Depois de pouco mais de um ano de sua primeira passagem pelo Brasil, o Annihilator voltou ao mesmo local do show memorável de 2012 e novamente esbanjou competência. Em nova aula do mago da guitarra Jeff Waters, a banda canadense de thrash metal não chegou a lotar o Carioca Club no dia 2 de junho, mas empolgou os fãs presentes na casa paulistana.

Apesar de a apresentação de 2013 ter acontecido num domingo à noite, o público veio em número pouco diferente do verificado no ano passado, quando o grupo tocou numa terça-feira fria. A abertura ficou por conta da banda brasileira Torture Squad.

Com 20 anos de estrada, o grupo local fez um show bastante intenso, provando mais uma vez que está entre os melhores do death/thrash do País da geração seguinte à do Sepultura e do Korzus.

Após o bom show do Torture Squad, foi a vez do Annihilator subir ao palco. Com um local bem mais iluminado que o de 2o12, o grupo canadense entrou com uma pegada forte, trazendo na abertura as mesmas três músicas do set list do ano passado: “Ambush” , do seu mais recente álbum de inéditas, “Annihilator”, de 2010; “King of the Kill”, do disco homônimo lançado em 1994; e “Betrayed”, também do trabalho mais recente e que sempre empolga os fãs com um refrão forte e com um riff dos mais característicos do thrash.

Estrela principal e dono da banda, Jeff Waters parecia ligado nos 220 volts. Com sua tradicional guitarra Flying V na cor vermelha, ele tocava o instrumento como se fosse a coisa mais simples do mundo. O único detalhe negativo é que a guitarra dele estava com um som um pouco mais baixo que os dos demais instrumentos nas primeiras músicas.

Os fãs que estavam mais próximos do palco puderam ver, por sinal, que Waters falava constantemente com o roadie da banda para tentar resolver algum problema. Aos poucos, o som do instrumento foi ficando um pouco mais alto e o público pode ver melhor a aula do músico.

O show seguiu com a música “Ultra-Motion”, do álbum “Waking the Fury”, de 2002. Watters seguia com dedilhados rápidos e pleno domínio da guitarra e, no público, era possível ver a empolgação geral, seja por meio das rodas de mosh ou pela grande quantidade de pessoas batendo cabeça.

A apresentação ainda teve espaço para o Annihilator trazer uma música nova para os fãs. “No Way Out”, que deve estar presente no álbum novo que a banda lançará ainda este ano, agradou o público e não foi capaz de esfriar o show.

Na sequência, o grupo executou “Time Bomb”, do disco “Carnival Diablos” (2001), que não havia sido tocada no show de 2012. Depois, foi a vez da rápida “Clown Parade” do álbum “Metal”, de 2007 .

Sucesso nos programas de heavy metal da MTV, “Set the World on Fire”, do disco de mesmo nome lançado em 1993, foi recebida com grande euforia pelos fãs – alguns até foram para o palco e deram stage divings!! Não bastasse todo o impacto trazido por esta faixa e a aula de Jeff Waters, o músico trocou o instrumento por uma guitarra Flying V iluminada e deixou muita gente de boa aberta, como se o público estivesse hipnotizado.

O show seguia forte e ótimo. O grupo emendou “W.T.Y.D.”, do primeiro e excelente disco “Alice in Hell” (1989); a bela instrumental “Bliss”, do King of the Kill”; e “Phantasmagoria” do também obrigatório álbum “Never, Neverland”, de 1990.

É importante dizer que, para Jeff Waters brilhar, é importante uma banda que dê a ele o apoio necessário para isso. E este detalhe foi percebido mais uma vez no Carioca Club. Dave Padden não só manda bem nos vocais, como faz grandes duelos de guitarra com o mestre. O pequeno Al Campuzano dá um suporte competente no baixo e o novato Mike Harshaw estava muito bem na bateria, bem mais solto que em 2012, a ponto de emendar um solo na sequência de “Phantasmagoria”.

Com anos de estrada, repertório é algo que não faltará para o Annihilator. O grupo canadense tirou da cartola as músicas “21″, do “King fo the Kill”; “No Zone”, do “Set the World on Fire”; “I Am in Command”, do “Never, Neverland”; e “The Trend”, do mais recente álbum. Tal qual em 2012, esta última trouxe mais uma performance magnífica de Waters e já valeu o ingresso.

Mas tinha mais, já que o grupo emendou dois ultraclássicos para fechar a primeira parte do show: nada menos que a maravilhosa “The Fun Palace”, do “Never, Neverland” e a histórica “Alison Hell”, do primeiro disco “Alice in Hell”.

Com o público contente por presenciar uma grande apresentação, a banda deixou o palco para um breve descanso. Na volta, ainda atendeu aos pedidos e tocou “Stonewall”, do “Never, Neverland”, seguida de “Shallow Grave”, do álbum “Carnival Diablos”, que fechou o show.

Mais uma vez, Jeff Waters e seus companheiros mostraram que têm lugar entre os grandes nomes do thrash metal, apesar do reconhecimento bem menor do que o merecido por parte da crítica especializada. O guitarrista agradeceu bastante o público e prometeu voltar, para alegria dos fãs.

Para relembrar o show do Annihilator no Carioca Club, o Roque Reverso descolou vídeos no YouTube. Para começar, veja “Betrayed”. Depois, fique com “Set the World on Fire”, “Alison Hell” e “Stonewall”.

Set list

Ambush
King of the Kill
Betrayed
Ultra-Motion
No Way Out
Time Bomb
Clown Parade
Set the World on Fire
W.T.Y.D.
Bliss
Phantasmagoria
(Drum Solo)
21
No Zone
I Am in Command
The Trend
The Fun Palace
Alison Hell

Stonewall
Shallow Grave