir. Axl e sua versão mal-ajambrada de Guns N’Roses encerraram a mais recente edição do Rock In Rio com uma apresentação patética e digna de pena.

Depois dos bons shows do Evanescence e do System of a Down, o público esperou pacientemente e sob um pé d’água a boa-vontade de um ex-vocalista à frente de uma trupe de miquinhos treinados para imitar, ainda que sem alma, os clássicos de uma grande banda de um passado que começa a se distanciar.

Num cover malfeito de si mesmo, repleto de lugares-comuns e referências distorcidas ao passado da banda, o Guns de Axl misturou as insípidas músicas de seu último álbum, Chinese Democracy, aos sons que serviram de trilha sonora a toda uma geração de roqueiros.

“Nossa, mas eles imitaram direitinho”, poderão dizer alguns. Só que rock não é imitação. Existem debates infindáveis sobre o que é rock. E rock é tudo o que não foi a apresentação do Guns de Axl. E aqui cabe um verso de Renato Russo: “Parece energia, mas é só distorção…”

As três guitarras não estão ali por uma necessidade musical para as novas músicas do Guns. As três guitarras estão ali porque os três micos de circo juntos não conseguem reproduzir o entrosamento entre música e alma que Slash tinha primeiro com Izzy Stradlin’ e depois com Gilby Clarke. Um reproduz a guitarra principal, o outro imita a base, um terceiro tenta dar a liga, sem sucesso, solos são quebrados.

O Guns de Axl é um apanhado de imitadores remunerados para reproduzir sons. E só. Não há brilho. Não há alma. “Puxa, mas os timbres são iguaizinhos”, repararão alguns. Sim, são iguaizinhos, e isto se deve ao refinado ouvido de Axl, que provavelmente passou meses ajustando potenciômetros até que seus miquinhos conseguissem imitar melhor os ex-integrantes da banda.

Aquilo que se viu no encerramento do Rock In Rio foi um grito desesperado de um artista decadente, vítima da própria vaidade e de sua prepotência.

Guns em SP - 2016

Num rompante autodestrutivo e masoquista, Axl Rose dilapida uma obra brilhante da qual fez parte como se implorasse a Slash, Izzy, Duff McKagan e demais ex-membros que o ajudem a sair dessa enrascada, que o ajudem a deter a queda e quem sabe um dia dar nova luz a essa história. Mas todos eles estão em outra onda – e muito bem, obrigado.

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Já Axl, em sua tentativa desenfreada de conquista de território dentro da banda, queimou todas as pontes e hoje jaz solitário em uma ilha de ilusões, na companhia apenas de seus obedientes e bizarros micos de circo.

O Roque Reverso descolou alguns vídeos no YouTube da apresentação da banda de Axl. Fique com um que mostra a introdução e as músicas “Chinese Democracy” e “Welcome to the Jungle”. Depois, veja o que fizeram com “Sweet Child o’ Mine” e “Paradise City”.

Set list

Chinese Democracy
Welcome to the Jungle
It’s so Easy
Mr. Brownstone
Sorry
Richard Fortus Solo
Live & Let Die
Rocket Queen
This I Love
DJ Ashba Solo
Sweet Child o’ Mine
Estranged
Better
Dizzy Reed Solo
Street of Dreams
You Could Be Mine
November Rain
Bumblefoot Solo
Knocking on Heaven’s Door
Nightrain
Patience
Paradise City